quarta-feira, 6 de novembro de 2013

D. Policarpo: "aguentava" sem os 14 quartos e as 6 casas-de-banho?



 
O cardeal-patriarca de Lisboa defendeu, esta terça-feira, que a sociedade portuguesa "aguenta tudo", no que toca à austeridade.

"A sociedade aguenta tudo. Esperamos que as linhas de conduta sejam realistas, mas prudentes. Não se deve usar o poder para fazer aquilo que não é preciso ser feito", declarou José Policarpo, em entrevista à RTP1, ao ser questionado sobre os limites da resistência dos portugueses à austeridade.

Em relação ao papel da Igreja da Igreja Católica em tempos de crise, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa referiu que "tem de estar presente, atenta a quem sofre", oferecendo "amor, verdade e fé". Diário de Notícias

Amor, verdade e conselhos sábios. Assim de repente, estou a lembrar-me de D. José Policarpo, em 2009, a advertir as jovens portuguesas de que casar com muçulmanos poderia ser um monte de sarilhos. Em certos cargos, estar calado é, mutas vezes, uma bênção divina.

Pois é, "a sociedade aguenta tudo", diz o senhor Cardeal Patriarca de Lisboa. E quanto a mim aguenta bem melhor com uma bela e dispendiosa garrafa de vinho a acompanhar as refeições, os macinhos de tabaco diários e as vestes compradas em Roma. Aguenta melhor ainda instalada numa herdade de um hectare avaliada em 2,5 milhões de euros, a desfrutar de uma casa com catorze quartos e 6 casas de banho, e a "piscina construída para o senhor bispo D. José, que gosta de estar lá ao sol". "E às vezes jogam ali [ténis] os novos padres que vêm aí para reuniões". (Correio da Manhã) Assim, aguentaria bem, a sociedade.

Explique-me, senhor cardeal, não considera estar numa posição demasiadamente confortável, nada despojada materialmente, instalado que está no seio da mui luxuosa Igreja Católica (que não consta que passe dificuldades financeiras), para vir a terreiro falar do que a sociedade civil aguenta ou deixa de aguentar?

Não sei por que motivo se tornou moda que banqueiros, cardeais e outra figuras da nossa praça - que não sentem a austeridade em nenhum dos poros, pessoas para as quais esta não passa de mera conceito - se arroguem o direito de definir o que os outros podem ou não aguentar e até onde pode ir a austeridade infligida aos portugueses. "Santa" paciência.

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