Carlos Adrião Rodrigues
1. Carlos Manuel Adrião Rodrigues nasceu em Lisboa, a 2 de Junho de 1929. Fez parte dos estudos liceais em Lisboa e em 1945 seguiu para Moçambique, onde se encontravam seus pais. Em Lourenço Marques (hoje Maputo) completou o ensino secundário e depois voltou a Lisboa para se licenciar em Direito. Findo o curso, regressou a Moçambique e abriu banca de advogado em Lourenço Marques.
Foi membro do Grupo dos Democratas de Moçambique, de que faziam parte, entre outros, António Almeida Santos, João Afonso dos Santos, William Pott e Heliodoro Frescata.
No Tribunal Militar defendeu vários réus acusados de actividades subversivas, designadamente os escritores Vergílio de Lemos, José Craveirinha e Luiz Bernardo Honwana, e foi um dos advogados do processo que julgou dois sacerdotes detidos na Beira pela DGS, acusados de «crime contra a harmonia racial» (1). Foi ainda advogado dos sacerdotes espanhóis Alfonso Valverde Léon e Martin Robles, que estavam presos por terem denunciado às autoridades portuguesas alguns excessos militares sobre as populações civis, na zona de Tete. O julgamento chegou a estar marcado mas depois da denúncia da chacina de Wiriamu e da visita de Marcello Caetano a Londres, foram amnistiados do crime de que eram acusados. (2)
Em 1961 foi candidato da Oposição nas eleições legislativas, círculo de Moçambique.
Colaborou em A Voz de Moçambique, O Brado Africano e na Tribuna de Lourenço Marques. o jornal da Oposição (3). Foi director e escreveu na Objectiva 60, orgão do cine-clube de Lourenço Marques, de que foi presidente, bem como do Teatro de Amadores de LM (TALM). Colaborou ainda no Diário de Lisboa e na Capital. Foi co-autor do livro “O Julgamento dos padres do Macúti".
2. Depois do 25 de Abril, no período que antecedeu a independência de Moçambique, fez parte de um Grupo de Democratas de Moçambique, cujo objectivo era a independência do território e o apoio à FRELIMO como legítima representante do povo moçambicano. Nomeado pelo Governo de Transição, pertenceu à comissão administrativa do Rádio Clube de Moçambique, que transformou em Rádio Moçambique. Em 1975, foi nomeado pelo Presidente Samora Machel vice-governador do Banco de Moçambique, cargo de que se demitiu em 1977 por desacordo com a política do governo da FRELIMO. Regressou então a Portugal, dedicando-se à advocacia. Nos anos 80, foi administrador da RDP.
Em 1996 fez parte do Conselho de Opinião da RDP, eleito na Assembleia da República.
Publicou alguns trabalhos jurídicos, designadamente Código Civil Português Com as Novas Alterações (Lisboa, 1977) e, em colaboração com João Afonso dos Santos e J. Martins de Almeida, Código Administrativo e Estatuto Disciplinar, Actualizados e Anotados, com Legislação Complementar Incluindo a Legislação Eleitoral das Autarquias Locais (Lisboa, 1979) e Estatuto Disciplinar dos Funcionários e Agentes da Administração Central, Regional e Local (Lisboa, 1979).
Parte do seu espólio foi doado à FLUL.
(1) Sobre este assunto publicou – com outros advogados do caso (João Afonso dos Santos, António Pereira Leite e William Gérard Pott) – um livro intitulado O Julgamento dos Padres de Macúti (Porto, 1973).
(2) Esta amnistia foi considerada a maior, em termos de pena aplicável, jamais produzida no regime do Estado Novo.
(3) Carlos Adrião Rodrigues fazia parte do grupo de Eugénio Lisboa, Rui Knopfli, Fernando Magalhães, José Craveirinha e outros, que constituíam a redacção chefiada por Gouveia Lemos.
HP
- http://spesgaudium.blogspot.pt/
- Mário de Matos Lemos, in «Candidatos Da Oposição À Assembleia Nacional Do Estado Novo (1945-1973) - Um Dicionário»
- http://debates.parlamento.pt/.../dar/01/07/01/035/1996-02-02
- https://books.google.pt/books
Sem comentários:
Enviar um comentário