"O mundo da realidade tem os seus limites. O mundo da imaginação não tem fronteiras." J.J. Rousseau ||| Faz mais ruído uma árvore que cai do que uma floresta a crescer.
domingo, 28 de julho de 2013
O actual vice-primeiro ministro, há pouco mais de 20 anos.... ao que se pode chegar!
Clicar:
Foi na RTP 2 à cerca de 22 anos, quando Paulo Portas era Director do "Independente".......
Paulo Portas tomou desde cedo decisões "irrevogáveis e assertivas" na sua vida, como é possível ouvir neste clássico do actual vice-primeiro-ministro, um somatório de tantas irrevogabilidades....
"Eu gosto imenso de política mas nunca farei política. Se há coisa definitiva na minha cabeça é essa!"
"Eu gosto imenso de política mas nunca farei política. Se há coisa definitiva na minha cabeça é essa!"
Novo aparelho para detetar marcadores de cancro deve estar pronto em 2018
Um novo dispositivo científico para diagnosticar precocemente os cancros da mama, do útero e colo-rectal, vai estar pronto em 2018, num projecto que está a ser desenvolvido por investigadores portugueses vencedores de uma bolsa de um milhão de euros, avança a agência Lusa.
A execução do dispositivo, denominado “3P’s”, prolonga-se até 2018, informou esta quarta-feira a investigadora científica e coordenadora do projecto, Goreti Sales.
“Temos até 2018 para conseguir pôr este dispositivo a funcionar para três cancros [mama, útero e colo-rectal], testado com amostras fisiológicas e tentando melhorar o seu desempenho da melhor forma possível”, explicou a investigadora, à margem da apresentação do novo laboratório científico instalado no Instituto Superior de Engenharia do Porto.
A investigação vai concentrar-se nos estudos de cinco biomarcadores para cada um dos três cancros mais prevalentes na sociedade, que são o cancro da mama, do útero e colo-rectal, acrescentou aquela especialista.
“O dispositivo, que está a ser construído desde Fevereiro deste ano, deverá ter uma forma semelhante ao de um teste de gravidez e será também através da urina que funcionará a detecção dos marcadores do cancro”.
Obedecendo a um novo conceito, vai reunir áreas de conhecimento que nunca foram encontradas em conjunto num só dispositivo, observou Goreti Sales.
“Vamos reunir os desenhos de anticorpos plásticos (biomateriais) com as células fotovoltaicas, num único dispositivo, e depois vamos melhorá-lo com os apetrechos que permitem melhorar a sensibilidade para depois ser aplicado em quantidades muito residuais de biomoléculas”.
“Esse novo conceito de dispositivo vai permitir (…) aplicá-lo aos biomarcadores do cancro”, que são biomoléculas que marcam a sua evolução, “e vamos tentar procurar biomarcadores à detecção precoce do cancro, para depois se conseguir fazer o diagnóstico precoce”, adiantou a investigadora.
Isto vai permitir fazer o diagnóstico de qualquer biomolécula, e vai poder ser aplicado na área da saúde, na área alimentar e em todas as doenças, garantiu Goreti Sales.
“Não vamos reservar o direito de conceder isto a alguém para que alguém possa ganhar muito dinheiro com isso”, assegurou a especialista, referindo que a investigação vai ser alvo de conhecimento universal.
“O conhecimento é para ser de toda a gente e, se algum empresário entender que tem alguma vantagem em desenvolver aquele dispositivo, pode pegar nele e utilizá-lo”, adiantou.
A equipa de investigadores portugueses (15) recebeu um milhão de euros do European Research Council, para aplicar durante cinco anos no desenvolvimento da nova ideia, para que possa ser concretizada e possa trazer um avanço à ciência.
Rute Alegria
Senior Account Executive
sábado, 27 de julho de 2013
Um ano novo de esperança para os animais
OPINIÃO
Um ano novo de esperança para os animais
PETER SINGER
11/02/2013 - 17:45
É frequentemente dito que o progresso moral de uma sociedade pode ser julgado pelo modo como esta trata os seus membros mais fracos. Como indivíduos, os chimpanzés são mais fortes que os seres humanos, mas como espécie, podemos mantê-los, e mantemo-los, em cativeiro, e essencialmente impotentes, em jardins zoológicos e em laboratórios. Igualmente subjugados ao poder dos humanos estão os animais que criamos para alimentação, onde se incluem as porcas prenhes, confinadas durante todo o tempo de gestação – quatro meses por gravidez, duas gravidezes por ano – em compartimentos tão apertados que impedem até uma simples mudança de posição.
Neste sentido, o ano de 2013 começou bem na Europa e nos Estados Unidos. No dia 1 de Janeiro, entrou em vigor uma directiva da União Europeia banindo o uso de compartimentos individuais para porcas prenhes, da quarta semana de gravidez até à última semana de gestação. Milhões de porcas prenhes possuem agora não apenas a liberdade elementar de se poderem mover, mas também de caminhar. Nem poderão ser mantidas sobre cimento desprotegido, sem palha ou qualquer outro material que satisfaça o seu instinto natural de foçar. No fim de Janeiro, 20 dos 27 Estados-membros da UE estavam pelo menos 90% conformes com a directiva e a Comissão Europeia preparava-se para tomar medidas que assegurassem o seu total cumprimento.
Entretanto, na América, campanhas activas da Humane Society dos EUA fizeram com que cerca de 50 dos maiores compradores de carne de porco anunciassem que irão diminuir a compra de carne a fornecedores que utilizem compartimentos individuais para porcas prenhes. (Alguns, incluindo a Chipotle e a Whole Foods, já o fizeram.)
Ainda assim, a Europa está muito à frente dos EUA quanto ao bem-estar dos animais em explorações pecuárias. O banimento na Europa dos compartimentos individuais para as porcas prenhes representa uma continuação do progresso feito para melhorar as formas mais extremas de confinamento animal.
Os estábulos individuais para vitelos de abate foram os primeiros a ser extintos, em 2007. No ano passado, foram banidas as gaiolas para galinhas poedeiras, garantindo melhores condições para centenas de milhões de galinhas (embora ainda possam ser mantidas em compartimentos que restringem grandemente os seus movimentos).
Os novos padrões constituem compromissos baseados no pressuposto de que os europeus continuarão a comer produtos de origem animal e que não pretendem fazer face a um aumento acentuado do custo dos seus alimentos. Previsivelmente, portanto, os defensores do bem-estar dos animais não estão – nem deveriam estar – satisfeitos, mesmo que, como indicam os pareceres científicos e veterinários da Comissão Europeia, os novos parâmetros venham a reduzir o sofrimento dos animais.
Uma outra directiva europeia entrou em vigor no dia 1 de Janeiro, banindo a investigação médica em chimpanzés. Passou desapercebida, porque os chimpanzés não são utilizados na investigação médica europeia desde 2003. Nos últimos 20 anos, também outros países deixaram de usar chimpanzés na investigação médica; de facto, apenas os EUA e o Gabão continuam a fazê-lo, sendo os EUA de longe o maior utilizador.
No mês passado, o National Institutes of Health (Instituto Nacional de Saúde – NdT), a agência governamental dos EUA responsável pela investigação biomédica, aprovou um relatório recomendando o cancelamento da maioria dos projectos financiados pelo NIH que envolvam a pesquisa biomédica invasiva em chimpanzés. O relatório também recomenda que a maioria dos chimpanzés detidos ou suportados pelo NIH sejam “aposentados” da pesquisa e deslocados para santuários.
O NIH manterá apenas uma colónia, compreendendo cerca de 50 chimpanzés, e qualquer pesquisa feita sobre estes primatas deverá ser aprovada por um comité independente que incluirá a representação do público. O relatório também recomenda medidas especiais para a manutenção dos restantes chimpanzés: alojamento em grupos de pelo menos sete indivíduos, com uma área mínima de 1000 pés quadrados por chimpanzé, espaço para trepar e possibilidade de procurar alimentos. A acção do NIH precisa ainda de ser ratificada pelo director, Francis Collins.
Com milhares de milhões de animais que ainda subsistem miseravelmente em explorações pecuárias, um aumento do espaço para porcas prenhes e a libertação de algumas centenas de chimpanzés usados nos laboratórios podem não parecer um grande motivo para celebração. Mas vale a pena comemorar o quadro mais amplo. Durante séculos, os humanos dos países industrializados trataram os animais como unidades de produção, em vez de seres vivos conscientes com um estatuto moral que nos obriga a considerar os seus interesses. (Em sociedades mais tradicionais, as relações entre humanos e animais são frequentemente mais próximas, mas nem sempre mais benéficas para os animais.)
A luta para libertar os animais da opressão é uma campanha moral comparável à luta pelo fim da escravatura humana. Na verdade, a escravatura de animais, para trabalho e para alimento, é mais disseminada e mais central para o nosso modo de vida do que alguma vez foi a escravatura de outros humanos. Com algumas excepções isoladas e de pouca duração – por exemplo, na Índia sob o Imperador Ashoka e no Japão sob Tsunayoshi, do xogunato Tokugawa – as leis que protegem os animais da crueldade têm menos de 200 anos.
Por conseguinte, espera-se que a luta seja longa. Mas, se os ganhos conseguidos até agora parecem mínimos comparados com os malefícios a que os humanos continuam a sujeitar os animais, podemos encontrar esperança no facto de que, como mostram os desenvolvimentos de Janeiro, o ritmo da mudança está visivelmente a acelerar.
Traduzido do inglês por António Chagas/Project Syndicate
Peter Singer é professor de bioética na Universidade de Princeton e professor laureado na Universidade de Melbourne
O Bando de Reformados !!!
Mais um artigo de Paulo Morais
O Bando de reformados governa o País !!
«O destino do país está na mão de aposentados. O presidente Cavaco Silva, a
primeira figura do Estado, é reformado. A segunda personalidade na
hierarquia protocolar, Assunção Esteves, é igualmente pensionista. Também
nos governos nacional e regionais há ministros que recebem pensão de reforma
como Miguel Relvas ou até Alberto João Jardim. No Parlamento, há dezenas de
deputados nesta situação. Mas... também muitas câmaras são presididas por
reformados, do Minho, ao Algarve, de Júlia Paula, em Caminha, a Macário
Correia, em Faro.
É imensa a lista de políticos no activo que têm direito a uma pensão.
Justificam este opulento rendimento com o facto de terem prestado serviço
público ao longo de doze anos ou, em alguns casos, apenas oito.
Esta explicação não convence, até porque uma parte significativa deste bando de
reformados não só não prestou qualquer relevante serviço à nação como ainda
utilizou os cargos públicos para criar uma rede clientelar em benefício
próprio.
Foi graças a esta teia que muitos enriqueceram e acederam a funções
para que nunca estiveram curricularmente habilitados. A manutenção até hoje
destes privilégios e prebendas é inaceitável, em particular nos tempos de
crise que atravessamos.
Sendo certo que a responsabilidade por este anacronismo não é de nenhum destes políticos e ex-políticos em particular -
também é verdade que todos têm uma culpa partilhada por não revogarem este
sistema absurdo que atribui tenças milionárias à classe que mais vem
destruindo o país.
Urge substituir este modelo pelo único sistema admissível
que é o de que os titulares de cargos públicos, quando os abandonam, sejam
indemnizados exactamente nos mesmos termos que qualquer outro trabalhador.
E que passem a reformar-se, como todos os restantes cidadãos, quando a carreira ou a idade o permita.
É claro que dirigentes habituados a acumular
reformas de luxo com bons salários jamais compreenderão os problemas dos que
têm de viver com salários de miséria; ou sequer entenderão as dificuldades
dos que sobrevivem apenas com pensões de valor ridículo. Não serão
certamente estes reformados de luxo que conseguirão proceder às reformas
estruturais de que Portugal tanto está a precisar.»
Paulo Morais, Professor Universitário
Paulo Portas
Execração de Paulo Portas
por Mário de Carvalho
Vamos lá gastar alguma cera com esta criatura. Mais uma concessão ao efémero.
Começo por estranhar a benevolência relativa com que ela tem sido tratada.
Como se um instinto nato de harmonia obrigasse a atenuar a flagrância do mau gosto.
Um querido amigo meu, a certo desabafo, sugeriu que o meu desprezo era «emocional».
Havia aqui uma sugestão de parcialidade política.
Devo defender-me disso.
Na verdade, até aprecio e respeito algumas pessoas que se dizem amigas do doutor Portas.
E verifico que ele tem esta particularidade estranhíssima: todos os seus amigos são melhores que ele.
Recordo os tempos muito catitinhas de «O Independente», cheios de peripécias e partes gagas.
Costuma evocar-se - e com razão - o rasgo inovador e dinâmico do jornal.
Pouca referência se faz - e sem razão - ao lastro de frioleira e alarvidade que lhe pesava como chumbo.
Portas esteve por então envolvido numa campanhazinha muito marota e fraldiqueira contra a «meia branca».
Estas coisinhas davam-lhe muito prazer.
Em dada altura dedicou-se à política (em revogação do desdém pedante antes manifestado)
e é hoje -com Jardim e Cavaco- um dos políticos de mais longo exercício.
Ainda tenho nos ouvidos os gritinhos de «ó Margarida», «ó Margarida!» com que ele pontuou uma entrevista qualquer, dada a uma jornalista que viria a ter um fim infeliz.
Toda a sua vida pública (e provavelmente a outra) é feita em permanente pose.
Tem atitudes; Olhares longamente estudados; máscaras de sisudez de Estado; esgares trabalhadíssimos; soslaios de palco amador; sorrelfas; sorrisinhos desdenhosos; trejeitinhos manhosos; «boquinhas e olhinhos»; meneios de cabeça; artifícios retóricos como o de perguntar repetidamente «sabe que...?».
Às vezes tenta o furor tribunício, mas a voz não lhe dá para tanto; experimenta a pose imperial, mas é pequenote mesmo para Napoleão.
Ainda é um homem novo.
Quando for mais velho lembrará uma deprimente figura de actor que aparece na «Roma» de Federico Fellini.
Talvez a exposição pública da política exija um certo histrionismo.
Mas então, que se seja bom actor. E não se deixe no ar esta grande vontade de pedir a devolução da entrada.
Já o vi a exaltar a «lavoura» em vezos saudosistas (menos insinceros do que parece); já o vi a ajoelhar, numa capela, com os dois joelhos, numa compunção beata; já o vi a bramir, numa cena movimentada, contra «os ciganos do rendimento mínimo»: já o vi em festarolas de aldeia, ou em obscenas rondas de lares de idosos, ou a debitar banalidades de dentadura a rebrilhar.
Já o vi a dizer (e a fazer) trinta por uma linha.
E já o vi a disparatar abertamente, quando, evitando o russo «troika» (alguém o convenceu de que a atrelagem russa era uma palavra «soviética»...) optou por «triunvirato», solução histórica tradicionalmente catastrófica.
Apesar de tudo, sempre é melhor que a ridícula revogação da decisão «irrevogável».
Esperava-se que ocupasse a Administração Interna, depois de ter feito histérica algazarra (ora obnubilada...) sobre a segurança.
Não.
Foi para os Negócios Estrangeiros, para se descomprometer e fazer de conta (sempre o fingimento, o obsessivo, doentio, fingimento) que era alheio às mexerufadas da famulagem financeira.
A seu tempo ressurgiria em atitude messiânica, como resgatador dos infelizes.
Sempre o calculozinho. Contas furadas.
Deixou uma nota de subserviência a manchar a diplomacia portuguesa com o caso Snowden.
Em tempo de crise política interna, a situação foi minimizada, ninguém estava a espreitar.
Mas as consequências para os interesses de Portugal (já não falo nos princípios) serão lastimáveis.
Creio que Freitas do Amaral nunca se prestaria a esse papel.
Paulo Portas não a desmentiu, neste ziguezague da sua carreira, que se espera abreviada.
Ao longo de quase vinte anos, houve a universidade Moderna, as deslealdades para com dirigentes políticos afins, a fotocópia de toneladas de documentos da República Portuguesa, a questão dos submarinos.
Por estes interstícios, o doutor Portas tem deslizado como enguia em sargaço. Com uma certa complacência, é preciso dizê-lo, da comunicação social.
