quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Diferente?


Publicado em 2013-09-30

Aparentemente, sim! Tendo como ponto nevrálgico a eleição de Rui Moreira no Porto, o ato eleitoral autárquico fica sem dúvida marcado por uma fratura em relação às propostas apresentadas pelos partidos dominantes.

À hora em que escrevo este comentário, para além do Porto também Matosinhos, contra todas as expectativas, elegia um candidato independente.

Não se tratou de um fenómeno esmagador (aparentemente nos restantes 15 concelhos da AMP - já contando com Paredes - haverá sobretudo câmaras PS ou PSD), mas sobressaiu como forma diferente de polarizar o descontentamento evidente do eleitorado com o principal partido da atual coligação e com a respetiva alternativa.

O Porto passa assim a juntar à grande responsabilidade de ser a segunda cidade política do país o desafio de mostrar se a opção feita por um candidato da sociedade civil abre caminho duradouro ao crescimento de um regime que se afasta de uma partidocracia clássica complementando-a virtuosamente com movimentos de cidadãos que não se esvaziam ou que não se vêm a fundir em estruturas partidárias preexistentes.

A mobilização ativa dos portuenses e das suas instituições e a genuína expectativa sobre as suas contribuições para o governo da cidade, para os desafios regionais ou nacionais são a chave de uma radical mudança de atitude e de perspetiva.

Fazê-lo, enquadrado nos rígidos espartilhos de uma representatividade indireta, é tarefa muito exigente, mas consegui-lo, isso, sim, será diferente!

O Porto ganha ainda uma responsabilidade adicional enquanto Município com um especial papel a desempenhar na federação da Área Metropolitana do Porto. Sobretudo agora que o seu presidente é um independente, equidistante portanto das exigências partidárias.

Conhecer e articular a favor da região e do país a densidade de pessoas e de recursos dos 17 concelhos da AMP (já contando com Paredes) é uma obrigação de enorme urgência e claramente além dos limites da governabilidade municipal.

O quadro nacional é tremendamente difícil, mas a reivindicação justa e assertiva pelo Porto e pelo Norte (sempre que se justifique para tal ser porta- -voz) é uma imposição.

Mas será necessário fazer ouvir o Porto sem contar com o eco amplificador das estruturas partidárias tradicionais.

O mapa nacional ainda é essencialmente rosa e laranja. No Porto, espero sinceramente, é diferente!


 



 

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