FONTE : DIARIO ECONOMICO DE 24.11.2014
Banco liderado por Nuno Amado quer acelerar a redução de pessoal prevista até 2017.
A antecipação do plano precipita o corte de 687 colaboradores até ao próximo mês de Março.
O BCP vai antecipar em dois anos e meio o objectivo fixado por Bruxelas de alcançar um quadro de pessoal de 7.500 funcionários até 2017. Uma meta que a administração do banco liderado por Nuno Amado quer agora alcançar até Março do próximo ano.
Muitos estão já a receber cartas, onde o banco os classifica como"excedentários".
Os novos planos do banco foram transmitidos, na semana passada, aos sindicatos dos bancários, numa reunião da comissão de acompanhamento do plano de reestruturação do BCP. Para acelerar a redução de custos com pessoal, estão a ser entregues cartas aos funcionários visados, anunciando que o banco "não tem condições para assegurar o seu posto de trabalho". As missivas são criticadas pela Federação do Sector Financeiro (Febase) que acusa o BCP de estar a pôr "em causa a boa fé negocial e a violar o acordo com os sindicatos".
Numa dessas cartas, o banco dá conta de que o programa de adesão voluntária contribuiu para aproximar dos objectivos a que está vinculado atingir junto da DG-Comp, "mas é de todo insuficiente".
Na carta, o BCP explica a necessidade de "continuar a trabalhar num novo modelo organizacional, onde é imperativo criar uma estrutura de recursos humanos mais simples, mais polivalente e, naturalmente, mais reduzida". "Foi elaborado um estudo para implementação de um novo modelo funcional (...) em função das alterações de negócio que estão a ocorrer e, assim, foram identificadas um conjunto de funções ou postos de trabalho que se tornam redundantes, ou porque se extinguem, ou porque são acopladas a outras ou porque simplesmente o Banco não tem condições de as continuar a assegurar fruto da necessidade imperativa de reduzir postos de trabalho", pode ler-se na missiva assinada pela responsável de Recursos Humanos do BCP. Aos visados é informado que ficarão dispensados de "prestar trabalho e de comparecer no seu local de trabalho até data a determinar", mantendo o salário e restantes direitos.
O passo seguinte é a negociação de um acordo para a saída.
O Memorando de Entendimento acordado entre banco e sindicatos, no final de 2013, surgiu na sequência do plano de reestruturação aprovado pela DG-Comp que, após a ajuda estatal de três mil milhões de euros ao BCPem 2012, impôs a redução dos custos com pessoal em 135 milhões de euros até 2017.
A Federação - que integra os sindicatos dos bancários do Norte, Centro e Sul e Ilhas - denuncia o carácter "intimidatório" das cartas que estão a ser entregues aos trabalhadores, no âmbito do processo de rescisões em curso.
A Febase já solicitou à administração uma reunião com carácter de urgência, que se realiza amanhã, considerando o presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas que o teor das cartas é "uma falta de respeito para com os trabalhadores". Ao Económico, Rui Riso atira ainda: "a carta configura um despedimento directo e a ACT poderá intervir". Até ao fecho da edição, o BCP não comentou o assunto.
Febase acusa BCP de violar acordo
Numa missiva enviada à administração do BCP, a Febase recorda que, no âmbito do processo de reestruturação o que está em causa são negociações individuais para rescisões contratuais por mútuo acordo, pelo que a "boa-fé negocial impõe que aos trabalhadores não seja entregue uma carta intimidatória, ameaçadora e ilegal". Segundo a Febase, os compromissos assumidos no acordo com o BCP "não podem ser unilateralmente alterados".
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