Agora aí o temos, repescado para o governo em circunstâncias equívocas. A existência deste homem tem sido, aliás, amalgamada de equívocos.
Dir-se-ia que não é capaz de viver de outra maneira. Há nele uma vertiginosa atracção pelo Mal.
Para usar a velha comparação americana da venda do automóvel usado, creio que se o doutor Portas tivesse um carro em bom estado para vender, não deixaria de o avariar, por puro fascínio do ludíbrio.
E sobre a personagem, fiquemos por aqui. Seria fácil (demasiado fácil) usar uma fotografia ilustrativa das milhentas disponíveis na NET.
Mas prefiro deixar-vos com o Narciso de Caravaggio que também vem a propósito.
Para ser franco, preferia ter tido a oportunidade de dizer´algum bem’, em vez de execrar.
MdC
por Mário de Carvalho
Vamos lá gastar alguma cera com esta criatura. Mais uma concessão ao efémero.
Começo por estranhar a benevolência relativa com que ela tem sido tratada.
Como se um instinto nato de harmonia obrigasse a atenuar a flagrância do mau gosto.
Um querido amigo meu, a certo desabafo, sugeriu que o meu desprezo era «emocional».
Havia aqui uma sugestão de parcialidade política.
Devo defender-me disso.
Na verdade, até aprecio e respeito algumas pessoas que se dizem amigas do doutor Portas.
E verifico que ele tem esta particularidade estranhíssima: todos os seus amigos são melhores que ele.
Recordo os tempos muito catitinhas de «O Independente», cheios de peripécias e partes gagas.
Costuma evocar-se - e com razão - o rasgo inovador e dinâmico do jornal.
Pouca referência se faz - e sem razão - ao lastro de frioleira e alarvidade que lhe pesava como chumbo.
Portas esteve por então envolvido numa campanhazinha muito marota e fraldiqueira contra a «meia branca».
Estas coisinhas davam-lhe muito prazer.
Em dada altura dedicou-se à política (em revogação do desdém pedante antes manifestado)
e é hoje -com Jardim e Cavaco- um dos políticos de mais longo exercício.
Ainda tenho nos ouvidos os gritinhos de «ó Margarida», «ó Margarida!» com que ele pontuou uma entrevista qualquer, dada a uma jornalista que viria a ter um fim infeliz.
Toda a sua vida pública (e provavelmente a outra) é feita em permanente pose.
Tem atitudes; Olhares longamente estudados; máscaras de sisudez de Estado; esgares trabalhadíssimos; soslaios de palco amador; sorrelfas; sorrisinhos desdenhosos; trejeitinhos manhosos; «boquinhas e olhinhos»; meneios de cabeça; artifícios retóricos como o de perguntar repetidamente «sabe que...?».
Às vezes tenta o furor tribunício, mas a voz não lhe dá para tanto; experimenta a pose imperial, mas é pequenote mesmo para Napoleão.
Ainda é um homem novo.
Quando for mais velho lembrará uma deprimente figura de actor que aparece na «Roma» de Federico Fellini.
Talvez a exposição pública da política exija um certo histrionismo.
Mas então, que se seja bom actor. E não se deixe no ar esta grande vontade de pedir a devolução da entrada.
Já o vi a exaltar a «lavoura» em vezos saudosistas (menos insinceros do que parece); já o vi a ajoelhar, numa capela, com os dois joelhos, numa compunção beata; já o vi a bramir, numa cena movimentada, contra «os ciganos do rendimento mínimo»: já o vi em festarolas de aldeia, ou em obscenas rondas de lares de idosos, ou a debitar banalidades de dentadura a rebrilhar.
Já o vi a dizer (e a fazer) trinta por uma linha.
E já o vi a disparatar abertamente, quando, evitando o russo «troika» (alguém o convenceu de que a atrelagem russa era uma palavra «soviética»...) optou por «triunvirato», solução histórica tradicionalmente catastrófica.
Apesar de tudo, sempre é melhor que a ridícula revogação da decisão «irrevogável».
Esperava-se que ocupasse a Administração Interna, depois de ter feito histérica algazarra (ora obnubilada...) sobre a segurança.
Não.
Foi para os Negócios Estrangeiros, para se descomprometer e fazer de conta (sempre o fingimento, o obsessivo, doentio, fingimento) que era alheio às mexerufadas da famulagem financeira.
A seu tempo ressurgiria em atitude messiânica, como resgatador dos infelizes.
Sempre o calculozinho. Contas furadas.
Deixou uma nota de subserviência a manchar a diplomacia portuguesa com o caso Snowden.
Em tempo de crise política interna, a situação foi minimizada, ninguém estava a espreitar.
Mas as consequências para os interesses de Portugal (já não falo nos princípios) serão lastimáveis.
Creio que Freitas do Amaral nunca se prestaria a esse papel.
Paulo Portas não a desmentiu, neste ziguezague da sua carreira, que se espera abreviada.
Ao longo de quase vinte anos, houve a universidade Moderna, as deslealdades para com dirigentes políticos afins, a fotocópia de toneladas de documentos da República Portuguesa, a questão dos submarinos.
Por estes interstícios, o doutor Portas tem deslizado como enguia em sargaço. Com uma certa complacência, é preciso dizê-lo, da comunicação social.
Agora aí o temos, repescado para o governo em circunstâncias equívocas. A existência deste homem tem sido, aliás, amalgamada de equívocos.
Dir-se-ia que não é capaz de viver de outra maneira. Há nele uma vertiginosa atracção pelo Mal.
Para usar a velha comparação americana da venda do automóvel usado, creio que se o doutor Portas tivesse um carro em bom estado para vender, não deixaria de o avariar, por puro fascínio do ludíbrio.
E sobre a personagem, fiquemos por aqui. Seria fácil (demasiado fácil) usar uma fotografia ilustrativa das milhentas disponíveis na NET.
Mas prefiro deixar-vos com o Narciso de Caravaggio que também vem a propósito.
Para ser franco, preferia ter tido a oportunidade de dizer´algum bem’, em vez de execrar.
MdC
sexta-feira, 26 de julho de 2013
A inteligência da subserviência
Por Carlos Pimenta
publicado em 26 Jul 2013 - 05:00
As "elites" não aprendem com a história. A sua incapacidade não é intelectual. É de subserviência política aos que criaram montanhas de nada (crédito fictício)
1. Há uma estreita relação entre as dinâmicas cíclicas dos negócios, da hegemonia de ideologias, da tendência para o esquecimento da inevitabilidade das crises, da prática de crimes de colarinho branco, de comportamento político face aos "mercados" e das concepções éticas.
É inequívoco o impacto actual da financiarização e desindustrialização dos países capitalistas centrais; da ideologia neoliberal; das teses do fim da história e da superação das crises; das fraudes financeiras, da corrupção, da lavagem de dinheiro e da economia ilegal; da ausência de regulação e fiscalização por parte do Estado; da debilitação da moral e da assunção de que o crime compensa. É inequívoco o sincronismo destes múltiplos aspectos na actual crise estrutural do capitalismo.
O entrelaçamento encoberto e espontâneo das "máfias organizadas" no funcionamento da economia faz parte do nosso presente.
As "elites" não aprendem com a história. A sua incapacidade não é intelectual. É de subserviência política aos que criaram montanhas de nada (crédito fictício) e hoje sugam as populações para refazerem as montanhas imaginadas. Para a economia deles ir bem tem o país de ir mal.
2. Um livro recente ("À Minha Maneira?", de Filipe Fernandes) vem revelar-nos acontecimentos similares aos de hoje quando da crise de 1929/33.
As dificuldades, e o apoio do Estado, não foram com o BPN & C.a mas com um banco estruturante do império colonial, o Banco Nacional Ultramarino. Mas as semelhanças são gritantes.
Vive-se uma crise de sobreprodução que afecta todo o sistema bancário. Durante a fase de expansão da economia fizeram-se negócios de curto prazo de elevado risco, privilegiaram-se os amigos que as teias do poder económico aconselhavam, houve fraudes avultadas, impunes ou quase, mesmo depois de detectadas. A fraude gerou riqueza para quem a praticou.
Na Europa defendiam-se políticas de equilíbrio orçamental, abrindo-se excepções para a salvação da banca. Germinavam os conflitos sociais que desembocaram nas ditaduras e na Segunda Guerra Mundial.
Essas dramáticas situações nada ensinaram. Então como agora as manifestações da crise são semelhantes e os erros políticos também. Como diz Galbraith, "os desastres financeiros são rapidamente esquecidos". Economistas e políticos têm memória curta.
3. As semelhanças entre as duas crises não nos devem fazer esquecer as diferenças.
Éramos uma sociedade mais atrasada, condicionada e fechada, implantados numa Europa mais preponderante política, cultural, tecnológica e industrialmente no plano mundial. Então havia maior capacidade de decisão política nacional e o Banco de Portugal funcionava como financiador de última instância (pretendia-se respeitar o padrão-ouro, mas a crise forçou a uma maior autonomia do sistema bancário e sua ligação à sociedade).
A mundialização ampliou-se, para o bem e para o mal. Hoje prolifera a economia paralela. A criminalidade económica internacional tem assento no banquete dos negócios à escala mundial. A independência nacional diluiu--se nos jogos de poder europeus.
4. O 25 de Abril de 1974 é uma ruptura insofismável na passagem da ditadura para a democracia, no fim do império colonial, na assunção da dignidade e da vontade de um povo.
Mas não será a "ditadura dos mercados" uma ameaça à efectiva democracia política? Não será que o actual "estado de golpe", de que fala Manuel Alegre, associado às graves tensões na Europa e na região mediterrânica, uma possível porta de entrada do golpe de Estado?
publicado em 26 Jul 2013 - 05:00
As "elites" não aprendem com a história. A sua incapacidade não é intelectual. É de subserviência política aos que criaram montanhas de nada (crédito fictício)
1. Há uma estreita relação entre as dinâmicas cíclicas dos negócios, da hegemonia de ideologias, da tendência para o esquecimento da inevitabilidade das crises, da prática de crimes de colarinho branco, de comportamento político face aos "mercados" e das concepções éticas.
É inequívoco o impacto actual da financiarização e desindustrialização dos países capitalistas centrais; da ideologia neoliberal; das teses do fim da história e da superação das crises; das fraudes financeiras, da corrupção, da lavagem de dinheiro e da economia ilegal; da ausência de regulação e fiscalização por parte do Estado; da debilitação da moral e da assunção de que o crime compensa. É inequívoco o sincronismo destes múltiplos aspectos na actual crise estrutural do capitalismo.
O entrelaçamento encoberto e espontâneo das "máfias organizadas" no funcionamento da economia faz parte do nosso presente.
As "elites" não aprendem com a história. A sua incapacidade não é intelectual. É de subserviência política aos que criaram montanhas de nada (crédito fictício) e hoje sugam as populações para refazerem as montanhas imaginadas. Para a economia deles ir bem tem o país de ir mal.
2. Um livro recente ("À Minha Maneira?", de Filipe Fernandes) vem revelar-nos acontecimentos similares aos de hoje quando da crise de 1929/33.
As dificuldades, e o apoio do Estado, não foram com o BPN & C.a mas com um banco estruturante do império colonial, o Banco Nacional Ultramarino. Mas as semelhanças são gritantes.
Vive-se uma crise de sobreprodução que afecta todo o sistema bancário. Durante a fase de expansão da economia fizeram-se negócios de curto prazo de elevado risco, privilegiaram-se os amigos que as teias do poder económico aconselhavam, houve fraudes avultadas, impunes ou quase, mesmo depois de detectadas. A fraude gerou riqueza para quem a praticou.
Na Europa defendiam-se políticas de equilíbrio orçamental, abrindo-se excepções para a salvação da banca. Germinavam os conflitos sociais que desembocaram nas ditaduras e na Segunda Guerra Mundial.
Essas dramáticas situações nada ensinaram. Então como agora as manifestações da crise são semelhantes e os erros políticos também. Como diz Galbraith, "os desastres financeiros são rapidamente esquecidos". Economistas e políticos têm memória curta.
3. As semelhanças entre as duas crises não nos devem fazer esquecer as diferenças.
Éramos uma sociedade mais atrasada, condicionada e fechada, implantados numa Europa mais preponderante política, cultural, tecnológica e industrialmente no plano mundial. Então havia maior capacidade de decisão política nacional e o Banco de Portugal funcionava como financiador de última instância (pretendia-se respeitar o padrão-ouro, mas a crise forçou a uma maior autonomia do sistema bancário e sua ligação à sociedade).
A mundialização ampliou-se, para o bem e para o mal. Hoje prolifera a economia paralela. A criminalidade económica internacional tem assento no banquete dos negócios à escala mundial. A independência nacional diluiu--se nos jogos de poder europeus.
4. O 25 de Abril de 1974 é uma ruptura insofismável na passagem da ditadura para a democracia, no fim do império colonial, na assunção da dignidade e da vontade de um povo.
Mas não será a "ditadura dos mercados" uma ameaça à efectiva democracia política? Não será que o actual "estado de golpe", de que fala Manuel Alegre, associado às graves tensões na Europa e na região mediterrânica, uma possível porta de entrada do golpe de Estado?
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Fatima Lopes.
Chama-se "Agora é que conta", passa na TVI" e é apresentado por Fátima Lopes.
O programa começa com dezenas de pessoas a agitar uns papéis.
Os papéis são contas por pagar. Reparações em casa, prestações do carro, contas da electricidade ou de telefone. A maioria dos concorrentes parece ter, por o que diz, muito pouca folga financeira.
E a simpática Fátima, sempre pronta a ajudar em troca de umas figuras mais ou menos patéticas para o País poder acompanhar, presta-se a pagar duzentos ou trezentos euros de dívida.
"Nos tempos que correm", como diz a apresentadora - e "os tempos que correm" quer sempre dizer crise -, a coisa sabe bem.
No entretenimento televisivo, o grotesco é quase sempre transvestido de boas intenções.
Os concorrentes prestam-se a dar comida à boca a familiares enquanto a cadeira onde estão sentados agita, rebolam no chão dentro de espumas enormes ou tentam apanhar bolas de ping-pong no ar. Apesar da indigência absoluta do programa, nada disto é novo. O que é realmente novo são as contas por pagar transformadas num concurso "divertido".
Ao ver aquela triste imagem e a forma como as televisões conseguem transformar a tristeza em entretenimento, não consigo deixar de sentir que esta é a "beleza" do Capitalismo:
Tudo se vende, até as pequenas desgraças quotidianas de quem não consegue comprar o que se vende.
Houve um tempo em que gente corajosa se juntava para lutar por uma vida melhor e combater quem os queria na miséria. E ainda há muitos que não desistiram. Mas a televisão conseguiu de uma forma extraordinariamente eficaz o que os séculos de repressão nem sonharam:
Pôr a maioria a entreter-se com a sua própria desgraça.
E o canal ainda ganha uns cobres com isso.
Diz-se que esta caixa mudou o Mundo.
Sim: consegue pôr tudo a render. Até as consequências da maior crise em muitas décadas.
Entretanto a apresentadora recebe 40.000€ por mês.
Foi este o valor da transferência da SIC para a TVI. Uma proposta irrecusável segundo palavras da própria.
A pobre da Fátima Lopes só ganha 1290 euros por dia!!!.
Brincando com miséria dos outros, pobre povo português, sem alternativas, mas miseravelmente felizes.
Este artigo de Daniel Oliveira é sobre aquilo que nunca vi na TVI, mas que se visse reagiria, também, com indignação. É algo de escabroso que se houvesse um pouco de decência já não estaria a ser transmitido. Usar os desgraçados é um abuso intolerável, é brincar com as pessoas e a sua miséria.
PAGAR AS DÍVIDAS e fazer disso um espectáculo é obsceno.
A TVI torna-se, assim, uma obscenidade !…
O programa começa com dezenas de pessoas a agitar uns papéis.
Os papéis são contas por pagar. Reparações em casa, prestações do carro, contas da electricidade ou de telefone. A maioria dos concorrentes parece ter, por o que diz, muito pouca folga financeira.
E a simpática Fátima, sempre pronta a ajudar em troca de umas figuras mais ou menos patéticas para o País poder acompanhar, presta-se a pagar duzentos ou trezentos euros de dívida.
