Um vómito - por Francisco Moita Flores
Obs. de JCR: é vergonhoso, vexatório, discriminador e imoral!. Só lembro que o verdadeiro César (Júlio) foi assassinado por alguns senadores!
O subsídio de César não foi para os funcionários pobres das ilhas. Foi para
aqueles que mais ganham.Carlos César, presidente do Governo Regional dos
Açores, tornou-se o ilustrativo exemplo de como a política, quando já se
julga que não pode descer mais baixo, ainda tem mais um degrau para descer
no mundo da amoralidade. Os subsídios aos funcionários atingidos pelos
cortes nos vencimentos, que segundo ele não ultrapassam três milhões de
euros, nem chegam a ser uma medida populista.
Atingem um núcleo restrito de técnicos superiores, chefes de divisão,
directores e subdirectores, nos quais se incluem naturalmente o contingente
dos seus mais leais serviçais políticos. Os 'boys' de César. Não tem a ver
com ultraperiferia nem com a atracção de novos quadros, como alguém
argumentou, pois não vai surgir desta decisão cesarista um movimento
migratório de quadros técnicos para os Açores. Tem apenas a ver com ambição
e perfil de quem nos governa. Tido como um dos eventuais substitutos de
Sócrates, o que daqui resulta é que quer atingir Sócrates. Não pela criação
de uma política nobre, mas à cotovelada.
O subsídio de César não foi para os funcionários pobres das ilhas. Foi para
aqueles que mais ganham, e ao mesmo tempo um valente pontapé no Governo
central do seu Partido. Em nome dos Açores? Não. Em nome da Autonomia? Não.
Em nome dos interesses estratégicos de César. Um general que não alimenta as
tropas corre o risco de deserções.
A sua decisão não foi apenas uma afronta ao Governo da República. É um
escárnio sobre os funcionários que nas mesmas condições, em zonas mais
pobres do que os Açores, estão comprometidos com o apertar do cinto
orçamental. É o desprezo absoluto pela política nacional por troca com os
prémios de jogo que decidiu pagar às suas clientelas regionais. Diz que este
ano a massa resulta de umas obra num campo de futebol que não se farão. E
para o ano? E para o ano seguinte? É claro que acabarão por pagar aqueles
que viram no resto do país os seus salários cortados. Não admira pois que
esta mediocridade moral nem consiga receber o apoio do seu Partido.
É levar demasiado longe o caciquismo. Aos limites do vómito. Porém,
regozija-se o Bloco de Esquerda, o símbolo maior do refilanço pré-juvenil
com e sem causas. E.... *Manuel Alegre! É doloroso ver um candidato a
Presidente da República preso a esta imundície moral por necessidade de
votos. *Dirão alguns que é coisa menor comparando com os muitos milhões do
BPN e de outros imbróglios afins. Seria verdade se o dinheiro fosse a medida
de todas as coisas. Mas não é. A maior das medidas é o sentido de Pátria,
assumida com elevada responsabilidade e rigor. E isto César não sabe o que
é.
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