Editor do guia turístico Porto Menu puxou uma orelha a Rui Rio
Ao abandonar ontem, ao fim da tarde, a nova praça, Rio foi inesperadamente abordado pelo empresário, que se abeirou dele e lhe perguntou: "Sabe quem eu sou?" Ao mesmo tempo, Manuel Leitão agarrou e torceu a orelha esquerda do presidente da câmara. Rio ficou embaraçado, sem saber o que fazer. As pessoas que acompanhavam o presidente da câmara, designadamente Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto e da Porto Vivo, afastaram o empresário, que na mão trazia uma camisola em tons de azul-escuro onde se lia: "Quem vem e atravessa. Rui és um FDP. Fora Do Porto."
Um pouco antes, Manuel Leitão convidara o vereador Gonçalo Gonçalves, que esteve na cerimónia, a tirar consigo uma fotografia na qual ostentou a mesma camisola. O vereador do Urbanismo anuiu, aparentemente sem ver a mensagem na camisola.
Ao PÚBLICO, o empresário disse que decidiu confrontar o presidente da câmara para chamar a atenção dele para "o estado degradante em que se encontra o Mercado do Bolhão". "Fiquei aqui à espera dele, porque não tinha convite para ir à cerimónia de inauguração da nova praça. Foi a única forma que encontrei para que o meu protesto fosse público", disse ainda.
O Porto Menu é um guia de restaurantes, cafés e bares que existe desde 2004 e tem uma tiragem de 60 mil exemplares. A Câmara do Porto decidiu processar a publicação, escrever aos anunciantes e retirar de todos os espaços municipais a última edição do guia, em cuja capa surge uma fotografia, ao que tudo indica alterada digitalmente, na qual se vê o Mercado do Bolhão com o tal graffito: "Rio és um FDP."
Câmara do Porto decidiu processar o Porto Menu e escrever aos anunciantes por causa do graffito na capa
O que significa a frase “Rio és um fdp”?
A inscrição surgida na capa de um guia de restaurantes do Porto com os dizeres “Rio és um fdp” pode, segundo algumas versões, ter sido manipulada digitalmente e nunca ter existido no local. Nesse caso, a ser verdade, terei de dar razão às medidas que a CMP hoje anuncia.Curiosa, no entanto, é a interpretação que o editor da revista fornece, o qual
nega ainda que a frase “Rio és um fdp” seja uma ofensa ao autarca. “Que eu saiba, “Rio” é um substantivo próprio que significa um curso de água e o resto são três iniciais, um verbo e um artigo”Perante tal conclusão, resta-nos adivinhar o significado da frase. Suponhamos que se refere ao rio Douro. No espírito do manipulador poderiam estar ideias tão poéticas como, por exemplo:
- Rio, és um fluxo de peixes
- Rio, és um filamento de paz
- Rio, és um foco do Porto
- etc., etc.
Por outro lado, se se referisse ao autarca, o manipulador poderia ter pretendido dizer:
- Rio, és um fulano dos puros
- Rio, és um firme democrata portuense
- Rio, és um fruto de paixão
- Rio, és um farol do Porto
ou até mesmo
- Rio, és um fantástico dirigente político
A discussão está lançada. Depois do vigente desacordo ortográfico será que chegaremos ao acordo interpretativo?
Rio desafiado a explicar ordenados "principescos"
A
CDU/Porto considera "fundamental" que o presidente da Câmara do Porto,
Rui Rio, envie à Procuradoria-Geral da República "todo o processo
inerente à nomeação da engenheira Raquel Castello-Branco para diversos
órgãos em representação do município, por forma a apurar se,
efectivamente, o seu vice-presidente cometeu alguma ilegalidade" numa
eventual votação para a contratação da irmã como gestora do Teatro
Municipal Rivoli.
Em
causa, segundo os comunistas, está "a dimensão do vencimento" de Raquel
Castello-Branco que em regime de avença, recebe 3790 euros mensais. "Em
termos práticos está criada uma dúvida e, face a isso, é obrigação do
presidente da Câmara recorrer à PGR para esclarecer", disse o vereador
comunista.
Para
Rui Sá, "o problema é se do lado onde se está a gastar dinheiros
públicos, apesar de terem discursos moralistas relativamente ao rigor e
austeridade, se está disposto a pagar essas quantias principescas",
pedindo a Rui Rio "transparência" do caso e que "assuma essa
responsabilidade".
Desta
forma, os comunistas, numa conferência de Imprensa ontem de manhã,
acusaram Rui Rio e a coligação PSD/CDS de uma "incoerência completa", em
que se "implementam benesses e se encaram com benevolência os erros e
as falhas dos 'amigos', ao mesmo tempo que se impõe um clima de
tolerância zero para a generalidade dos trabalhadores da Autarquia e os
munícipes mais desfavorecidos".
Em
resposta, a maioria PSD/ /CDS na Câmara do Porto, em declarações à
Lusa, acusou o vereador Rui Sá de cobardia ao reafirmar as denúncias
sobre ordenados principescos na autarquia, "seguindo o ditado de que uma
mentira repetida muitas vezes passa a ser verdade".
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