"Nos tempos que correm", como diz a apresentadora - e "os tempos que correm" quer sempre dizer crise -, a coisa sabe bem.
No entretenimento televisivo, o grotesco é quase sempre transvestido de boas intenções.
Os concorrentes prestam-se a dar comida à boca a familiares enquanto a cadeira onde estão sentados agita, rebolam no chão dentro de espumas enormes ou tentam apanhar bolas de ping-pong no ar. Apesar da indigência absoluta do programa, nada disto é novo. O que é realmente novo são as contas por pagar transformadas num concurso "divertido".
Ao ver aquela triste imagem e a forma como as televisões conseguem transformar a tristeza em entretenimento, não consigo deixar de sentir que esta é a "beleza" do Capitalismo:
Tudo se vende, até as pequenas desgraças quotidianas de quem não consegue comprar o que se vende.
Houve um tempo em que gente corajosa se juntava para lutar por uma vida melhor e combater quem os queria na miséria. E ainda há muitos que não desistiram. Mas a televisão conseguiu de uma forma extraordinariamente eficaz o que os séculos de repressão nem sonharam:
Pôr a maioria a entreter-se com a sua própria desgraça.
E o canal ainda ganha uns cobres com isso.
Diz-se que esta caixa mudou o Mundo.
Sim: consegue pôr tudo a render. Até as consequências da maior crise em muitas décadas.
Entretanto a apresentadora recebe 40.000€ por mês.
Foi este o valor da transferência da SIC para a TVI. Uma proposta irrecusável segundo palavras da própria.
A pobre da Fátima Lopes só ganha 1290 euros por dia!!!.
Brincando com miséria dos outros, pobre povo português, sem alternativas, mas miseravelmente felizes.
Este artigo de Daniel Oliveira é sobre aquilo que nunca vi na TVI, mas que se visse reagiria, também, com indignação. É algo de escabroso que se houvesse um pouco de decência já não estaria a ser transmitido. Usar os desgraçados é um abuso intolerável, é brincar com as pessoas e a sua miséria.
PAGAR AS DÍVIDAS e fazer disso um espectáculo é obsceno.
A TVI torna-se, assim, uma obscenidade !…
Eduardo Lourenço
Quo vadis, Europa?
Concebida para pôr fim a meio milénio de conflitos, a união política europeia enfrenta um futuro incerto. Isto deve-se ao facto de os europeus terem deixado de partilhar uma visão e de os Estados Unidos não aceitarem a existência do euro, afirma o filósofo português Eduardo Lourenço.
Eduardo Lourenço
2 agosto 2012 Público Lisboa
Há meio século que os vencidos da II Guerra Mundial tentam levar a cabo uma empresa política inédita que é fazer da Europa uma entidade económica, política e cultural análoga à "nação" que nunca foi até aos dias de hoje. Foi em desespero de causa, e após dois episódios suicidários do seu destino durante o século XX, que três dos seus actores e responsáveis sonharam com uma Europa nova.
Esse "suicídio" europeu já era como uma síntese de meio milénio de disputa hegemónica sem quartel entre a Espanha, a França, a Inglaterra, a Holanda, a que se associarão, tardiamente, a Áustria, a Prússia e a Rússia. Ocasionalmente, a Suécia, então um país marginal, e Portugal participaram como aliados de um desses actores hegemónicos. Não é caluniar o nosso passado europeu assimilando-o a uma intermitente "guerra civil", se pensarmos que todas essas nações partilham uma certa cultura comum, herdada da Antiguidade e de referência cristã (católica, protestante, ortodoxa), desde a queda de Constantinopla, confrontada com outro tipo de cultura e referência religiosa.
Não espanta que com uma tão complexa herança, a chamada Europa ocidental, empenhando-se, pela primeira vez a sério e democraticamente, numa construção europeia de âmbito internacional, tenha encontrado tantas dificuldades em levar avante a sua utopia europeizante. Aliás, e mau grado a urgência do projecto europeu, as nações nele envolvidas só o puderam conceber e levar a cabo com algum sucesso no contexto de uma guerra fria cujos actores, Estados Unidos e União Soviética, pretendiam conquistar a hegemonia mundial e de que a Europa é (ainda nessa época) o espaço privilegiado de dupla e oposta cobiça.
Antes do fim dessa guerra fria, a Europa é, na verdade, uma Europa de dupla face. A queda do Muro de Berlim altera radicalmente esta situação de uma Europa duplamente partilhada entre os Estados Unidos e a Rússia. À parte como potência organicamente ligada aos Estados Unidos (e quase vice-versa) fica a Inglaterra. Ambos geram e continuam a gerir, mais do que nunca, e mau grado a aparência hegemónica da Alemanha (de novo reunida), a nova Europa em construção, convicta de ter dado um passo de gigante nessa construção, outorgando-se (sempre sem a Inglaterra) uma moeda europeia de importância internacional.
Pode, hoje sobretudo, pensar-se que a criação do euro foi a gota de ouro que fez estremecer o santo dos santos, a moeda fetiche do dólar, a única moeda imperial do espaço da chamada globalização. Quer dizer, da americanização política, económica, financeira, tecnológica e, mais do que se pensa, cultural do mundo. Talvez não seja apenas duvidosa ciência-ficção imaginar que a instituição do euro, a sua afirmação, o seu sucesso (excessivo?) nunca mais deixaram de preocupar o sistema monetário mundial, o que tem no dólar e na sua absoluta supremacia a sua arma absoluta, aquela que permite comprar a não menos incontornável arma do petróleo e controlar o mercado mundial.
Também não é necessário recorrer às muitas versões de um complot ideológico-financeiro de complexas ramificações para explicar a quase universal crise instalada no coração mesmo do capitalismo da era informática para ter por mistério o desencadear de uma ofensiva para desestabilizar o euro e através dele todo o projecto de autonomização política da nova Europa de maneira a assegurar a sua domesticação histórica definitiva. O que a Nato é no campo estratégico tradicional, é, na ordem económica e financeira, a fragilização do euro, que simboliza e encarna a Europa pós-queda do muro de Berlim. E se possível a sua desaparição. Mas quem na Europa quer a Europa?
Não precisamos que ninguém nos salve
Paradoxalmente, a mais europeísta das grandes nações – apesar das suas limitações ético-políticas - é mesmo a Alemanha. A antiga "nação do marco" é hoje o novo FMI do euro. Só ela dispõe ainda de um poder económico – apesar ou talvez por estar desarmada – para dar a uma "utopia" europeizante um rosto que possa levá-la a enterrar os fantasmas tenebrosos que um dia a arrastaram para o abismo. Só ela dispõe ainda de seduções históricas paradoxais para lhe assegurar a centralidade política que o destino lhe atribuiu ou ela construiu.
Quem pode construtivamente, por mais fantasmas terríficos que a hipótese desenterre, trazer as "europeias" Ucrânia e a grande Rússia para o espaço europeu que a História lhe concedeu? E mesmo a Turquia, com que a Alemanha tem mais familiaridade que ninguém?
O que seria lógico e conforme a uma das tradições e estatutos europeus mais relevantes é que fosse da pátria de Voltaire e não de Lutero que esperássemos ainda um empenhamento histórico a favor de uma Europa não menos exemplar, na medida em que o foi, outrora, em tantos domínios. Talvez por ser, sozinha e há tantos séculos, "Europa" no que ela era como "nação" de referência para tantas outras, em rivalidade com a Inglaterra, ilha-mundo, a França recuou desde o início diante da sua própria transcensão e versão dinâmica europeias. Assim, filhas históricas da rivalidade incontornável das suas histórias e culturas, nem a Inglaterra nem a França sentem necessidade da Europa. Já o são de sobra.
Quem sonha com a Europa é a pequena ou a marginal – e marginalizada – Europa do Sul e de Leste. A nórdica é como se pertencesse a um continente de sonhos gelados há muito. A bem considerar não há ninguém para quem a Europa – a antiga e a de hoje – seja uma espécie de América. A não ser aqueles que próximos no espaço fizeram dela em tempos – e agora por fascínio e vantagens de toda a ordem – a América que eles não são nem parecem poder sê-lo por enquanto.
Talvez tenha sido um sonho mal sonhado desejar uma Europa "unida" tão outra daquilo que durante séculos foi e maravilhosamente o é ainda: uma coexistência de "nações" vizinhas e inimigas umas das outras, mas ricas da sua diferença. Na verdade, no fim da II Guerra Mundial com a vitória absoluta dos Estados Unidos, os europeus, sobretudo os realmente vencidos, quiseram ser ou ver uns Estados Unidos da Europa, o ideal europeu por excelência. Era a ideia de Churchill com a Inglaterra de fora e de cima ou em toda a parte. Mas desde a origem, os históricos Estados Unidos foram, sabendo-o ou não, uma anti-Europa. Ou antes uma não-Europa. E, neste momento, uma super-Europa. Que olha agora para a única e impotente Europa como a Inglaterra olhava os "americanos" antes de o serem.
Se calhar a Europa não precisava – nem precisa - de ir para lado nenhum, nem ter um outro estatuto histórico, político e ideológico e pleonasticamente cultural mais adequado do que o da sua multíplice realidade que foi sempre o seu. Aqui se forjou o mundo moderno. E a modernidade do mundo.
Lembremo-nos disso. Não precisamos que ninguém nos salve. Precisamos de nos salvar nós mesmos. Já não é pouco. Não estamos à venda.
Eduardo Catroga
NEGOCIADOR
Eduardo Catroga, chefe das negociações do OE pelo PSD, reformou-se em 2007 com pensão de 9.693 euros mensais. Destacado quadro do grupo Mello, foi ministro de Cavaco Silva e ainda é administrador de diversas empresas.
"Tenho uma carreira de vinte anos como funcionário público e de quarenta como funcionário privado" e acrescentou "fiz em paralelo as
duas carreiras e agora, por questões de simplicidade e por ser mais prático, as duas pensões são unificadas numa única prestação" (jornal
Correio da Manhã-20Março2007), ou seja, digo eu, 60 anos de trabalho e... ainda "trabalha"-um exemplo de longevidade!.
Eduardo Catroga, apesar de reformado, continua a ser presidente da empresa Sapec, administrador não-executivo da Nutrinveste e do Banco
Finantia e membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP. (A INEVITÁVEL EDP)
Catroga, que se tornou conhecido como quadro relevante do grupo Mello, foi ministro das Finanças do terceiro Governo de Cavaco Silva, entre Dezembro de 1993 e Outubro de 1995. Destacou-se então como um dos maiores privatizadores dos governos de Cavaco Silva: foi nesse período que o BPA (Banco Português do Atlântico) foi entregue ao BCP.
Como ministro teve como chefe de gabinete Assunção Dias, que desempenhou um papel decisivo na reconstituição do grupo Champalimaud.
Sobre esta reconstituição citamos a seguinte passagem do livro "Os Donos de Portugal" (História Económica da República):
"A indemnização a António Champalimaud pelas nacionalizações começa por ser objecto de uma comissão arbitral. O Ministério das Finanças
designa um grupo de acompanhamento integrado pelo subinspector-geral de Finanças, Assunção Dias, na altura também presidente do conselho fiscal da Mundial Confiança estatal. De um valor inicial de 200 mil contos, o grupo de acompanhamento chega à proposta de 1,6 milhões.
Assunção Dias apresenta depois uma avaliação particular, da qual exclui os outros dois membros do grupo de acompanhamento, em que
propõe 5,5 milhões. Por fim, usando o parecer de Assunção Dias, o Secretário de Estado das Finanças, Elias da Costa (mais tarde
administrador do Santander), propõe ao ministro Braga de Macedo uma indemnização de 10 milhões, a pagar pelo BPSM e pela Cimpor estatais. Além disso, a Cimpor renunciava a uma dívida de 7 milhões e o BPSM desistia de três processos judiciais em que exigia 8,6 milhões (DN, 18.03.1995).
Onze dias depois de receber este dinheiro, Champalimaud compra 51% da Mundial Confiança, mantendo Assunção Dias no conselho fiscal da
seguradora agora privada. Assunção Dias acumulará esse cargo com o de chefe de gabinete do novo ministro das finanças, Eduardo Catroga, e
depois com o de inspector-geral de Finanças. A seguradora é vendida a um preço de favor, equivalente ao volume anual dos prémios que realiza (o valor de uma seguradora era então calculado, em média, no dobro do valor anual dos seus prémios).
O ex-chefe de gabinete de Catroga, Assunção Dias é hoje presidente do Conselho fiscal dos Seguros Santander."
---
Os pentelhos do Catroga
ASSIM TAMBÉM EU!!!!!!!!!
REALMENTE NÃO DÁ PARA ENTENDER
Mão amiga fez-me chegar esta informação, que reproduzo com os respectivos comentários.
Estejam atentos à SIC Notícias. E podem esperar sentados...
Sem comentários...
Veio publicado na 2.ª Série do Diário da República um despacho do extraordinário João Duque, através do qual Eduardo Catroga é contratado para professor catedrático, o que parece que não lhe ocupará muito tempo ["a tempo parcial 0 %"], e, já que estamos com a mão na massa, o contrato produz "efeitos a partir de 1 de Setembro de 2008".
Expliquem-me lá os efeitos deste despacho.
Se contratado para o quadro a 0% do tempo, eu diria que talvez fosse para não trabalhar mas para ter o lugar garantido.
Agora contratado para além do quadro a tempo parcial 0% e ainda por cima com efeitos retroactivos a 01/09/2008, desculpem mas não entendo. Vá-se lá saber das intenções...
Com certeza que Mário Crespo, quando se voltar a cruzar com João Duque no seu programa 'Plano Inclinado', não deixará de lhe pedir que explique como este despacho irá contribuir para o desenvolvimento da ciência económica em Portugal.
Ou vai assobiar para o lado, como é costume quando não se trata de bater no Sócrates?
PS: Que bem que falou este reformado (E. Catroga) na televisão, acerca da crise e das medidas duras necessárias para a debelar !!!
A MORAL DE QUEM PEDE SACRIFÍCIOS
(aos outros, claro).
Eduardo Catroga defende a mobilidade total.
Um professor de Setúbal pode ser convidado a trabalhar nas Finanças no Porto.
Como o compreendo... Um homem habituado à mobilidade como ele, quer a solidariedade dos outros.
Vejamos:
-Eduardo Catroga tão depressa é presidente do Grupo Sapec (uma empresa que tem como maior accionista o grupo Luso Hispanic Investment, patrioticamente sediado no Luxemburgo); como vai a correr para vogal do Conselho de Administração da Nutrinveste (Compal, Frize, Nicola, Fula, Clarim, etc etc); acelera como membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP (percebem agora de onde veio a peregrina ideia de privatizar a Rede Eléctrica Nacional?) E ainda derrapa mas não cai na qualidade de membro não-executivo do Conselho de Administração do Banco Finantia (nunca ouviram falar)? E na Sofinloc, sua subsidiária, especialista no crédito para que o povo tenha um carro novo? E na Sofinloc IFIC, o segundo maior agente de seguros em Portugal? E nas Ilhas Caimão onde o Finantia tem uma delegação para desviar mais uns milhões ao pagamento de impostos?).
Nos momentos de ócio ainda recentemente encabeçou a lista vencedora nas eleições para o Conselho Leonino.Sem esquecer o cargo de professor catedrático zero por cento.
Compreende-se que o homem tenha que sacar brutas remunerações naqueles cargos todos porque aufere uma reforma de apenas 9.693 euros, classe média, portanto. Sigamos pois não o cherne mas o exemplo de quem ainda negoceia tudo e menos alguma coisa em nome do PSD, e é o candidato natural a ministro das Finanças num governo do Grupo Mello, cargo que já ocupou nos idos de Cavaco Silva, tendo sido o primeiro a colocar a dívida pública acima dos 60% do PIB. Isto é que é um político de primeira, carago!
Pois é filho, andas para aí a dizer quem manda aqui sou eu, piramiza filho, piramiza, vai às eleições e vota nos gajos, sempre os mesmos, na alternância, que foi isso que te ensinaram desde pequenino.
É a democracia que te vendem. É a falta de conhecimento e cultura que tens filho, piramiza. Acreditas cegamente no que eles te dizem, quando andam a brincar ao faz de conta que são diferentes, " o centrão", uma vezes inclinado para a " esquerda "... mas sempre para a direita.
