quinta-feira, 27 de novembro de 2014

"Vem aí o Banco Mau". Agora já pode brincar às offshores






O jogo foi criado pela Tabletip Games e é o segundo lançamento da marca que se estreou com "Vem aí a Troika" em 2012

Estamos na Portugalândia, país onde se fazem grandes manobras obscuras no mundo das finanças. As associações às notícias que têm feito capas de jornais em Portugal são inevitáveis, mas desta vez a experiência não passa de um jogo de tabuleiro.

O “Vem aí o Banco Mau” é o jogo que quer pôr os portugueses a manobrar dinheiro de off-shores e fazer jogadas financeiras menos legais.

No jogo, é possível escolher uma das personagens disponíveis: o poderoso líder Dono Disto Tudo, que controla os seus próprios grupos e distribui favores e dinheiro, existe também o Lírico e o Inseguro, bem como grupos que participam na rede Pai & Filho, como por exemplo o Tchau Telecom e a Mãe de Todas as Holdings.

Os jogadores vão poder guardar dinheiro em paraísos fiscais, criar redes de influência, sendo que quanto mais manobras, mais hipóteses tem de sair vencedor.

O jogo foi criado pela Tabletip Games e é o segundo lançamento da marca que se estreou com "Vem aí a Troika" em 2012.

Carlos Costa responde a académico que elaborou parecer





Governador do Banco de Portugal escreveu a Pedro Maia, o académico que o desmentiu há dois dias

Carlos Costa reafirma o que disse perante os deputados da Comissão de Inquérito ao BES e esclarece que mencionou os pareceres – um dos quais subscrito pelo académico de Coimbra, Pedro Maia – “em termos genéricos” e que a referência aos mesmos “não teve qualquer intuito, como decerto reconhecerá, de comprometer ou embaraçar os professores que os subscreveram”. E pede autorização a Pedro Maia para tornar público o parecer subscrito pelo académico.

O responsável do supervisor enviou uma cópia da carta a Fernando Negrão, presidente da Comissão de Inquérito, e tornou-a também pública no site do Banco de Portugal. Em causa estão as declarações de Pedro Maia, que há dois dias desmentiu o governador, que afirmou ter em sua posse dois pareceres jurídicos que comprovavam o seu impedimento para retirar a idoneidade a Ricardo Salgado mais cedo. Pedro Maia garante que não disse o que Carlos Costa afirmou que teria dito.

Escreve ainda o governador na sua carta: “A minha referência, na audição do dia 17 de Novembro na Comissão Parlamentar de Inquérito, a vários pareceres de jurisconsultos sabre o tema da idoneidade foi feita em termos genéricos, sem identificar as autores desses pareceres ou problemas e argumentos concretos versados em cada um deles.” Mas não deixa de sublinhar que “o parecer de V. Ex.ª conclui que a transferência do Senhor José Guilherme para o Dr. Ricardo Salgado não afecta a idoneidade deste último, em primeiro Iugar, por ter sido efectuada no âmbito de uma relação pessoal (fora, portanto, dos padrões de conduta profissional descritos no n.2 2 do artigo 30.2do RGICSF) e, em segundo Iugar, por não ter "dado Iugar a condenação pela prática seja de que crime for" (p. 15)”.

E continua: Na interpretação dos serviços do Banco de Portugal que elaboraram a nota técnica entregue à Comissão Parlamentar de Inquérito, a justificação transcrita implicava a aceitação do critério dos tribunais administrativos superiores, de que a relevância dos factos indiciadores de perda de idoneidade pressupõe uma condenação judicial”.

Admite Carlos Costa que houve, no entanto, uma referência ao parecer que não é exacta, na nota técnica, mas que já garantiu que esse “lapso fosse corrigido”. E afirma que “o mais importante, porém, é assegurar que não haja equívocos acerca do pensamento de V. Ex.ª, tal como se encontra expresso no parecer de 19 de Novembro de 2013. Se a interpretação feita na nota técnica do Banco de Portugal não traduz fielmente esse pensamento, serei o primeiro a empenhar-me para que seja respeitada a integridade intelectual da opinião dada por V. Ex.!!
Pedro Maia escreveu ao governador há dois dias, desmentindo-o – e enviando uma cópia da carta à comissão parlamentar de inquérito. "A invocação da impotência do regulador seria até irónica, não fosse a lesão grave do meu nome. Com efeito, e como bem sabe, o Banco de Portugal não sofre, no meu entendimento, da limitação de poderes que a jurisprudência lhe aponta e que o Banco de Portugal quis seguir. Ou seja, considerou ter poderes mais limitados do que aqueles que o meu parecer lhe reconhece", escreveu o académico.

