sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O fio da navalha



14 Agosto 2014, 09:55 por João Quadros

Como estão os estimados leitores? Espero que bem; porque entre o bem e o mal vai a distância de um banco.

Como estão os estimados leitores? Espero que bem; porque entre o bem e o mal vai a distância de um banco. Comecei as férias como um reles mortal, e acabei como dono disto tudo. Agora sim, estou a viver acima das minhas possibilidades: eu não quero ser dono do antigo BES.

Para começar, fui surpreendido com a notícia de que Ricardo Salgado tinha sido detido. A polícia foi buscar Salgado a casa, no Estoril, para ser ouvido em Lisboa, ficando assim provado que, de uma forma ou de outra, o contribuinte é que paga. Foi um começo de férias diferente. A piada sobre não aceitar cartões do BES faz furor entre empregados de mesa. Há que dizer que a nova piada é melhor que a velha do "queria?! Já não quer?". Dei por mim a pensar que, com Ricardo Salgado detido, havia fortes hipóteses de o estabelecimento prisional de Lisboa entrar no PSI-20 e que era espectacular a polícia ir buscar a Rita Blanco só para a assustar. Mas nada disso aconteceu. O ex-dono disto tudo saiu com uma caução de três milhões de euros (a caução leva trufas por cima e caviar Alma de recheio), o que pode ser considerado o melhor investimento dos últimos 10 anos. Ricardo Salgado ainda tentou convencer o juiz de que não se importava de pagar cinco milhões de caução se o tribunal investisse mais cinco milhões na Rioforte. O Ricardo Salgado é o capitão Roby dos chicos-espertos com massa.

Enquanto eu, com postura de PM, apanhava sol na praia, a situação teve desenvolvimentos. Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, veio garantir que não havia perigo de falência porque o "BES está sólido" e "tem uma almofada financeira que garante a estabilidade do banco". O mesmo Carlos, mais tarde, viria confessar que estava a vigiar um banco de esperma que, afinal, era só condicionador para cabelo.

José Gomes Ferreira, o homem com um programa de governo, veio sossegar os espíritos e afirmou, na SIC Notícias, que o BES estava sólido e que se ele tivesse dinheiro investia tudo em acções do BES (estavam a 0,45 nesse dia). Foi pena não o ter feito e é pena que ainda tenha emprego. O meu quentinho é pensar que a malta que compra o livro do José Gomes Ferreira é bem capaz de ter seguido o conselho e ter gasto tudo em acções do BES. Aquele casal que foi à FNAC, de propósito, para pedir um autógrafo ao Zé Gomes, anda agora a ver se o encontra para lhe dar uma tareia porque seguiu o conselho do mestre e investiu as poupanças da filha em acções do BES.

Como todos sabem, esta história acaba com uma decisão à Gentil Martins, com o BES a ser separado em dois, indo o mau para um lado e o bom para o outro. Não me pareceu uma decisão sensata, quanto mais não seja porque Espírito Santo mau soa a culto demoníaco e, sinceramente, acho que Novo Banco é uma designação que se vê que foi feita à pressa. Novo Banco é daqueles nomes propostos na lista de empresas na hora. Ou era Novo Banco ou A Conquista do Pedal. Por outro lado, o Novo Banco é mesmo filho do Espírito Santo porque ninguém sabe explicar como apareceu.

Seja como for, não arriscando, vou pôr o meu dinheiro todo no Espírito Santo mau, porque os bons acabam sempre por ser comidos.

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1 Juncker nunca falou no nome de Maria João Rodrigues para comissária - A Maria João Rodrigues precisa de ver o "House of Cards" para aprender a reagir. Pensei que a Maria João Rodrigues fosse uma das pessoas mais habituadas a levar tampas.

2 Benfica vende plantel que foi campeão - O BES mau patrocina a Liga Portuguesa.

3 BES sai da bolsa - Entretanto, depois disto, o nosso PSI-20 parece a Ovibeja (sem ofensa para a Ovibeja).

4 Novo Banco pode ter menos balcões - Primeiro balcão do Novo Banco vai ser na Manta Rota para o PM não ter de se deslocar.

5 Comissão Europeia não garante quota de mulheres para comissários - Moedas vai ter de usar peruca e saia travada e manter o tom de voz.

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