E aqueles gajos todos , senhores doutores, especialistas em opinar sobre as tuas dificuldades sociais, que eles nunca viveram, mas fazem de conta que conhecem. E as lágrimas de corcodilo que derramam com peninha de ti filho, piramiza, continua a acreditar nas patranhas que eles te vendem e vais ver em breve o que será da tua vida e da tua esperança de futuro.
Ainda continuas a acreditar nesta cambada de putos a fazer de lideres dos destinos de um povo e de uma nação, empurrados pelos velhos barões da política suja dos negócios da desgraça de todos nós. Esses mesmos tipos de boas falinhas, ligados aos grandes grupos, para quem diligentemente trabalham e cuja única intenção e fazer os negócios dos patrões da alta finança prosperarem e engordarem com lucros fáceis, das acções e do suor do teu trabalho mal pago.
Qual é a tua meu, ainda acreditas que deste modo, quem manda aqui somos nós. Piramiza filho e agacha-te que o FMI virá tratar de ti, emprestar dinheiro a juros altos, para saires da crise que nunca mais vais ver acabar, até ao dia em que tiveres coragem para dizer basta.
Até quando?
Quando tu e outros quiserem.
Duarte Lima
Duarte Lima perdeu a liberdade. Está em preventiva no âmbito do caso BPN
Duarte Lima: Como fazia a lavagem de dinheiro
O ex-deputado foi investigado em 1994 num processo que é um verdadeiro manual de branqueamento de dinheiro sujo
A prática de lavagem de dinheiro há muito que não é estranha a Duarte Lima. Desde os anos 90 que o ex-líder parlamentar do PSD conhece, ao pormenor, as técnicas daquilo a que os juristas chamam "dissimulação de capitais", mas que é vulgarmente conhecido por branqueamento ou lavagem de dinheiro. Essa é a arte de fazer com que o dinheiro obtido de forma ilegal regresse aos circuitos financeiros e bancários com o estatuto de plena legalidade.
O processo às ordens do qual Duarte Lima está agora preso mostra algumas dessas formas de lavagem, mas já na primeira investigação de que foi alvo, nos anos noventa, é provado um apurado conhecimento dessa arte de esconder o dinheiro sujo. Nesse primeiro processo em que Lima foi constituído arguido, corria o ano de 1994 e o cavaquismo já agonizava, é descrito ao pormenor aquilo que hoje se pode considerar um pioneiro manual de técnicas de lavagem de dinheiro, como então alertava o inspector da PJ Carlos Pascoal, que assina o relatório final da investigação.
O caso estava centrado em suspeitas de corrupção relacionadas com as aquisições de apartamentos e de terrenos em Lisboa e Sintra (ver texto nestas páginas). O mais interessante, porém, foi o que a investigação mostrou em matéria de enriquecimento ilícito assente no tráfico de influências e correspondente branqueamento de dinheiro, tudo crimes não existentes no ordenamento jurídico português à época dos factos. Carlos Pascoal, hoje com 57 anos e reformado da PJ, que investigou este processo com o colega José Peneda e sob a direcção do magistrado do Ministério Público Luís Bonina, enumerou as técnicas de lavagem uma a uma.
DEPÓSITOS EM DINHEIRO
O relatório de Pascoal é claro em matéria de fluxos financeiros: "Em razão da análise bancária realizada pode concluir-se que foi detectada a aplicação de várias técnicas de dissimulação de capitais, envolvendo um conjunto de contas bancárias tituladas pelo arguido Duarte Lima, pela sua ex-esposa, ou por familiares de um ou de outro".
Essas técnicas consistiam em fazer entrar o dinheiro nas contas sob a forma de numerário, permitindo ocultar as proveniências e os motivos das realizações de pagamentos. "Entre 1992 e 1994 foram creditadas dessa forma, no conjunto das contas investigadas, verbas superiores a 750 mil contos" (3,75 milhões de euros).
CONTAS-FANTASMA
As contas directa ou indirectamente controladas por Duarte Lima nunca tinham saldos elevados. A técnica usada passava por fazer circular os valores de conta para conta até à utilização final do dinheiro em despesas ou aquisições. A maior parte dos créditos - numerário ou cheques - foi escoada por contas tituladas pelo próprio Duarte Lima.
Os investigadores dão um exemplo: uma conta do Banco Fonsecas & Burnay titulada por Fernando Henrique Nunes (ex-sogro de Lima) foi utilizada como ‘placa de passagem' de valores que acabaram em contas de Duarte Lima. Só no conjunto de contas em nome do ex-sogro e da ex-mulher, Alexina Bastos Nunes, foram transferidos para contas de Lima 474 mil contos.
A partir de Novembro de 1993, o mesmo procedimento manteve-se mas com mais titulares nas contas, designadamente duas sobrinhas do ex-deputado, Alda e Sandra Lima de Deus e alguns dos irmãos.
MOTA E ANF
Duarte Lima, apesar de estar em exclusividade de funções no Parlamento e de ter a inscrição suspensa na Ordem dos Advogados, mantinha uma intensa e profícua relação com muitas empresas.
Na investigação são detectados dezenas de depósitos feitos pelos administradores da então Mota e Companhia para as contas controladas por Duarte Lima. A um ritmo mensal, Manuel António da Mota, fundador da empresa já falecido, e o seu filho, António Mota, actual patrão da Mota-Engil, pagaram perto de 150 mil contos a Duarte Lima entre 1991 e 1993.
Lima só em 1993 começou a emitir recibos verdes sobre uma pequena parte do dinheiro recebido, justificando no processo apenas dois pagamentos a título de prestações de serviços. Nessa fase em que começou a passar recibos verdes também começou a receber dinheiro por antecipação a serviços a prestar no futuro.
Nas declarações efectuadas aos investigadores, tanto António Mota como Manuela Mota, também administradora da empresa, justificaram os pagamentos de 1991, 1992 e parte de 1993 a título de aquisições de obras de arte feitas a Lima e ao ex-sogro. Disseram também que Lima era consultor para a área internacional, apontando concretamente Angola como um dos países em que Lima ajudava a construtora. O ex-deputado, porém, tinha a inscrição suspensa na Ordem dos Advogados e nunca declarou ao Fisco estes rendimentos.
Tanto em relação à Mota e Companhia, como à Associação Nacional de Farmácias (ANF) - que pagou também milhares de contos a Lima e ainda as obras feitas num dos seus apartamentos de Lisboa -, o ex-líder parlamentar do PSD funcionou como um avençado no Parlamento.
De outras empresas, como a Altair Lda. e a Portline S.A., Duarte Lima recebeu dinheiro a título de "despesas confidenciais" e "saídas de caixa".
VÍCIO DAS ANTIGUIDADES
Um dado essencial da ocultação de dinheiro detectada nesta investigação foi o da aquisição de antiguidades e obras de arte. "Tudo aponta no sentido de ser um coleccionador, visto que raramente procederá a vendas", escreve o inspector Carlos Pascoal. São registadas nas perícias financeiras algumas transacções. Só a três comerciantes de arte Lima comprou 250 mil contos em antiguidades e peças num curto espaço de tempo.
Também aqui a lei era favorável a Duarte Lima: "As dificuldades de controlo das actividades de transacções deste tipo de objectos e consequente possível utilização como técnica de dissimulação de capitais são reconhecidas no preâmbulo do decreto-lei 325-95 (branqueamento de capitais), designadamente mencionando a não sujeição de tais actividades a regras específicas e a inexistência de uma autoridade de supervisão", alertam os investigadores. A criminalização do branqueamento e do tráfico de influências só ocorrem depois de Outubro de 1995, quando o Governo já é do PS e liderado por António Guterres. A bancada do PSD chefiada por Duarte Lima várias vezes recusou criminalizar este tipo de crimes.
PARAÍSOS FISCAIS
A abertura de contas na Suíça e a utilização de paraísos fiscais para branquear dinheiro são hoje expedientes vulgares. À época, porém, o seu conhecimento em casos concretos era raro. Com um segredo bancário inexpugnável, a Suíça era um paraíso para ocultar capitais. Duarte Lima tinha contas no Swiss Bank Corporation, em Basileia, e daí transferiu dinheiro para a Cosmatic Properties, Ltd., uma empresa offshore que utilizou para várias aquisições.
As autoridades suíças, porém, nunca forneceram os elementos bancários pretendidos pela investigação portuguesa porque Duarte Lima e a ex-mulher se opuseram a que tal acontecesse, impedindo judicialmente que a carta rogatória expedida pelas autoridades portuguesas fosse cumprida.
TESTAS-DE-FERRO
Os ganhos na bolsa foram a grande justificação de Duarte Lima para uma parte do património. Declarou ter ganho 60 mil contos, mas foram detectados investimentos feitos em seu nome mas formalmente pertencentes a outras pessoas. Em dois dos casos detectados tratava-se de empresas de construção civil: a Severo de Carvalho, a que Lima tinha grande ligação, e a Sociedade de Construções Translande.
Foram descobertas contas co-tituladas por Lima e algumas dessas pessoas ou empresas, mas tinham um movimento quase nulo. Pelo contrário, os investimentos mais significativos na bolsa corriam exclusivamente por contas do ex-deputado.
UM ESTRANHO MILHÃO
A diferença entre os valores declarados ao Fisco e o movimentado nas contas é esmagadora e mostra um enriquecimento que Duarte Lima nunca conseguiu explicar. Os rendimentos declarados em sede de IRS, que não incluíram os movimentos de bolsa por não se encontrarem sujeitos a tributação, totalizaram 182 mil contos, entre 1987 e 1995. Mas o dinheiro movimentado nas contas tituladas por Lima apenas entre 1986 e 1994 é superior a um milhão de contos.
Não há como registar as palavras dos próprios investigadores: "O total de depósitos realizados nas contas tituladas pelo arguido Duarte Lima, entre 1986 e 1994, ultrapassou um milhão de contos, atingindo nos anos de 1992 a 1994 os 640 mil contos". Tudo claro, numa investigação que não teve escutas telefónicas nem buscas a casa do arguido.
DE POBRE A BARÃO CAVAQUISTA (ASCENSÃO E QUEDA DE UM MENINO DE CORO DESLUMBRADO COM O PODER)
É o primeiro registo oficial do deputado Domingos Duarte Lima na Assembleia da República: III [1983-05-31 a 1985-11-03] - Círculo Eleitoral: Bragança - Grupo Parlamentar: PSD. Em Maio de 1983, quando se estreia no seu lugar no hemiciclo de S. Bento, Duarte Lima ainda não tinha completado os 28 anos. Haveria de os celebrar seis meses mais tarde, em Novembro. Mas a sua vida política não começa no Parlamento: dois anos antes, em 1981, inicia actividade na capital como assessor político e de imprensa do ministro da Administração Interna, Ângelo Correia.
Nunca mais haveria de parar no seu caminho para o poder e para a fortuna, este rapaz nascido na Régua, em 1955, mas que viveu em Miranda do Douro até 1974. Foi primeiro deputado à Assembleia da República por Bragança de 1983 a 1995 - durante a III, IV, V e VI legislaturas. Depois promovido nas estruturas do partido fundado por Francisco Sá Carneiro, entrou nas listas por Lisboa, de 1999 a 2002, na VIII Legislatura. Voltaria novamente a concorrer por Bragança, de 2005 a 2009, na X Legislatura.
A carreira meteórica de deputado coincidiu com uma ascensão política fulminante. Foi o todo-poderoso vice--presidente da Comissão Política Nacional do PSD entre 1989 e 1991, presidindo ao respectivo grupo parlamentar, de 1991 a 1994, durante a segunda maioria absoluta de Cavaco Silva. Com acesso a todos os gabinetes de ministros e secretários de Estado, é um nome mágico para empresários e particulares sequiosos de influência e proveitos. Vêm então os escândalos e cai em desgraça. Primeiro um construtor civil de Mogadouro envia-lhe um fax para o Parlamento a pedir um "jeito" num concurso de obras. Depois, o semanário ‘O Independente' conta a história da casa de Nafarros.
Sucede-lhe José Pacheco Pereira, que tinha sido seu ‘vice', e Lima inicia uma travessia do deserto. Perito em súbitas reviravoltas, porém, já em 1998 e com os socialistas no poder, vence Pedro Passos Coelho e Pacheco Pereira nas eleições para a Comissão Política Distrital de Lisboa do PSD, que dirigiu até 2000, deixando o lugar para aquela que seria a futura líder social-democrata, Manuela Ferreira Leite. Lima terá gasto milhares de contos em regularização de quotas e inscrição de novos militantes, grande parte deles recrutados em bairros sociais.
POBRE E PROVINCIANO
Licenciado em Direito pela Universidade Católica, mas advogado mais de título do que de exercício, Duarte Lima ocupou muitos outros cargos, sempre numa vida faustosa, que foi justificando como podia, ou conseguia. Na lista oficial que apresentou ao Parlamento consta a sua condição de "membro da delegação portuguesa à Assembleia da NATO", mas também a ocupação de "docente universitário". Refere-se ainda ter sido condecorado com a Ordem do Mérito, atribuída pelo presidente da República de Itália.
Segundo reza a história da sua origem humilde, quinto filho numa família de nove irmãos e órfão de pai aos 11 anos, ajudava a mãe, Maria de Jesus, a vender peixe em Miranda do Douro. O pai, Adérito Lima, fora funcionário da companhia eléctrica nacional até morrer de cancro.
Quando entrou para a Universidade Católica, com uma bolsa que o livrou de pagar propinas, era olhado de lado e com indisfarçável estranheza pelos colegas. Pobre e provinciano, não se vestia como os outros. A mais tarde famosa jornalista Margarida Marante terá sido a única que lhe prestou alguma atenção. Tornou-se sua amiga. Duarte Lima oferecia-lhe alheiras feitas pela mãe. Margarida apresentava-lhe amigos, sobretudo na área do PSD. Músico predestinado desde a infância, em 1980 era maestro do coro da Católica. Pedro Santana Lopes e Pacheco Pereira assistiram a alguns dos seus concertos de órgão.
Licenciou-se tarde, com 31 anos e 14 valores, como tarde tinha entrado na universidade, depois de frequentar o Liceu D. Pedro V, onde terminou o secundário com 19 valores. O estágio de advocacia foi feito no escritório do socialista José Lamego, que seria mais tarde secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de António Guterres e então era casado com Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República.
Em finais de 1998, depois de muitos dos escândalos conhecidos nos jornais, foi atingido por uma leucemia em estado avançado, recebendo um transplante de medula, amplamente noticiado. Já curado, funda a Associação Portuguesa Contra a Leucemia, que iria criar o banco nacional de dadores de medula. Muitos médicos e dirigentes da associação sublinham a importância da exposição pública que Duarte Lima deu à doença e o papel que desempenhou.
O CONVIDADO SÓCRATES
Casou a 18 de Novembro de 1982 com Alexina Bastos Nunes, em Fátima, numa cerimónia religiosa realizada pelo bispo de Bragança, D. António José Rafael. Desta união iria resultar o único filho de Domingos Duarte Lima, Pedro Miguel. Numa relação que viria a constar dos processos de investigação da PJ, divorciou-se de Alexina em 1995, casando mais tarde, em 2000, com Paula Gonçalves. Desde que Duarte Lima se terá envolvido com a brasileira Marlete Oliveira, a sua provisória secretária que entretanto já regressou ao Brasil , o casal só partilhava o mesmo apartamento.
Com 56 anos, Duarte Lima - Domingos, para os amigos - é um homem rico e poderoso. Na luxuosa casa da av. Visconde Valmor, no centro de Lisboa, ofereceu jantares feitos pelo célebre chef Luís Suspiro. Constam das memórias dos convidados as antiguidades dispostas nos salões e as explicações excêntricas dos pratos que Suspiro vinha à sala apresentar. José Sócrates foi um dos comensais mais famosos.
O FILHO DE SEU PAI TORNOU-SE NUM TESTA-DE-FERRO
Quando Domingos Duarte Lima anunciou que estava gravemente doente, com uma leucemia, apareceram as primeiras imagens do filho, Pedro Lima, então com apenas 13 anos, uma criança. Quando o ex-líder parlamentar do PSD foi detido, o filho foi com ele, agora já com 26 anos, também arguido no mesmo processo.