Brave Miss World Theatrical Trailer

Joan Collins: "fui violada quando tinha 17 anos"

Actriz decidiu dar a cara num documentário sobre agressão sexual e explicou como foi violada pelo primeiro marido aos 17 anos.

Joan Collins já tinha revelado a violação na sua autobiografia, 'Passion For Life', mas é a primeira vez que o admite em frente a uma câmara: a actriz, de 81 anos, foi violada aos 17 anos por aquele que viria a ser o seu primeiro marido e decidiu falar no documentário "Brave Miss World" para dar voz a todas as mulheres que passam pelo mesmo trauma.

No documentário em que a antiga Miss Mundo israelita Linor Abargil conta como foi violada apenas seis semanas antes de ser eleita a mulher mais bonita do mundo, em 1998, Joan Collins explica numa entrevista emotiva como o seu ex-marido, que morreu em 1974, a drogou para a violar.

Quando o crime aconteceu, a atriz tinha acabado de assinar com os estúdios de cinema Rank e aceitou sair com o ator irlandês Maxwell Reed, que era mais velho onze anos. Segundo conta o El Mundo, ele deu-lhe livros pornográficos e drogou-a com uma bebida que lhe ofereceu. "Só me lembro de estar deitada no sofá da sala de estar com ele a violar-me", confessou a atriz. "Talvez não devesse ter saído com ele, era muito mais velho do que eu e mais famoso".

A culpa que sentiu levou-a a casar-se com Reed, dois anos após a violação. O casamento, sem filhos, durou cinco anos, de 1952 a 1957. "Pensei que era o melhor, porque ele tirou-me a virgindade", revelou Collins. No documentário, explica ainda que o trauma acompanhou-a durante muito tempo e não foi fácil voltar a confiar num homem.

O documentário onde fala Joan Collins é realizado por Cecilia Peck, filha do actor americano Gregory Peck, que morreu em 2003. Além do testemunho da actriz e de Linor Abargil, que foi violada em Milão com apenas 18 anos, Peck recolheu confissões de outras mulheres, conhecidas e anónimas, que sofreram algum tipo de agressão sexual. O filme estreou-se na semana passada, no Jewish Film Festival no Reino Unido.



Aprender a ler reorganiza o nosso cérebro e melhora o desempenho visual

A aprendizagem da leitura altera o tratamento da informação visual pelo cérebro humano ANA BANHA
ANA GERSCHENFELD
27/11/2014

Quando aprendemos a ler, uma dada área do nosso córtex visual passa a dedicar-se ao reconhecimento da escrita. E esta reorganização funcional do cérebro acontece seja qual for a idade em que se faz a aprendizagem da leitura – e parece ser idêntica em todas as línguas.

Nunca é tarde de mais para aprender a ler. Esta é uma das conclusões de um estudo publicado na última edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) por uma equipa de investigadores de França, Bélgica, Portugal e Brasil.

Mais: a aprendizagem da leitura aumenta o desempenho visual das pessoas, permitindo-lhes detectar diferenças entre objectos de todo o tipo – e não apenas na escrita – mais depressa do que as pessoas totalmente iletradas.

Estes cientistas já tinham publicado, em 2010, na revista Science, um primeiro estudo sobre a forma como a aprendizagem da leitura deixa uma “marca” no cérebro humano. Na altura, compararam a actividade cerebral de pessoas analfabetas e de pessoas que sabiam ler através da técnica de ressonância magnética funcional. E concluíram que a aprendizagem da leitura reorganiza literalmente o sistema visual humano. Mais precisamente, mostraram que o facto de uma pessoa aprender a ler leva ao aparecimento, no seu córtex visual, de uma área, chamada VWFA (visual word form area) e especializada no reconhecimento das letras e das palavras escritas.

