sábado, 6 de outubro de 2018

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.

Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas..

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral da capela.

‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, a minha alma tem pressa…

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir dos seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, e não foge de sua mortalidade.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade!

Porque o essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!

Mario de Andrade / São Paulo -Brasil

O Decrescimento como solução para o desvario económico mundial.

1 Reavaliar

É premente a necessidade de reavaliar e alterar os valores predominantes da sociedade actual tais como a vaidade, a ganância, o egoísmo, o hedonismo e todas as formas em que o ser humano utiliza meios sem escrúpulos para atingir os fins a que se propôs, substituindo-os pelo altruísmo, pela cooperação, pelo sentido local de vida colectiva. Será imperiosa a transformação de uma sociedade de consumo, por uma sociedade sustentável onde se promova a cidadania, o bem estar colectivo e a responsabilidade mútua no sentido de uma cidadania participativa e de um efectivo respeito por valores essenciais á vida em comunidade.

2. Reconceituar

Fruto da reavaliação e da mudança de valores, ocorre o início de uma perspectiva diferente em relação aquilo que nos rodeia, ou seja, uma nova forma de interiorizar a realidade. Este termo impõe-se a conceitos como riqueza e pobreza ou escassez e abundância. Surge na medida em que, actualmente, as políticas económicas transformam, a abundância em escassez, a título de exemplo através da apropriação dos mercados que originam uma “falta artificial” de recursos, especulando-se financeiramente sobre o efectivo valor dos mesmos.

3. Reestruturar

A capacidade para utilizar o sistema produtivo, bem como as relações sociais, em função de uma mudança de valores é premente atendendo à aceleração da escassez de recursos naturais. O que está verdadeiramente em questão, é a necessidade da reorientação de toda uma sociedade nas suas mais variadas vertentes económicas, políticas e sociais privilegiando o decrescimento como objectivo permanente de cada uma destas reestruturações a serem efectuadas no sentido de minorar, e se possível extinguir, os efeitos nefastos do actual “crescimento pelo crescimento”.

4. Redistribuir

Entende-se como redistribuição uma forma de reorientação das relações sociais vigentes partindo do princípio da distribuição da riqueza de uma forma equitativa e responsável, com o consequente acesso aos bens naturais tanto no hemisfério Norte como no hemisfério Sul, bem como dentro de cada sociedade entre classes, gerações e pessoas, não podendo ser um privilégio exagerado para alguns e um recurso muito escasso para todos os outros.

5. Relocalizar

Segundo Latouche, deverá ser produzido localmente tudo aquilo que é essencial às necessidades da população em empresas também locais, financiadas por impostos/fundos/poupanças da população que vive nessa região. Se, por um lado, as ideias podem e devem atravessar fronteiras, o movimento de mercadorias e capitais devem ser restringidas sempre que possível,face ao consumo energético que os transportes implicam. Assim, a gestão e o controlo de bens e serviços devem ser efectuados por entidades da mesma região. Por consequência, a diminuição da pegada ecológica verifica-se pela não utilização de transportes que consomem na maior parte dos casos energia fóssil.

6. Reduzir

Actuar e impactar directamente na diminuição da produção e do consumo. A urgência desta redução tem como objectivo limitar o consumo excessivo e o desperdício dos nossos hábitos. Estima-se que 80% dos bens adquiridos são utilizados uma única vez antes de serem descartados. A título de exemplo, refira-se que os países mais desenvolvidos produzem 4 biliões de toneladas de resíduos por ano. Per capita, só os Estados Unidos da América produzem, em média, 760 kg por ano, comparando com os países do Sul que produzem 200 kg por ano, na sua grande maioria.

7/8 Reutilizar/Reciclar

É de conhecimento geral a necessidade de reutilizar/reciclar.

Necessitamos de mobilizar esforços na divulgação de produtos que obedeçam a “normas verdes”,isto é a requisitos desde a sua concepção, ao fabrico, e á sua utilização que não destruam os recursos naturais e o ambiente de uma forma irresponsável, bem como a estimulação da produção de produtos (através de um consumo criterioso e exigente por parte do consumidor) que se “auto-degradem” ao longo do tempo, ou reutilizáveis no seu propósito inicial ou noutros propósitos sucedâneos.

P.S.- Serge Latouche (Nasceu em Vannes, 12 de Janeiro de 1940) é um economista e filósofo francês. ... professor emérito da Faculdade de Direito, Economia e Gestão Jean Monnet da Universidade de Paris