Pedro Lima é suspeito de branqueamento de capitais, burla qualificada e fraude fiscal agravada, mas tudo indica estar de novo a dar a cara pelo pai. Lima, o filho, foi libertado e diz-se que não tem dinheiro para pagar a caução de 500 mil euros, ainda que seja sócio e administrador de cinco empresas.
Há quem acrescente que Lima, o pai, fez dele testa-de-ferro dos seus negócios. No dia do aniversário de Duarte Lima, Pedro lá estava como visita.
"O SEU ENRIQUECIMENTO MOSTRA A DEGRADAÇÃO DO REGIME" (Paulo Morais, professor universitário e dirigente da organização Transparência e Integridade)
Duarte Lima (DL) está preso. Mas mais do que o homem, o que está sob suspeição é o que ele simboliza e a classe política a que pertence.
Em primeiro lugar, porque DL foi o primeiro grande representante da promiscuidade excessiva entre a política e os negócios. Como tantos outros que se lhe seguiram, o então líder parlamentar do PSD acumulava o seu papel de representante do Povo e do Estado Português com as funções de consultor de grupos que faziam negócios com esse mesmo Estado, como o grupo Mota. Assessorava até entidades cuja actividade depende de despachos administrativos do Governo, como a Associação Nacional de Farmácias e outros. Quem servia então Duarte Lima? O Povo que o elegera ou as empresas que lhe pagavam?
Além do mais, DL esteve ligado a negócios com o banco que constitui o maior escândalo empresarial deste regime, o BPN. Consta ainda que, como todos os grandes vigaristas do regime, andou a comprar terrenos baratos, valorizando-os depois através da influência política nas câmaras e no Governo. Realizava assim fortunas com as vendas imobiliárias, mas também com os esquemas de financiamentos que hipervalorizavam as garantias.
Duarte Lima está preso. Mas os vícios de um regime que ele, melhor do que ninguém, representa continuam impunemente à solta. Toda a sua vida política e empresarial, todo o seu enriquecimento, são representativos do quanto este regime se degradou.
NOTAS
POLÍTICA
Duarte Lima inicia-se na vida política como assessor político do ministro da Administração Interna Ângelo Correia.
FAMÍLIA
Quinto filho numa família de nove irmãos e órfão de pai aos 11 anos, ajudava a mãe a vender peixe em Miranda do Douro.
ESCÂNDALO
Um construtor civil de Mogadouro enviou-lhe um fax para o Parlamento a pedir um "jeito" num concurso de obras.
A história incompleta de Duarte Lima...
Desde os anos 80 que Duarte Lima está envolto em negócios e em contradições.Enriqueceu rapidamente e, apesar dos rendimentos
inexplicados e de aparentes esquemas para esconder o património, nunca foi acusado pela Justiça
BOLSA
Esta é a versão de Duarte Lima para ter começado a enriquecer: em 1987 apostou 20 mil contos (¤100 mil) na Bolsa de Lisboa.Em dois anos..., terá tido 80 mil contos de lucro líquido, aproveitando a euforia dos mercados.
VIA VENETTO
Nesse ano, o advogado compra um andar de luxo no edifício Via Venetto, situado na avenida João XXI, em Lisboa (antes vivia num modesto andar em Linda-a-Velha, que venderia por 8 mil contos em 1989). Com uma área de 300m2. Lima disse que o comprou por 36 mil contos. O construtor afirmou que foi por 50 mil contos. Nunca se soube ao certo o valor real. O advogado não celebrou o contrato de compra e venda e, aproveitando um buraco na lei, também não pagou o imposto de sisa. O Via Venetto é do construtor José Cristóvão, que se recusou a falar ao Expresso.
DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS
Na declaração de rendimentos entregue ao Tribunal Constitucional (TC) em 1991, mantém como património o apartamento de Linda-a-Velha (que já tinha sido vendido) e uma moradia em Miranda do Douro, que tinha comprado para a mãe em 1978. Esqueceu-se do Via Venetto.
EDIFÍCIO VALMOR
Em 1993, mudou-se para um edifício a poucos metros, do mesmo construtor. Os dois apartamentos do 11a andar no Edifício Valmor foram
geminados e têm 600m2, com um valor que na altura rondaria os 230 mil contos. Duarte Lima declarou 45 mil contos na escritura e só por um dos apartamentos. O outro andar ficou em nome da mãe do seu adjunto no Parlamento e sócio no escritório de advogados, Vítor Fonseca. Apesar de o piso inteiro ter sido desenhado de origem para ser um único apartamento.Em sua defesa, Lima alegou que tinha um contrato de aluguer de 200 contos por mês com Emília Fonseca.
QUINTA DE NAFARROS
Entre 1993 e 1994, Lima comprou seis terrenos em Nafarros, Sintra, juntando-os numa única propriedade de três hectares. As escrituras foram feitas em nome de Alda Lima de Deus, uma sobrinha (que também não falou ao Expresso) sem rendimentos.As escrituras referiam 31 mil contos, mas, segundo uma investigação do jornal "O Independente", na altura terão sido gastos 141.500 contos com as compras. Quer Alda quer os vendedores tinham como procurador Vítor Fonseca, o homem de confiança do advogado. O arquiteto que desenhou os muros da quinta admitiu que foi Lima quem o contratou. O então deputado argumentou que a sobrinha representava um empresário do norte, que também não quis falar com o Expresso.
CRÉDITO E BMW
Na sequência do escândalo de Nafarros, deixa a liderança da bancada laranja, sendo substituído por Pacheco Pereira. O novo líder parlamentar mandou suspender um cartão de crédito do PSD que Lima usava e que não tinha limite de gastos e mostrou o desagrado pelo facto de ter devolvido tardiamente o BMW de serviço. O advogado só terá conseguido justificar um terço dos gastos feitos com o cartão.
DÍVIDA AO FISCO
Ao jornal "O Independente", Duarte Lima disse que o seu património e os seus rendimentos foram objeto de inspeção pelas Finanças e que nenhuma irregularidade tinha sido encontrada.O jornal desmentiu-o, com a confirmação do diretor-geral dos Impostos, de que estava em andamento uma execução fiscal contra o advogado por uma dívida de 800 contos de IVA.
CEM CONTAS
No decurso da investigação aos negócios imobiliários (que viria a ser arquivada), a PJ descobriu, em 1997, que o advogado tinha cem contas bancárias, em Portugal e no estrangeiro. Lima tinha dito às autoridades que só possuía meia dúzia. Foi apurado que, entre 1986 e 1994, recebeu um milhão de contos em depósitos (750 mil em cash), valor muito superior ao declarado às finanças (entre 1987 e 1995 declarou 180 mil contos). Na altura, justificou ao Expresso: "Os depósitos nas contas não significam que sejam sempre rendimentos tributáveis".
QUINTA DO LAGO
Entre 2002 e 2003, construiu uma mansão na Quinta do Lago, que registou em nome de uma offshore com o valor de ¤5,8 milhões. Essa
casa está agora à venda por ¤10 milhões.
BPN
Desde 2002 tem vindo a contrair empréstimos no BPN, mantendo uma relação próxima com o banqueiro Oliveira Costa.Deve ¤5,8 milhões
ao banco, estando sob investigação do MP, por suspeita de fraude e burla.
DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS II
Na sua condição de deputado, não incluiu a casa da Quinta do Lago e os créditos no BPN nas declarações de rendimentos entregues em
2002, 2005 e 2009- Já em 2011, depois de publicamente conhecido o montante do empréstimo ao banco, Lima corrigiu a declaração alegando
que tinha sido um lapso.
Carlos José Gomes Pimenta
Carlos Gomes Pimenta, professor Catedrático da Faculdade de
Economia da U.Porto (FEP) e Director do Observatório de Economia e Gestão
de Fraude (OBEGEF), acaba de ser distinguido com o prémio Outstanding
Achievement in Outreach / Community Service, atribuído pela Association
of Certified Fraud Examiners (ACFE), a maior organização mundial de
combate à fraude.
Através deste galardão, a ACFE pretende premiar o trabalho levado a
cabo por Carlos Pimenta e pelo OBEGEF no estudo e combate à fraude,
realçando a sua "contribuição notável em prol da comunidade". Esta é, de
resto, a primeira vez que este prémio, com grande notoriedade a nível
internacional, é entregue a um português.
A ACFE é a principal associação internacional de especialistas em
combate e prevenção da fraude e tem como missão "reduzir a incidência de
fraudes e crimes de colarinho branco" em todo o mundo. "Com sede em
Austin, EUA, este organismo conta com secções em diversos países do
mundo e mais de 60 mil membros.
Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (actual ISEG), Carlos Pimenta
é professor da FEP desde 1975 (catedrático desde 1997) e coordenador da
Pós-Graduação em Gestão de Fraude da EGP-UPBS. Autor de uma vasta obra
científica nas áreas de Economia Portuguesa e Economia Africana (é
membro fundador do Centro de Estudos Africanos da U.Porto), foi
Pró-Reitor da Universidade do Porto para a Informatização Administrativa
e para a Cooperação com África, entre 1988 e 1998.
Os ACFE Outstanding Achievement Awards serão entregues durante 23rd
Annual Fraud Conference & Exhibition da ACFE, a decorrer em
Orlando, na Flórida (EUA), de 17 a 22 de junho de 2012.
Carlos Zorrinho
O líder parlamentar dos socialistas repetiu que o PS tinha no Parlamento dois BMW série 5 e dois Audi 4 em sistema de renting.
“O contrato acabou. Decidimos que a solução mais económica. Passar para aluguer de longa duração e alugar um Audi A5 e 3 VW Passat. Só quem não sabe o que é a actividade da AR [Assembleia da República] é pode imaginar que um GP pode não ter carros para os deputados que são solicitados para participar diariamente em actividades da sociedade civil em todo o País”, afirma.
O socialista revela mais uma vez que o grupo parlamentar paga mensalmente 3700 euros de renda e faz uma pergunta à qual dá resposta: “É dinheiro dos contribuintes? Claro que é. Mas quem quer uma democracia sem custos, o que verdadeiramente deseja é uma não democracia. Sem democracia os custos são ainda mais elevados mas ninguém sabe. Eu sou democrata e quero que tudo se saiba.”
No final da sua mensagem no Facebook acrescenta que até deixou “de poder usar em serviço um BMW 5 para usar um Audi 5 porque era significativamente mais barato”.
Zé desgraçadinho, parte II. Portugal volta a comover-se. Um deputado do PS confessa que, quase aos 50, sobrevive graças à ajuda dos pais. Na parte I desta saga euro-dramática, Cavaco Silva é órfão, não pode aspirar ao mesmo tipo de ajuda. Grande injustiça.
Vagamente relacionado: O líder parlamentar dos socialistas repetiu que o PS tinha no Parlamento dois BMW série 5 e dois Audi 4 em sistema de renting. “O contrato acabou. Decidimos que a solução mais económica. Passar para aluguer de longa duração e alugar um Audi A5 e 3 VW Passat. Só quem não sabe o que é a actividade da AR [Assembleia da República] é pode imaginar que um GP pode não ter carros para os deputados que são solicitados para participar diariamente em actividades da sociedade civil em todo o País”, afirma. O socialista revela mais uma vez que o grupo parlamentar paga mensalmente 3700 euros de renda e faz uma pergunta à qual dá resposta: “É dinheiro dos contribuintes? Claro que é. Mas quem quer uma democracia sem custos, o que verdadeiramente deseja é uma não democracia. Sem democracia os custos são ainda mais elevados mas ninguém sabe. Eu sou democrata e quero que tudo se saiba. No final da sua mensagem no Facebook acrescenta que até deixou “de poder usar em serviço um BMW 5 para usar um Audi 5 porque era significativamente mais barato”. Zé desgraçadinho, parte III.
Nota importante: não tenho absolutamente nada contra os deputados terem à disposição um carro de serviço. Exceptuando aqueles que trabalham por sua conta e risco, nenhum de nós pode ser obrigado a usar os seus bens pessoais no exercício da sua profissão, pondo-os ao serviço da entidade patronal. Para além disso, nem sempre é possível ou prático o uso dos maus transportes públicos que temos e pode resultar mais barato ter uma viatura de serviço do que pagar as deslocações ao preço do táxi ou de um rent-a-car. E aqui está o ponto da questão: não está escrito em lado nenhum que estas viaturas tenham obrigatoriamente que custar pelo menos 60 ou 70 mil euros, fora os juros.
11
OUT 12
|| Baby you can drive my car, Yes I'm gonna be a star…
O que o líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, parece não perceber, e nisso é acompanhado por todos os líderes parlamentares de todos os partidos e respectivas bancadas, é que o problema não reside nos custos da Democracia mas, e sobretudo nos tempos que correm, nos custos com estes protagonistas e com esta Democracia. Mas aí, e aqui, já não há nada a fazer, é tarde demais, mesmo explicando ao povo as medidas muito bem explicadinhas como é moda agora dizer-se.
…And maybe I love you, Beep beep'm beep beep yeah!
Adenda: Vir, nesta altura do campeonato, falar em diminuição do número de deputados não é populismo. Argumentar com o dinheiro gasto nos carros do grupo parlamentar é populismo. Chama-se a isto ir à merda com dois pauzinhos.
http://www.youtube.com/watch?v=Toh3OJkI3fg&feature=player_embedded
«O gabinete do deputado tem 18 m². Nenhum parlamentar tem secretária nem assessor particular. E nenhum deputado tem direito a carro com motorista.» Ao minuto 1:28s sobre os deputados suecos.
Não fez o PSZ (Partido de Sócrates e Zorrinho) do modelo nórdico uma bandeira de propaganda? Falava-se de professores, lá vinha o modelo nórdico. Energias renováveis? Modelo nórdico. Tudo exemplos para os outros. E ilações para os próprios? Ah, não o que faltava era andar de Clio, esse carro para plebeus no qual nós, elite governativa que faz comemorações à porta fechada, não se imiscui.
O dinheiro é dos contribuintes mas a democracia tem custos, diz Zorrinho. E, dizemos nós, tem mais custos cá do que lá.
Retórica de trazer por casa. Filosofia de carregar pela boca. É aquilo que Carlos Zorrinho tem para oferecer.
Não me causa urticária que um deputado ou um grupo de deputados - como se chamará a um grupo de deputados? - tenham direito a viatura de serviço. Acho normal. Até eu, uma vez, tive um patrão (pode-se dizer patrão? Ou será empreendedor?) que achou por bem disponibilizar-me uma viatura. Para uso total! Era óptimo. Fazia diferença ao fim do mês. Dava-me um jeitão. Já perceberam, não já?! Dizia eu que, acho normal. Normal na medida em que os senhores deputados que deles usufruem os paguem. E não, não pensem que acho que lhes devam ser descontados nos ordenados. Em prestações. Nada disso. Que os paguem com trabalho! Com a adequada representatividade para com o cidadão que os elege. Com competência. Com brio. Com leis bem feitas que, basicamente, é para isso que eles existem, são pagos, e têm carros de serviço! Para o que eles não existem nem são pagos é para me foderem a cabeça com lições de democracia. Com justificações de quem deve e teme.
Por tudo isto Zorrinho, vai dar uma curva. Mas devagarinho porque se algo correr mal e o popó for parar às couves, como tu mesmo dizes “É dinheiro dos contribuintes? Claro que é."
"GP" como em "garoto de programa"?
"O Líder Parlamentar dos socialistas repetiu Que o PS não tinha parlamento Dois BMW Série 5 e Audi Dois 4 EM Sistema de aluguer. 'O Contrato Acabou. Decidimos Qué um solution Mais Económica. Passar parágrafo ALUGUER de longa duração e alugar hum Audi A5 e 3 VW Passat. Só QUEM NAO SABE O Que E uma actividade da AR E PODE imaginar Quehum GP PODE NAO ter Carros parágrafo OS Deputados Que São solicitados parágrafo Participar Diariamente los Actividades da Sociedade Civil los Todo o País " (Aqui )
.. . e, não Registo MESMO (GP Que E GP de Luxo NAO E GP brega):"QUALQUÉR dia querem Que o Presidente DO GP DO PS ande de Clio QUANDO se desloca los funções OFICIAIS" (... DISCUSSÃO "ridícula" , alias)
Nota importante: não tenho absolutamente nada contra os deputados terem à disposição um carro de serviço. Exceptuando aqueles que trabalham por sua conta e risco, nenhum de nós pode ser obrigado a usar os seus bens pessoais no exercício da sua profissão, pondo-os ao serviço da entidade patronal. Para além disso, nem sempre é possível ou prático o uso dos maus transportes públicos que temos e pode resultar mais barato ter uma viatura de serviço do que pagar as deslocações ao preço do táxi ou de um rent-a-car. E aqui está o ponto da questão: não está escrito em lado nenhum que estas viaturas tenham obrigatoriamente que custar pelo menos 60 ou 70 mil euros, fora os juros.
