Wassily Kandinsky, Amarelo - Vermelho - Azul, 1925. |
Instalamo-nos num livro, num quadro, numa sinfonia. E aí, sem que o queiramos, fazemos com frequência do desarrumo a principal tarefa. O acaso – ou uma força inteligente e cumpridora – reúne o que dispersámos, trazendo-nos a indócil beleza ou um testemunho adequado à nossa entrega.O autêntico apreciador de arte, mesmo da que se diz abstracta, nunca prepara a boca para receber a vareja concreta. Reconhece os pontos da exaltação comum. E só se especializa na sua recatada melancolia. Desenha por meio dela um trilho onde se habitua a andar descalço. Mas a insatisfação que o segue é sempre mais assídua do que a plenitude fugaz de um instante revelador.
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