Mais um artigo de Paulo Morais
O Bando de reformados governa o País !!
«O destino do país está na mão de aposentados. O presidente Cavaco Silva, a
primeira figura do Estado, é reformado. A segunda personalidade na
hierarquia protocolar, Assunção Esteves, é igualmente pensionista. Também
nos governos nacional e regionais há ministros que recebem pensão de reforma
como Miguel Relvas ou até Alberto João Jardim. No Parlamento, há dezenas de
deputados nesta situação. Mas... também muitas câmaras são presididas por
reformados, do Minho, ao Algarve, de Júlia Paula, em Caminha, a Macário
Correia, em Faro.
É imensa a lista de políticos no activo que têm direito a uma pensão.
Justificam este opulento rendimento com o facto de terem prestado serviço
público ao longo de doze anos ou, em alguns casos, apenas oito.
Esta explicação não convence, até porque uma parte significativa deste bando de
reformados não só não prestou qualquer relevante serviço à nação como ainda
utilizou os cargos públicos para criar uma rede clientelar em benefício
próprio.
Foi graças a esta teia que muitos enriqueceram e acederam a funções
para que nunca estiveram curricularmente habilitados. A manutenção até hoje
destes privilégios e prebendas é inaceitável, em particular nos tempos de
crise que atravessamos.
Sendo certo que a responsabilidade por este anacronismo não é de nenhum destes políticos e ex-políticos em particular -
também é verdade que todos têm uma culpa partilhada por não revogarem este
sistema absurdo que atribui tenças milionárias à classe que mais vem
destruindo o país.
Urge substituir este modelo pelo único sistema admissível
que é o de que os titulares de cargos públicos, quando os abandonam, sejam
indemnizados exactamente nos mesmos termos que qualquer outro trabalhador.
E que passem a reformar-se, como todos os restantes cidadãos, quando a carreira ou a idade o permita.
É claro que dirigentes habituados a acumular
reformas de luxo com bons salários jamais compreenderão os problemas dos que
têm de viver com salários de miséria; ou sequer entenderão as dificuldades
dos que sobrevivem apenas com pensões de valor ridículo. Não serão
certamente estes reformados de luxo que conseguirão proceder às reformas
estruturais de que Portugal tanto está a precisar.»
Paulo Morais, Professor Universitário
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