11
OUT 12
|| Baby you can drive my car, Yes I'm gonna be a star…
O que o líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, parece não perceber, e nisso é acompanhado por todos os líderes parlamentares de todos os partidos e respectivas bancadas, é que o problema não reside nos custos da Democracia mas, e sobretudo nos tempos que correm, nos custos com estes protagonistas e com esta Democracia. Mas aí, e aqui, já não há nada a fazer, é tarde demais, mesmo explicando ao povo as medidas muito bem explicadinhas como é moda agora dizer-se.
…And maybe I love you, Beep beep'm beep beep yeah!
Adenda: Vir, nesta altura do campeonato, falar em diminuição do número de deputados não é populismo. Argumentar com o dinheiro gasto nos carros do grupo parlamentar é populismo. Chama-se a isto ir à merda com dois pauzinhos.
http://www.youtube.com/watch?v=Toh3OJkI3fg&feature=player_embedded
«O gabinete do deputado tem 18 m². Nenhum parlamentar tem secretária nem assessor particular. E nenhum deputado tem direito a carro com motorista.» Ao minuto 1:28s sobre os deputados suecos.
Não fez o PSZ (Partido de Sócrates e Zorrinho) do modelo nórdico uma bandeira de propaganda? Falava-se de professores, lá vinha o modelo nórdico. Energias renováveis? Modelo nórdico. Tudo exemplos para os outros. E ilações para os próprios? Ah, não o que faltava era andar de Clio, esse carro para plebeus no qual nós, elite governativa que faz comemorações à porta fechada, não se imiscui.
O dinheiro é dos contribuintes mas a democracia tem custos, diz Zorrinho. E, dizemos nós, tem mais custos cá do que lá.
Retórica de trazer por casa. Filosofia de carregar pela boca. É aquilo que Carlos Zorrinho tem para oferecer.
Não me causa urticária que um deputado ou um grupo de deputados - como se chamará a um grupo de deputados? - tenham direito a viatura de serviço. Acho normal. Até eu, uma vez, tive um patrão (pode-se dizer patrão? Ou será empreendedor?) que achou por bem disponibilizar-me uma viatura. Para uso total! Era óptimo. Fazia diferença ao fim do mês. Dava-me um jeitão. Já perceberam, não já?! Dizia eu que, acho normal. Normal na medida em que os senhores deputados que deles usufruem os paguem. E não, não pensem que acho que lhes devam ser descontados nos ordenados. Em prestações. Nada disso. Que os paguem com trabalho! Com a adequada representatividade para com o cidadão que os elege. Com competência. Com brio. Com leis bem feitas que, basicamente, é para isso que eles existem, são pagos, e têm carros de serviço! Para o que eles não existem nem são pagos é para me foderem a cabeça com lições de democracia. Com justificações de quem deve e teme.
Por tudo isto Zorrinho, vai dar uma curva. Mas devagarinho porque se algo correr mal e o popó for parar às couves, como tu mesmo dizes “É dinheiro dos contribuintes? Claro que é."
"GP" como em "garoto de programa"?
"O Líder Parlamentar dos socialistas repetiu Que o PS não tinha parlamento Dois BMW Série 5 e Audi Dois 4 EM Sistema de aluguer. 'O Contrato Acabou. Decidimos Qué um solution Mais Económica. Passar parágrafo ALUGUER de longa duração e alugar hum Audi A5 e 3 VW Passat. Só QUEM NAO SABE O Que E uma actividade da AR E PODE imaginar Quehum GP PODE NAO ter Carros parágrafo OS Deputados Que São solicitados parágrafo Participar Diariamente los Actividades da Sociedade Civil los Todo o País " (Aqui )
.. . e, não Registo MESMO (GP Que E GP de Luxo NAO E GP brega):"QUALQUÉR dia querem Que o Presidente DO GP DO PS ande de Clio QUANDO se desloca los funções OFICIAIS" (... DISCUSSÃO "ridícula" , alias)
Carlos Moedas
Os arautos da transparência, têm como adjunto do primeiro-ministro, o senhor Carlos Moedas, que se veio agora a saber ter 3 empresas ligadas às Finanças, aos Seguros e à Imagem e Comunicação, tendo tido como sócios, Pais do Amaral, Alexandre Relvas e Filipe de Button a quem comprou todas as quotas em Dezembro passado.
Como clientes tem a Ren, a EDP, o IAPMEI, a ANA, a Liberty Seguros entre outros.
Nada obsceno para quem é adjunto de PPC!
E não é que o bom do Moedas até comprou as participações dos ex-sócios para "oferecer" o bolo inteiro à mulher???!!!!. Disse ele à Sábado.
Não esquecer ainda que o Carlos Moedas é um dos homens de confiança do Goldman Sachs, a cabeça do Polvo Financeiro Mundial, onde estava a trabalhar antes de vir para o Governo.
Também o António Borges é outro ex-dirigente do Goldman e que agora está a orientar(!?!?) as Privatizações da TAP, ANA, GALP, Águas de Portugal, etc.
Adoro estes liberais de trazer por casa, dependentes do Estado, quer para um emprego, quer para os seus negócios.
Lamentavelmente, a política económica suicidária da UE, que resultou nas tragédias que ja todos conhecem, acresce a queda do Governo Holandês (ironicamente, acérrimo defensor da austeridade) e o agravamento da recessão em Espanha. Por conseguinte, a zona euro vê o seu espaço de manobra cada vez mais reduzido e os ataques dos especuladores são cada vez mais mortíferos. Vale a pena lembrar uma vez mais que o Goldman and Sachs, o Citygroup, o Wells Fargo, etc. apostaram biliões de dólares na implosão da moeda única. Na sequência dos avultadíssimos lucros obtidos durante a crise financeira de 2008 e das suspeitas de manipulação de mercado que recaíam sobre estas entidades, o Senado norte americano levantou um inquérito que resultou na condenação dos seus gestores. Ficou também demonstrado que o Goldman and Sachs aconselhou os seus clientes a efectuarem investimentos no mercado de derivados num determinado sentido. Todavia, esta entidade realizou apostas em sentido contrário no mesmo mercado. Deste modo, obtiveram lucros de 17 biliões de dólares (com prejuízo para os seus clientes).
Estes predadores criminosos, disfarçados de banqueiros e investidores respeitáveis, são jogadores de póquer que jogam com as cartas marcadas e, por esta via, auferem lucros avultadíssimos, tornando-se, assim, nos homens mais ricos e influentes do planeta. Entretanto, todos os dias são lançadas milhões de pessoas no desemprego e na pobreza em todo o planeta em resultado desta actividade predatória. Tudo isto, revoltantemente, acontece corn a cumplicidade de governantes e das autoridades reguladoras. Desde a crise financeira de 1929 que o Goldman and Sachs tem estado ligado a todos os escândalos financeiros que envolvem especulação e manipulação de mercado, com os quais tem sempre obtido lucros monstruosos. Acresce que este banco tem armazenado milhares de toneladas de zinco, alumínio, petróleo, cereais, etc., com o objectivo de provocar a subida dos preços e assim obter lucros astronómicos. Desta maneira, condiciona o crescimento da economia mundial, bem como condena milhões de pessoas a fome.
No que toca a canibalização económica de um país a fórmula é simples: o Goldman, com a cumplicidade das agências de rating, declara que um governo está insolvente, como consequência as yields sobem e obriga-o, assim, a pedir mais empréstimos com juros agiotas. Em simultâneo impõe duras medidas de austeridade que empobrecem esse pais. De seguida, em nome do aumento da competitividade e da modernização, obriga-os a abrir os seus sectores económicos estratégicos (energia, águas, saúde, banca, seguros, etc.) às corporações internacionais.
Como as empresas nacionais estão bastante fragilizadas e depauperadas pelas medidas de austeridade e da consequente recessão não conseguem competir e acabam por ser presa fácil das grandes corporações internacionais.
A estratégia predadora do Goldman and Sachs tem sido muito eficiente. Esta passa por infiltrar os seus quadros nas grandes instituições políticas e financeiras internacionais, de forma a condicionar e manipular a evolução política e económica em seu favor e em prejuízo das populações. Desta maneira, dos cargos de CEO do Banco Mundial, do FMI, da FED, etc. fazem parte quadros oriundos do Goldman and Sachs. E na UE estão: Mário Draghi (BCE), Mário Monti e Lucas Papademos (primeiros-ministros de Itália e da Grécia, respectivamente), entre outros. Alguns eurodeputados ficaram estupefactos quando descobriram que alguns consultores da Comissão Europeia, bem como da própria Angela Merkel, tem fortes ligações ao Goldman and Sachs. Este poderoso império do mal, que se exprime através de sociedades anónimas, está a destruir não só a economia e o modelo social, como também as impotentes democracias europeias.
Texto de Domingos Ferreira
Professor/Investigador Universidade do Texas, EUA, Universidade Nova de Lisboa In
Carlos César
Um vómito - por Francisco Moita Flores
Obs. de JCR: é vergonhoso, vexatório, discriminador e imoral!. Só lembro que o verdadeiro César (Júlio) foi assassinado por alguns senadores!
O subsídio de César não foi para os funcionários pobres das ilhas. Foi para
aqueles que mais ganham.Carlos César, presidente do Governo Regional dos
Açores, tornou-se o ilustrativo exemplo de como a política, quando já se
julga que não pode descer mais baixo, ainda tem mais um degrau para descer
no mundo da amoralidade. Os subsídios aos funcionários atingidos pelos
cortes nos vencimentos, que segundo ele não ultrapassam três milhões de
euros, nem chegam a ser uma medida populista.
Atingem um núcleo restrito de técnicos superiores, chefes de divisão,
directores e subdirectores, nos quais se incluem naturalmente o contingente
dos seus mais leais serviçais políticos. Os 'boys' de César. Não tem a ver
com ultraperiferia nem com a atracção de novos quadros, como alguém
argumentou, pois não vai surgir desta decisão cesarista um movimento
migratório de quadros técnicos para os Açores. Tem apenas a ver com ambição
e perfil de quem nos governa. Tido como um dos eventuais substitutos de
Sócrates, o que daqui resulta é que quer atingir Sócrates. Não pela criação
de uma política nobre, mas à cotovelada.
O subsídio de César não foi para os funcionários pobres das ilhas. Foi para
aqueles que mais ganham, e ao mesmo tempo um valente pontapé no Governo
central do seu Partido. Em nome dos Açores? Não. Em nome da Autonomia? Não.
Em nome dos interesses estratégicos de César. Um general que não alimenta as
tropas corre o risco de deserções.
A sua decisão não foi apenas uma afronta ao Governo da República. É um
escárnio sobre os funcionários que nas mesmas condições, em zonas mais
pobres do que os Açores, estão comprometidos com o apertar do cinto
orçamental. É o desprezo absoluto pela política nacional por troca com os
prémios de jogo que decidiu pagar às suas clientelas regionais. Diz que este
ano a massa resulta de umas obra num campo de futebol que não se farão. E
para o ano? E para o ano seguinte? É claro que acabarão por pagar aqueles
que viram no resto do país os seus salários cortados. Não admira pois que
esta mediocridade moral nem consiga receber o apoio do seu Partido.
É levar demasiado longe o caciquismo. Aos limites do vómito. Porém,
regozija-se o Bloco de Esquerda, o símbolo maior do refilanço pré-juvenil
com e sem causas. E.... *Manuel Alegre! É doloroso ver um candidato a
Presidente da República preso a esta imundície moral por necessidade de
votos. *Dirão alguns que é coisa menor comparando com os muitos milhões do
BPN e de outros imbróglios afins. Seria verdade se o dinheiro fosse a medida
de todas as coisas. Mas não é. A maior das medidas é o sentido de Pátria,
assumida com elevada responsabilidade e rigor. E isto César não sabe o que
é.
quarta-feira, 24 de julho de 2013
BPN: A promiscuidade e, claro, o roubo
O chamado "caso BPN" é o maior exemplo da promiscuidade existente entre a política e o sector financeiro - além de um roubo, naturalmente. A factura desta gigantesca fraude levará anos a ser paga pelos contribuintes, que esperam os resultados da investigação policial e vão assistir à segunda comissão de inquérito. Ao fim de todos estes anos, infelizmente, continuamos a não ter certezas, nem sequer sobre se a nacionalização do BPN foi a melhor solução. Até disto já podemos duvidar, sobretudo quando o valor da factura desta decisão, que ainda não está completamente auditada, parece não parar de crescer. Visto da actualidade, o "risco sistémico" que foi na altura arguido em favor desta opção parece não valer a sangria ao Estado feita através da intervenção da Caixa Geral de Depósitos. Por outro lado, também nunca foi explicada de forma clara a relação do Presidente Cavaco Silva com os seus "amigos", pessoais e políticos, em particular a permuta do terreno onde construiu a casa de férias na Quinta da Coelha, avaliado pelo mesmo valor da casa de Montechoro, ficando assim isento de impostos - um negócio que, avaliado à luz do mercado imobiliário, tem todos os ingredientes para fazer inveja a qualquer outro português. Mais uma vez, apesar das várias tentativas, e das perguntas que endereçámos ao Presidente, não houve respostas.
Este trabalho jornalístico que começamos hoje a publicar coincide com o arranque de uma segunda comissão de inquérito, que vai da nacionalização à reprivatização (a venda ao BIC), sem esquecer o passado e as conclusões do anterior inquérito parlamentar. Do que se trata é de facultar aos leitores o máximo de informação possível sobre este caso, para que todos possam formar a sua opinião. Para isso, recorremos a inúmeras conversas, à consulta de milhares de documentos, num trabalho que levou meses a ser executado.
A discussão política é importante. Mas o verdadeiramente fundamental é que, em qualquer circunstância, se apure no plano judicial tudo aquilo que houver para apurar. Não é tolerável que na sociedade portuguesa continue a fazer caminho a perigosa ideia de que a justiça é cega perante os poderosos. As evidências deste caso são muitas. Os cidadãos não deixarão de estar atentos quer à coragem dos políticos quer à vontade dos investigadores.
Um banco que dava milhões a quem pedia
por DN.ptHoje
Enquanto ao comum dos mortais eram exigidos uma pilha de documentação e garantias para assegurar um empréstimo para a compra da casa, durante vários anos o BPN estendeu uma passadeira vermelha a um grupo restrito de pessoas: dos processos que decorrem nos tribunais e das auditorias realizadas nos últimos anos, percebe-se que praticamente bastava pedir crédito.
Sendo que Oliveira e Costa parecia ter uma especial predilecção por terrenos, já que grande fatia deste tipo de crédito tinha como finalidade o investimento no sector imobiliário. O DN faz uma radiografia sobre os maiores créditos concedidos, passando por contratos de publicidade com Scolari e Figo e ainda os pagamentos feitos em numerário a membros do antigo conselho de administração do banco
Miguel Cadilhe continua convicto de que tinha a solução para o BPN com um custo mínimo, de 600 milhões, para os contribuintes.
O economista, que presidiu seis meses ao grupo BPN/SLN, conta que encontrou "ilicitudes graves e negócios ruinosos" e acusa o Banco de Portugal de inoperância e silêncio. Crítica a opção de Teixeira dos Santos pela nacionalização e acusa Vítor Constâncio de nada ter feito na fase das "desonestidades" e de ter sido enérgico na oposição ao seu trabalho: "Asfixiou o BPN privado".
Ascenção e queda do 'Zeca Diabo'
por DN.ptHoje
Oliveira e Costa ia de bicicleta para o primeiro emprego, mas alcançou outra velocidade. Esta é a história do bancário "autoritário e desconfiado" (diz quem trabalhou com ele) que só queria "criar riqueza para o bem da sociedade".
