domingo, 21 de julho de 2013

Entre os símbolos, temos @ !

Salvador Dali
The Picnic (1921)
O Piquenique (1921)



Durante a Idade Média os livros eram escritos pelos copistas, à mão.
Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam o seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo não faltava naquela época). O motivo era de ordem económica: tinta e papel eram valiosíssimos.


Assim, surgiu o til (~), para substituir o m ou n que nasalizava a vogal anterior. Se reparar bem, você verá que o til é um enezinho sobre a letra.


O nome espanhol Francisco, também grafado Phrancisco, foi abreviado para Phco e Pco ? o que explica, em Espanhol, o apelido Paco.

Ao citarem os santos, os copistas os identificavam por algum detalhe significativo de suas vidas. O nome de S. José, por exemplo, aparecia seguido de Jesus Christi Pater Putativus, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde, os copistas passaram a adoptar a abreviatura JHS PP, e depois simplesmente PP. A pronúncia dessas letras em sequência explica por que José, em Espanhol, tem o apelido de Pepe.


Já para substituir a palavra latina et (e), eles criaram um símbolo que resulta do entrelaçamento dessas duas letras: o &, popularmente conhecido como e comercial, em Português, e ampersand, em Inglês, junção de and (e, em Inglês), per se (por si, em Latim) e and.


E foi com esse mesmo recurso de entrelaçamento de letras que os copistas criaram o símbolo @, para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de casa de.


Foram-se os copistas, veio à imprensa - mas os símbolos @ e & continuaram firmes nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço. Por exemplo: o registo contabilistico 10@£3 significava 10 unidades ao preço de 3 libras cada uma. Nessa época, o símbolo @ significava, em Inglês, at (a ou em).


No século XIX, na Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar as práticas comerciais e contabilísticas dos Ingleses. E, como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses davam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo devia ser uma unidade de peso. Para isso contribuíram duas coincidências:


1 - a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo inicial lembra a forma do símbolo;


2 - os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Por isso, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registo de 10@£3 assim: dez arrobas custando 3 libras cada uma. Então, o símbolo @ passou a ser usado por eles para designar a arroba.


O termo arroba vem da palavra árabe ar-ruba, que significa a quarta parte: uma arroba ( 15 kg , em números redondos) correspondia a 1/4 de outra medida de origem árabe, o quintar, que originou o vocábulo português quintal, medida de peso que equivale a 58,75 kg .


As máquinas de escrever, que começaram a ser comercializadas na sua forma definitiva há dois séculos, mais precisamente em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar seus originais datilografados), trouxeram no teclado o símbolo @, mantido no do seu sucessor - o computador.


Então, em 1972, ao criar o programa de correio electrónico (e-mail), RoyTomlinson usou o símbolo @ (at), disponível no teclado dessa máquina, entre o nome do usuário e o nome do provedor. E foi assim queFulano@Provedor X ficou a significar Fulano no provedor X.


Na maioria dos idiomas, o símbolo @ recebeu o nome de alguma coisa parecida com a sua forma: em Italiano, chiocciola (caracol); em Sueco, snabel (tromba de elefante); em Holandês, apestaart (rabo de macaco). Em alguns, tem o nome de certo doce de forma circular: shtrudel, em iídisch;
strudel, em alemão; pretzel, em vários outros idiomas europeus. No nosso, manteve sua denominação original: arroba.

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