Wassily Kandinsky, Composição VI, 1913. |
Não se conhece, com exactidão, quem terá sido o autor da máxima, embora ela seja, com frequência, atribuída a Eleanor Roosevelt: «As grandes mentes discutem ideias; as mentes médias discutem acontecimentos; as mentes pequenas discutem pessoas.» (1) Por vezes, o termo minds é traduzido por inteligências, opção compreensível e, de certa maneira, subentendida.
Ora, assumindo que é de inteligências que estamos a falar – porventura fortalecidas com o equivalente nível moral –, há no mínimo duas manchas neste aforismo. A primeira reside na falta de esclarecimento no tocante ao conceito de inteligência aí implícito. Howard Gardner alertou-nos para a existência de inteligências múltiplas, sendo que a de carácter linguístico – aquela que parece, no axioma, ser tida em conta – não é, em princípio, especial entre as restantes.
A segunda falha prende-se com a adjectivação hierárquica utilizada. O mais correcto, a fim de prevenir vaidades e desenganos, talvez fosse diferenciar as inteligências – já devidamente enquadradas – recorrendo à noção de complexidade. Ainda que, em última instância, tal noção acabasse também por suscitar a perspectiva do superior e do inferior, o acto divisório seria cortês e diplomático.
De qualquer forma, a distinção apresentada para os três tipos de inteligências – ou para os três modos de a exercer, em função da abrangência conseguida e dos objectos de interesse e de alcance – é pedagogicamente atractiva e empiricamente detectável. Ilustremo-lo com um exemplo: sem descurarem possíveis assuntos relevantes abordados pelas outras (menos amplas), as grandes inteligências discutem a relação entre a vida e a política; as inteligências médias discutem factos da política relacionados com as suas vidas; as inteligências pequenas discutem a vida relacional dos políticos.
Sem comentários:
Enviar um comentário