"Eu, na vida, sempre preferi ser invejado do que lastimado." Dez anos depois, a frase cola-se, com ironia, ao perfil de José Oliveira e Costa. O rapaz que ia para o trabalho de bicicleta, mas depressa se tornou o ministro do carro desportivo "berrante" e no banqueiro "de sucesso" mais badalado do País, era invejado, sim. Mas dele pouco resta. Hoje, caído em desgraça, o homem "centralizador e autoritário" é lastimado pelos poucos que dele aceitam falar. E deixa uma grande história para contar.
Cavaco e amigos do BPN têm segurança permanente
por DN.ptHoje
DN teve acesso à escritura da permuta que Cavaco Silva alegou não se lembrar onde tinha assinado. Presidente trocou pelo mesmo valor a casa de férias em Montechoro por uma na Aldeia da Coelha, ao pé de Oliveira e Costa e Fernando Fantasia. Há dois militares da GNR em serviço permanente ao longo de todo o ano.
Chamam-lhe Urbanização da Coelha, mas da estrada das Sesmarias, Albufeira, não há qualquer indicação com esse nome. Uma mulher que passa na berma da estrada explica que "se tem de seguir a placa do Hotel Baía Grande" para chegar à casa de férias do "senhor Presidente"
A fraude que pode custar 8,3 mil milhões
por DN.ptHoje
Fotografia © Diogo Maia/Global Imagens
O Estado já gastou 3,55 mil milhões de euros com o BPN, mas a factura pode chegar aos 8,3 mil milhões. Até sexta-feira, o DN mostra como se chegou a este 'buraco', a teia de negócios que 'cheira' a fraude, os protagonistas das diferentes fases do BPN, os 356 processos em curso por todo o País, a supervisão do Banco de Portugal e a venda ao BIC.
O dinheiro público preso ao Banco Português de Negócios chegaria para pagar os subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos até 2015, altura prevista pelo Governo para a sua reposição gradual. Até agora o Estado já gastou com a nacionalização do BPN 3,5 mil milhões de euros, mas no pior dos cenários o banco vendido ao BIC, por 40 milhões, poderá custar aos bolsos dos contribuintes 8,3 mil milhões. Uma factura que pode variar de acordo com o que render os despojos do BPN que ficaram nas mãos do Estado.
O custo final é, para já, impossível de contabilizar com precisão, mas os portugueses podem saber detalhadamente o ónus que arriscam a pagar de uma despesa contraída, sobretudo, por bancários, administradores e políticos e cuja data-limite de pagamento está afixada para 2020. Nessa altura, daqui a oito anos, as sociedades veículo criadas para abrigar o "bad bank" (as coisas más do banco, que o Governo retirou do negócio da venda) terão de estar liquidadas. Até lá, os impostos dos contribuintes vão pagar uma instituição bancária que "cheira" a fraude e que já levou ao banco dos réus 16 arguidos, entre eles José Oliveira e Costa, que presidiu o banco entre 1998 e 2008.
Com a ajuda de economistas, especialistas da banca, documentos internos do banco, do Governo e da União Europeia o DN fez as contas, para ajudar o contribuinte a perceber a factura detalhada do que vai pagar e a potencial perda associada à primeira nacionalização dos últimos 30 anos.
Entre o que o Estado pode vir a suportar há uma "bomba-relógio" que se destaca e assusta os mais atentos: os 3,9 mil milhões de euros que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem de exposição nas empresas (veículos) criadas para absorver os ativos tóxicos do BPN para permitir o negócio da reprivatização. Tavares Moreira, governador do Banco de Portugal entre 1986 e 1992, explica que "só quando estes veículos forem liquidados, o que poderá só acontecer daqui a oito anos, é que se saberá a verdadeira perda do BPN. O relatório da terceira avaliação da troika indicou que só agora irá começar o processo de liquidação dos veículos". Ou seja: ainda falta muito para se saber quanto se vai perder. A certeza é que vai ser muito, segundo garantem os economistas.
"Acredito que há poucos ativos recuperáveis e o que não for recuperável o Estado será obrigado a pagar à Caixa", acrescenta Tavares Moreira. Consideração partilhada pelo especialista em banca e professor na Universidade Nova de Lisboa, Paulo Soares Pinho, que explica que "o que passou para as sociedades-veículo são ativos que ninguém quer, muitos devem valer zero".
Governo colocou gestores a ganhar 17 mil euros/mês
por DN.ptHoje
Mesmo sendo do Estado, o BPN continuou com hábitos antigos de pagar bem à administração. Em 2009, o presidente, Francisco Bandeira, acumulou os 15 350 euros de salários como 'vice' da CGD com os 63 070 do BPN, tornando-se o mais bem pago da Caixa, superando Faria de Oliveira. Os vogais do Conselho de Administração ganharam, cada um, mais de 600 mil euros ao longo dos três anos que estiveram no banco
O banco estava falido, mas tal não impediu que os administradores nomeados pelo Estado usufruíssem de salários milionários durante três anos. Cada um dos quatro vogais da administração foram para o BPN, em 2009, ganhar 16 960 euros por mês, mais do dobro do salário do Presidente da República (6958 euros).
Corrida ao crédito no BPN após nacionalização
por DN.ptHoje
Pedidos de crédito incluem grandes construtoras como a Mota-Engil e o Grupo Lena, empresas do agora comprador do BPN, Américo Amorim. Algumas públicas, como TAP e CP, também bateram à porta do banco.
Pode um banco falido ser actrativo? Pode. Sobretudo se tiver o Estado por detrás. Após a nacionalização houve uma verdadeira corrida ao crédito no BPN, que incluiu vários grandes grupos privados do País. Mota-Engil, Grupo Lena, Soares da Costa, Amorim, Visabeira e Sonae fazem parte das mais de meia centena de empresas que em apenas três meses (de março a maio de 2009) procuraram financiar-se junto do banco, de acordo com as agendas do Conselho de Crédito do BPN, a que o DN teve acesso.
Caras do BPN deram 130 mil para campanha do Presidente
por DN.ptHoje
Lista presente nas contas do Tribunal Constitucional mostra que onze figuras com ligações à SLN contribuíram com 6% dos donativos particulares da campanha de 2006, que no total rondaram os dois milhões de euros.
O BPN atingiu o coração do cavaquismo. Utilizando a expressão "tiro ao Cavaco", da autoria de Marcelo Rebelo de Sousa, o processo BPN é claramente uma das balas mais perigosas para o atual Presidente da República (PR). Além dos negócios com o banco (ainda que altamente lucrativos, todos legais) e de ex-ministros seus estarem envolvidos, o DN descobriu 11 figuras ligadas à Sociedade Lusa de Negócios (SLN) entre os financiadores da corrida de Cavaco Silva a Belém em 2006
O BPN dava um filme indiano
Não imaginam quanto lamento não ter o tempo nem o talento para digerir os 70 volumes e 700 apensos do caso BPN e escrever um thriller baseado nos factos reais da maior fraude portuguesa do século. A realidade supera sempre a ficção. Duvido que John Grisham fosse capaz de imaginar a cena do juiz presidente do coletivo ter de fazer uma coleta para comprar no IKEA uma estante para arrumar o processo - que lhe foi negada pela DG da Justiça.
A galeria de personagens é estupenda. Ken Follet teria de nascer duas vezes para conseguir inventar um naipe tão rico, denso e variado. No protagonista, Oliveira e Costa, que por alguma razão era conhecido na sua terra (Esgueira) como Zeca Diabo, e que munido de um cartão laranja subiu na vida ao ponto de chegar a secretário de Estado.
Saído do Governo de Cavaco, na sequência de um perdão fiscal mais que suspeito a empresas de Aveiro (Cerâmica Campos, Caves Aliança), foi recompensado pelo seu amigo com uma vice-presidência do BEI, apesar de ter um inglês ainda mais rudimentar que o de Zezé Camarinha.
Amigo do seu amigo, Costa comprou, em 2001, um lote de ações da SLN (dona do BPN), a 2,4 euros cada, que revendeu com prejuízo (a um euro/acção) ao amigo algarvio (o Aníbal, não o Zezé) e à filha dele. Menos de dois anos depois, Cavaco e Patrícia venderam as ações com um lucro de 140% - ele ganhou 147 mil euros, ela 209 mil. Nada mau.
Quando o naufrágio foi evidente, Zeca Diabo teve a dignidade de ir ao fundo com o barco, aceitou fazer de único responsável pelas patifarias. Em recompensa pela imolação, foi libertado devido "ao seu estado de saúde e por se encontrar em carência económica".
O elenco de atores secundários também é muito atraente e diversificado. Por exemplo, Manel Joaquim (Dias Loureiro), o filho de comerciantes de Linhares da Beira que chegou a ministro, conselheiro de Estado e administrador-executivo do BPN, carreira em que fez fortuna ao ponto de poder comprar, por 2,5 milhões de euros, à viúva de Jorge Mello, uma mansão no Monte Estoril.
Temos também Vítor Constâncio que, apesar de usar óculos e ser o governador do Banco de Portugal, foi o último a ver a falcatrua, anos depois da Deloitte, Exame e Jornal de Negócios terem alertado para o assunto.
E ainda Scolari, que recebia 800 mil euros/ano, Figo (apenas 400 mil/ano) e Vale e Azevedo, que sacou dois milhões (passaram-lhe o cheque antes de verificarem as garantias), e tantas outras figuras do nosso Gotha que lucraram com um banco que tinha balcões em gasolineiras e activos tão extravagantes como 80 Mirós e uma colecção de arte egípcia.
O enredo é fabuloso. Dava um filme indiano. Só espero que, na venda ao BIC, o Estado tenha tido o bom senso de reservar os direitos de adaptação ao cinema desta história, que estou certo será disputada por
Radiografia ao BPN
A fraude que pode custar 8,3 mil milhões
Um banco que dava milhões a quem pedia
O DN leu a escritura do terreno da casa de férias de Cavaco que ficou isento de sisa, a propriedade custou 137 mil euros e foi adquirida a amigos através de permuta.
O Estado já gastou 3,55 mil milhões de euros com o BPN, mas a fatura pode chegar aos 8,3 mil milhões. A teia de negócios que 'cheira' a fraude, os protagonistas das diferentes fases do BPN os 356 processos em curso por todo o País, a supervisão do Banco de Portugal e a venda ao BIC.
Entre o que o Estado pode vir a suportar há uma "bomba-relógio" que se destaca e assusta os mais atentos: os 3,9 mil milhões de euros que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem de exposição nas empresas (veículos) criadas para absorver os ativos tóxicos do BPN para permitir o negócio da reprivatização. Tavares Moreira, governador do Banco de Portugal entre 1986 e 1992, explica que "só quando estes veículos forem liquidados, o que poderá só acontecer daqui a oito anos, é que se saberá a verdadeira perda do BPN.
Nota: Com 8.3mil milhões dava para comprar 48 aviões Airbus A380 (o maior avião comercial do mundo), 15 plantéis de futebol iguais ao do Real Madrid, 6 TGV de Lisboa a Gaia, 4 pontes para travessia do Tejo, 3 aeroportos como o de Alcochete. Para transportar os 8.3 MIL MILHÕES DE EUROS seriam necessárias 4.800 carrinhas de transporte de valores!
BPN - João Marcelino, diretor do Diario de Noticias, considera que ?é o maior escândalo financeiro da história de Portugal".
Quarta-feira, 21 de Março de 2012
Parece anedota, mas é autêntico: dia 11 de abril do ano passado, um homem armado assaltou a dependência do Banco Português de Negócios, ou simplesmente BPN, na Portela de Sintra, arredores de Lisboa e levou 22 mil euros.
Tratou-se de um assalto histórico: foi a primeira vez que o BPN foi assaltado por alguém que não fazia parte da administração do banco.
O BPN tem feito correr rios de tinta e ainda mais rios de dinheiro dos contribuintes.
Foi a maior burla de sempre em Portugal, qualquer coisa como 9.710.539.940,09 euros.
Com esses nove biliões e setecentos e dez milhões de euros, podiam-se comprar 48 aviões Airbus A380 (o maior avião comercial do mundo), 16 plantéis de futebol iguais ao do Real Madrid, construir 7 TGV de Lisboa a Gaia, 5 pontes sobre o Tejo ou distribuir 971 euros por cada um dos 10 milhões de portugueses residentes noterritório nacional (os 5 milhões que vivem no estrangeiro não seriam contemplados).
João Marcelino, diretor do Diário de Notícias, de Lisboa, considera que ?é o maior escândalo financeiro da história de Portugal. Nunca antes houve um roubo desta dimensão, ?tapado? por uma nacionalização que já custou 2.400 milhões de euros delapidados algures entre gestores de fortunas privadas em Gibraltar, empresas do Brasil, offshores de Porto Rico, um oportuno banco de Cabo Verde e a voracidade de uma parte da classe política portuguesa que se aproveitou desta vergonha criada por figuras importantes daquilo que foi o cavaquismo na sua fase executiva?.
O diretor do DN conclui afirmando que este escândalo ?é o exemplo máximo da promiscuidade dos decisores políticos e económicos portugueses nos últimos 20 anos e o emblema maior deste terceiro auxílio financeiro internacional em 35 anos de democracia. Justifica plenamente a pergunta que muitos portugueses fazem: se isto é assim à vista de todos, o que não irá por aí??
O BPN foi criado em 1993 com a fusão das sociedades financeiras Soserfin e Norcrédito e era pertença da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que compreendia um universo de empresas transparentes e respeitando todos os requisitos legais, e mais de 90 nebulosas sociedades offshores sediadas em distantes paraísos fiscais como o BPN Cayman, que possibilitava fuga aos impostos e negociatas.
O BPN tornou-se conhecido como banco do PSD, proporcionando "colocações" para ex-ministros e secretários de Estado
sociais-democratas. O homem forte do banco era José de Oliveira e Costa, que Cavaco Silva foi buscar em 1985 ao Banco de Portugal para ser secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e assumiu a presidência do BPN em 1998, depois de uma passagem pelo Banco Europeu de Investimentos e pelo Finibanco.
O braço direito de Oliveira e Costa era Manuel Dias Loureiro, ministro dos Assuntos Parlamentares e Administração Interna nos dois últimos governos de Cavaco Silva e que deve ser mesmo bom (até para fazerfalcatruas é preciso talento!), entrou na política em 1992 com quarenta contos e agora tem mais de 400 milhões de euros.
Vêm depois os nomes de Daniel Sanches, outro ex-ministro da Administração Interna (no tempo de Santana Lopes) e que foi para o BPN pela mão de Dias Loureiro; de Rui Machete, presidente do Congresso do PSD e dos ex-ministros Amílcar Theias e Arlindo Carvalho.
Apesar desta constelação de bem pagos gestores, o BPN faliu. Em 2008, quando as coisas já cheiravam a esturro, Oliveira e Costa deixou a presidência alegando motivos de saúde, foi substituido por Miguel Cadilhe, ministro das Finanças do XI Governo de Cavaco Silva e que denunciou os crimes financeiros cometidos pelas gestões anteriores.
O resto da história é mais ou menos conhecido e terminou com o colapso do BPN, sua posterior nacionalização e descoberta de um prejuízo de 1,8 mil milhões de euros, que os contribuintes tiveram que suportar.
Que aconteceu ao dinheiro do BPN? Foi aplicado em bons e em maus negócios, multiplicou-se em muitas operações ?suspeitas? que geraram lucros e que Oliveira e Costa dividiu generosamente pelos seus homens de confiança em prémios, ordenados, comissões e empréstimos bancários.
Não seria o primeiro nem o último banco a falir, mas o governo de Sócrates decidiu intervir e o BPN passou a fazer parte da Caixa Geral de Depósitos, um banco estatal liderado por Faria de Oliveira, outro ex-ministro de Cavaco e membro da comissão de honra da sua recandidatura presidencial, lado a lado com Norberto Rosa, ex-secretário de estado de Cavaco e também hoje na CGD.
Outro "social-democrata" com ligações ao banco é Duarte Lima, ex-líder parlamentar do PSD, que se mantém em prisão preventiva por envolvimento fraudulento com o BPN e também está acusado pela polícia brasileira do assassinato de Rosalina Ribeiro, companheira e uma das herdeiras do milionário Tomé Feteira.
