Rui Moreira foi eleito presidente da Câmara Municipal do Porto.
Democraticamente. Deve ser saudado.
Ignoro o seu verdadeiro projecto político para governança da autarquia.
“Contratos promessa políticos” são uma coisa . “Contratos finais de cumprimento” outra bem diferente. Sei que, politicamente, emparedou os partidos. Bem mereceram. Esbofeteou o PSD, uma chapada no PS, discreto abraço ao CDS.
Demonstrou que a cidade não tem dono(s). Só o voto. É muito pela democracia.
É uma personalidade afável. Informado. Fala bem.
Tem passado de empresário. Diz a comunicação social que é “um menino da Foz”. Usa fato e sapatilha. Como ora se faz.
Que pensa para a cidade? Além de intervenções em conferências sobre regionalização, poder autárquico, temas à volta.
Há a distância entre promessa e cumprimento, idealizar e executar. Campanha eleitoral. É ver para crer.
É fervoroso pelo FCP. Não terá aqueles supostos problemas que o seu antecessor, por teimosia e raiva clubistas, inventou.
Rui Moreira, ao contrário do que diz Rui Rio , tem muito para resolver e promover na cidade do Porto.
Há coisas que, em público, não podem, nem devem dizer-se. Tantas que, como nos grandes discursos, viram fastidiosas. Os ouvintes bocejam. Adormecem.
O ainda presidente, por descuido, inércia, desamor à Cultura, é o primeiro responsável pela abolição de uma manifestação quase secular de encontro e cultura: a Feira do Livro do Porto.
Pergunta: que vai fazer Rui Moreira? Promover a cultura como lhe compete? Assinar o decreto de extinção definitiva da Feira do Livro?
O Palácio de Cristal de Rosa Mota. Que vai fazer do sucessor do Palácio de Cristal que a barbaridade autárquica demoliu em 1951? Em ruínas dia-a-dia. Abandono. Está para ali. Vai conservá-lo, mantê-lo , como pavilhão do povo? Deixá-lo cair de podre, destruí-lo? Negociar com privados em concessões ad aeternum em que todos perdem, menos os concessionários?
Há uma afronta à cidade. A quem dela gosta. O Mercado do Bolhão. A recuperação do Mercado. Rui Rio fez muitos acordos para o salvar. Mesmo com o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro. O seu potencial empreendedor ficou-se por escorá-lo, com tubos de ferro. Há anos. Deixou-o ao mais triste esquecimento do desinteresse. Alheamento. Uma ruína.
Pergunta: vai traficar o Bolhão? Centro comercial, com lojinhas de marcas, ourivesarias vazias de objectivos claros mas dissimulados, barracas de fast-food? Parque subterrâneo pago a preços módicos (?). Camarários.
Há perguntas incómodas. Antipáticas.
A implosão dos bairros dos pobres. Usufruir do Douro o "espectáculo"? Logo se vê onde amanhã dormirão, onde metem filhos e tarecos. Ou política sustentada? Como é fino dizer.
A vida na cidade? Fixar as gentes na cidade. Que desertifica.
Rui Moreira fará corresponder êxito eleitoral a êxito de governação do Porto?
Que o faça. O povo julgará.
ALBERTO PINTO NOGUEIRA
02/10/2013
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