Em 2001 comprou a EMKA, numa das offshores do banco por três milhões de euros, tornando-se tambémaccionista do BPN.
Em 31 de julho, o ministério das Finanças anunciou a venda do BPN, por 40 milhões de euros, ao BIC, banco angolano de Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos, e de Américo Amorim, que tinha sido o primeiro grande accionista do BPN.
O BIC é dirigido por Mira Amaral, que foi ministro nos três governos liderados por Cavaco Silva e é o mais famoso pensionista de Portugal devido à reforma de 18.156 euros por mês que recebe desde 2004, aos 56anos, apenas por 18 meses como administrador da CGD.
O Estado português queria inicialmente 180 milhões de euros pelo BPN, mas o BIC acaba por pagar 40 milhões (menos que a cláusula de rescisão de qualquer craque da bola) e os contribuintes portugueses vão meter ainda mais 550 milhões de euros no banco, além dos 2,4 mil milhões que já lá foram enterrados. O governo suportará também os encargos dos despedimentos de mais de metade dos actuais 1.580 trabalhadores (20milhões de euros).
As relações de Cavaco Silva com antigos dirigentes do BPN foram muito criticadas pelos seus oponentes durante a última campanha das eleições presidenciais. Cavaco Silva defendeu-se dizendo que apenas tinha sidoprimeiro-ministro de um governo de que faziam parte alguns dos envolvidos neste escândalo. Mas os responsáveis pela maior fraude de sempre em Portugal não foram apenas colaboradores políticos dopresidente, tiveram também negócios com ele.
Cavaco Silva também beneficiou da especulativa e usurária burla que levou o BPN à falência.
Em 2001, ele e a filha compraram (a 1 euro por acção, preço feito por Oliveira e Costa) 255.018 acções da SLN, o grupo detentor do BPN e, em 2003, venderam as acções com um lucro de 140%, mais de 350 mil euros.
Por outro lado, Cavaco Silva possui uma casa de férias na Aldeia da Coelha, Albufeira, onde é vizinho de Oliveira e Costa e alguns dos administradores que afundaram o BPN. O valor patrimonial da vivenda é de apenas 199. 469,69 euros e resultou de uma permuta efectuada em 1999 com uma empresa de construção civil de Fernando Fantasia, accionista do BPN e também seu vizinho no aldeamento.
Para alguns portugueses são muitas coincidências e alguns mais divertidos consideram que Oliveira e Costa deve ser mesmo bom economista(!!!): Num ano fez as acções de Cavaco e da filha quase triplicarem de valor e, como tal, poderá ser o ministro das Finanças (!!??) certo para salvar Portugal na actual crise económica. Quemsabe, talvez Oliveira e Costa ainda venha a ser condecorado em vez de ir parar à prisão....
O julgamento do caso BPN já começou, mas os jornais pouco têm falado nisso. Há 15 arguidos, acusados dos crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas nem sequer se sentam no banco dos réus!!
Os acusados pediram dispensa de estarem presentes em tribunal e o Ministério Público deferiu os pedidos. Se tivessem roubado 900 euros, o mais certo era estarem atrás das grades, deram descaminho a nove biliões e é um problema político.
Nos EUA, Bernard Madoff, autor de uma fraude de 65 biliões de dólares, já está a cumprir 150 anos de prisão, mas os 15 responsáveis pela falência do BPN estão a ser julgados por juízes "condescendentes", vão apanhar talvez pena suspensa e ficam com o produto do roubo, já que puseram todos os bens em nome dos filhos e netos ou pertencentes a empresas sediadas em paraísos fiscais.
Oliveira e Costa colocou as suas propriedades e contas bancárias em nome da mulher, de quem entretanto se divorciou após 42 anos de casamento. Se estivéssemos nos EUA, provavelmente a senhora teria de devolver o dinheiro que o marido ganhou em operações ilegais, mas no Portugal dos brandos costumes talvez isso não aconteça.
Dias Loureiro também não tem bens em seu nome. Tem uma fortuna de 400 milhões de euros e o valor máximo das suas contas bancárias são apenas cinco mil euros.
Não há dúvida que os protagonistas da fraude do BPN foram meticulosos, preveniram eventuais consequências e seguiram a regra de Brecht:
-?Melhor do que roubar um banco é fundar um?.
https://sites.google.com/site/rmmv1950/tiro-ao-alvo/a-promiscuidade-e-claro-o-roubo/a-honra-perdida-do-jornalismo
https://sites.google.com/site/rmmv1950/tiro-ao-alvo/a-promiscuidade-e-claro-o-roubo/o-polvo-e-a-operacao-face-oculta-com-rabo-de-fora
https://sites.google.com/site/rmmv1950/tiro-ao-alvo/a-promiscuidade-e-claro-o-roubo/a-maior-burla-de-sempre-em-portugal
A fraude que pode custar 8,3 mil milhões
Um banco que dava milhões a quem pedia
O DN leu a escritura do terreno da casa de férias de Cavaco que ficou isento de sisa, a propriedade custou 137 mil euros e foi adquirida a amigos através de permuta.
O Estado já gastou 3,55 mil milhões de euros com o BPN, mas a fatura pode chegar aos 8,3 mil milhões. A teia de negócios que 'cheira' a fraude, os protagonistas das diferentes fases do BPN os 356 processos em curso por todo o País, a supervisão do Banco de Portugal e a venda ao BIC.
Entre o que o Estado pode vir a suportar há uma "bomba-relógio" que se destaca e assusta os mais atentos: os 3,9 mil milhões de euros que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem de exposição nas empresas (veículos) criadas para absorver os ativos tóxicos do BPN para permitir o negócio da reprivatização. Tavares Moreira, governador do Banco de Portugal entre 1986 e 1992, explica que "só quando estes veículos forem liquidados, o que poderá só acontecer daqui a oito anos, é que se saberá a verdadeira perda do BPN.
Nota: Com 8.3mil milhões dava para comprar 48 aviões Airbus A380 (o maior avião comercial do mundo), 15 plantéis de futebol iguais ao do Real Madrid, 6 TGV de Lisboa a Gaia, 4 pontes para travessia do Tejo, 3 aeroportos como o de Alcochete. Para transportar os 8.3 MIL MILHÕES DE EUROS seriam necessárias 4.800 carrinhas de transporte de valores!
BPN - João Marcelino, diretor do Diario de Noticias, considera que ?é o maior escândalo financeiro da história de Portugal".
Quarta-feira, 21 de Março de 2012
Parece anedota, mas é autêntico: dia 11 de abril do ano passado, um homem armado assaltou a dependência do Banco Português de Negócios, ou simplesmente BPN, na Portela de Sintra, arredores de Lisboa e levou 22 mil euros.
Tratou-se de um assalto histórico: foi a primeira vez que o BPN foi assaltado por alguém que não fazia parte da administração do banco.
O BPN tem feito correr rios de tinta e ainda mais rios de dinheiro dos contribuintes.
Foi a maior burla de sempre em Portugal, qualquer coisa como 9.710.539.940,09 euros.
Com esses nove biliões e setecentos e dez milhões de euros, podiam-se comprar 48 aviões Airbus A380 (o maior avião comercial do mundo), 16 plantéis de futebol iguais ao do Real Madrid, construir 7 TGV de Lisboa a Gaia, 5 pontes sobre o Tejo ou distribuir 971 euros por cada um dos 10 milhões de portugueses residentes noterritório nacional (os 5 milhões que vivem no estrangeiro não seriam contemplados).
João Marcelino, diretor do Diário de Notícias, de Lisboa, considera que ?é o maior escândalo financeiro da história de Portugal. Nunca antes houve um roubo desta dimensão, ?tapado? por uma nacionalização que já custou 2.400 milhões de euros delapidados algures entre gestores de fortunas privadas em Gibraltar, empresas do Brasil, offshores de Porto Rico, um oportuno banco de Cabo Verde e a voracidade de uma parte da classe política portuguesa que se aproveitou desta vergonha criada por figuras importantes daquilo que foi o cavaquismo na sua fase executiva?.
O diretor do DN conclui afirmando que este escândalo ?é o exemplo máximo da promiscuidade dos decisores políticos e económicos portugueses nos últimos 20 anos e o emblema maior deste terceiro auxílio financeiro internacional em 35 anos de democracia. Justifica plenamente a pergunta que muitos portugueses fazem: se isto é assim à vista de todos, o que não irá por aí??
O BPN foi criado em 1993 com a fusão das sociedades financeiras Soserfin e Norcrédito e era pertença da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que compreendia um universo de empresas transparentes e respeitando todos os requisitos legais, e mais de 90 nebulosas sociedades offshores sediadas em distantes paraísos fiscais como o BPN Cayman, que possibilitava fuga aos impostos e negociatas.
O BPN tornou-se conhecido como banco do PSD, proporcionando "colocações" para ex-ministros e secretários de Estado
sociais-democratas. O homem forte do banco era José de Oliveira e Costa, que Cavaco Silva foi buscar em 1985 ao Banco de Portugal para ser secretário de Estado dos Assuntos Fiscais e assumiu a presidência do BPN em 1998, depois de uma passagem pelo Banco Europeu de Investimentos e pelo Finibanco.
O braço direito de Oliveira e Costa era Manuel Dias Loureiro, ministro dos Assuntos Parlamentares e Administração Interna nos dois últimos governos de Cavaco Silva e que deve ser mesmo bom (até para fazerfalcatruas é preciso talento!), entrou na política em 1992 com quarenta contos e agora tem mais de 400 milhões de euros.
Vêm depois os nomes de Daniel Sanches, outro ex-ministro da Administração Interna (no tempo de Santana Lopes) e que foi para o BPN pela mão de Dias Loureiro; de Rui Machete, presidente do Congresso do PSD e dos ex-ministros Amílcar Theias e Arlindo Carvalho.
Apesar desta constelação de bem pagos gestores, o BPN faliu. Em 2008, quando as coisas já cheiravam a esturro, Oliveira e Costa deixou a presidência alegando motivos de saúde, foi substituido por Miguel Cadilhe, ministro das Finanças do XI Governo de Cavaco Silva e que denunciou os crimes financeiros cometidos pelas gestões anteriores.
O resto da história é mais ou menos conhecido e terminou com o colapso do BPN, sua posterior nacionalização e descoberta de um prejuízo de 1,8 mil milhões de euros, que os contribuintes tiveram que suportar.
Que aconteceu ao dinheiro do BPN? Foi aplicado em bons e em maus negócios, multiplicou-se em muitas operações ?suspeitas? que geraram lucros e que Oliveira e Costa dividiu generosamente pelos seus homens de confiança em prémios, ordenados, comissões e empréstimos bancários.
Não seria o primeiro nem o último banco a falir, mas o governo de Sócrates decidiu intervir e o BPN passou a fazer parte da Caixa Geral de Depósitos, um banco estatal liderado por Faria de Oliveira, outro ex-ministro de Cavaco e membro da comissão de honra da sua recandidatura presidencial, lado a lado com Norberto Rosa, ex-secretário de estado de Cavaco e também hoje na CGD.
Outro "social-democrata" com ligações ao banco é Duarte Lima, ex-líder parlamentar do PSD, que se mantém em prisão preventiva por envolvimento fraudulento com o BPN e também está acusado pela polícia brasileira do assassinato de Rosalina Ribeiro, companheira e uma das herdeiras do milionário Tomé Feteira.
Em 2001 comprou a EMKA, numa das offshores do banco por três milhões de euros, tornando-se tambémaccionista do BPN.
Em 31 de julho, o ministério das Finanças anunciou a venda do BPN, por 40 milhões de euros, ao BIC, banco angolano de Isabel dos Santos, filha do presidente José Eduardo dos Santos, e de Américo Amorim, que tinha sido o primeiro grande accionista do BPN.
O BIC é dirigido por Mira Amaral, que foi ministro nos três governos liderados por Cavaco Silva e é o mais famoso pensionista de Portugal devido à reforma de 18.156 euros por mês que recebe desde 2004, aos 56anos, apenas por 18 meses como administrador da CGD.
O Estado português queria inicialmente 180 milhões de euros pelo BPN, mas o BIC acaba por pagar 40 milhões (menos que a cláusula de rescisão de qualquer craque da bola) e os contribuintes portugueses vão meter ainda mais 550 milhões de euros no banco, além dos 2,4 mil milhões que já lá foram enterrados. O governo suportará também os encargos dos despedimentos de mais de metade dos actuais 1.580 trabalhadores (20milhões de euros).
As relações de Cavaco Silva com antigos dirigentes do BPN foram muito criticadas pelos seus oponentes durante a última campanha das eleições presidenciais. Cavaco Silva defendeu-se dizendo que apenas tinha sidoprimeiro-ministro de um governo de que faziam parte alguns dos envolvidos neste escândalo. Mas os responsáveis pela maior fraude de sempre em Portugal não foram apenas colaboradores políticos dopresidente, tiveram também negócios com ele.
Cavaco Silva também beneficiou da especulativa e usurária burla que levou o BPN à falência.
Em 2001, ele e a filha compraram (a 1 euro por acção, preço feito por Oliveira e Costa) 255.018 acções da SLN, o grupo detentor do BPN e, em 2003, venderam as acções com um lucro de 140%, mais de 350 mil euros.
Por outro lado, Cavaco Silva possui uma casa de férias na Aldeia da Coelha, Albufeira, onde é vizinho de Oliveira e Costa e alguns dos administradores que afundaram o BPN. O valor patrimonial da vivenda é de apenas 199. 469,69 euros e resultou de uma permuta efectuada em 1999 com uma empresa de construção civil de Fernando Fantasia, accionista do BPN e também seu vizinho no aldeamento.
Para alguns portugueses são muitas coincidências e alguns mais divertidos consideram que Oliveira e Costa deve ser mesmo bom economista(!!!): Num ano fez as acções de Cavaco e da filha quase triplicarem de valor e, como tal, poderá ser o ministro das Finanças (!!??) certo para salvar Portugal na actual crise económica. Quemsabe, talvez Oliveira e Costa ainda venha a ser condecorado em vez de ir parar à prisão....
O julgamento do caso BPN já começou, mas os jornais pouco têm falado nisso. Há 15 arguidos, acusados dos crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas nem sequer se sentam no banco dos réus!!
Os acusados pediram dispensa de estarem presentes em tribunal e o Ministério Público deferiu os pedidos. Se tivessem roubado 900 euros, o mais certo era estarem atrás das grades, deram descaminho a nove biliões e é um problema político.
Nos EUA, Bernard Madoff, autor de uma fraude de 65 biliões de dólares, já está a cumprir 150 anos de prisão, mas os 15 responsáveis pela falência do BPN estão a ser julgados por juízes "condescendentes", vão apanhar talvez pena suspensa e ficam com o produto do roubo, já que puseram todos os bens em nome dos filhos e netos ou pertencentes a empresas sediadas em paraísos fiscais.
Oliveira e Costa colocou as suas propriedades e contas bancárias em nome da mulher, de quem entretanto se divorciou após 42 anos de casamento. Se estivéssemos nos EUA, provavelmente a senhora teria de devolver o dinheiro que o marido ganhou em operações ilegais, mas no Portugal dos brandos costumes talvez isso não aconteça.
Dias Loureiro também não tem bens em seu nome. Tem uma fortuna de 400 milhões de euros e o valor máximo das suas contas bancárias são apenas cinco mil euros.
Não há dúvida que os protagonistas da fraude do BPN foram meticulosos, preveniram eventuais consequências e seguiram a regra de Brecht:
-?Melhor do que roubar um banco é fundar um?.
https://sites.google.com/site/rmmv1950/tiro-ao-alvo/a-promiscuidade-e-claro-o-roubo/a-honra-perdida-do-jornalismo
https://sites.google.com/site/rmmv1950/tiro-ao-alvo/a-promiscuidade-e-claro-o-roubo/o-polvo-e-a-operacao-face-oculta-com-rabo-de-fora
https://sites.google.com/site/rmmv1950/tiro-ao-alvo/a-promiscuidade-e-claro-o-roubo/a-maior-burla-de-sempre-em-portugal
Subscrever:
Mensagens (Atom)