Todavia, escreve agora na PNAS a mesma equipa – que inclui José Morais, conhecido especialista português de psicologia experimental da Universidade Livre de Bruxelas; Paulo Ventura, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa; Stanislas Dehaene, reputado investigador do Collège de France; e vários outros neurocientistas, psicólogos e especialistas de cognição humana –, o estudo da Science não chegava para perceber quais eram as etapas do processamento da informação visual que eram alteradas pela aprendizagem da leitura. É esta lacuna que o actual artigo visa agora colmatar.

Diga-se antes de mais que um dos pioneiros da ideia de que o cérebro muda quando se aprende a ler é português: trata-se do neurocientista Alexandre Castro Caldas, actualmente director do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

Voltando ao actual estudo, os autores submeteram voluntários adultos brasileiros e portugueses – 24 que sabiam ler, 16 ex-analfabetos e nove totalmente iletrados – a testes de discriminação visual enquanto registavam a sua actividade cerebral. Só que, desta vez, essa actividade foi recolhida através de múltiplos eléctrodos aplicados no couro cabeludo – ou seja, por electroencefalografia, uma técnica mais precisa.

O teste consistia na apresentação sucessiva de pares de imagens pertencentes a seis categorias de objectos diferentes: sequências de letras (“pseudo-palavras”), sequências de caracteres que parecem escritos num alfabeto diferente (designadas por “falsas fontes”), rostos, casas, ferramentas e padrões axadrezados. Cada par de imagens continha duas imagens idênticas, duas imagens “em espelho” ou duas imagens diferentes de objectos da mesma categoria.

Como os processos de discriminação visual em estudo não são conscientes, não era pedido aos participantes para discriminarem conscientemente as imagens de cada par. De facto, “os participantes deviam simplesmente estar atentos [às imagens] e carregar num botão de cada vez que surgia uma imagem que não fazia parte do par (uma estrela preta)”, lê-se na PNAS.

Primeiro efeito da literacia: menos de 200 milissegundos após a apresentação de sequências de letras escritas, a actividade cerebral das pessoas que sabiam ler aumentava de forma espectacular na já referida área VWFA, especializada no tratamento visual da escrita e situada na zona lateral traseira do hemisfério esquerdo do cérebro (nas pessoas dextras). “O que isto significa é que os efeitos da literacia emergem muito cedo no processo de tratamento da informação visual”, disse Paulo Ventura em entrevista telefónica ao PÚBLICO.

Tigre da esquerda, tigre da direita
“Um outro efeito muito forte [da literacia] é o aumento da precisão da nossa discriminação dos objectos visuais”, acrescenta este cientista. Acontece que as pessoas que sabem ler discriminam melhor duas imagens semelhantes (mas não idênticas) do que as pessoas iletradas. E ainda um terceiro efeito detectado pelos cientistas tem a ver com as imagens “em espelho” – onde, mais uma vez, o desempenho de quem sabe ler é muito melhor do que o de quem não sabe. “Saber distinguir entre um ‘b’ e um ‘d’ e entre um ‘p’ e um ‘q’ basta para melhorar drasticamente a nossa discriminação das imagens em espelho”, frisa Paulo Ventura.

E de facto, os autores constataram que estas melhorias do desempenho visual associadas à literacia não se limitam às palavras escritas, estendendo-se também às outras categorias de imagens apresentadas. “A literacia melhora o processamento visual em geral”, diz Paulo Ventura.

E a seguir, brinda-nos com uma colorida analogia: “Por exemplo, se eu vir um tigre aproximar-se pela direita ou pela esquerda, o meu sistema visual detecta que se trata de um tigre, que é o que interessa (e depois localizo o tigre). Ora, nós usamos este sistema até começarmos a ir à escola, altura em que temos de aprender a distinguir entre pares de letras em espelho. E se eu antes tratava duas imagens em espelho como idênticas, quando aprendo a ler passo a discriminá-las – e passo a ver o tigre da esquerda e o tigre da direita como objectos diferentes.”

Ainda uma outra diferença foi observada pelos autores, desta vez ao nível do reconhecimento das caras, entre a actividade cerebral dos participantes letrados e iletrados. “A aprendizagem da leitura tem dois efeitos muito importantes no funcionamento das regiões cerebrais envolvidas no processamento visual”, resume por sua vez José Morais num email: “Aumenta a capacidade de discriminação de objectos muito para além da identificação das letras; e conduz a uma reorganização do processamento das caras.”

Reciclagem neuronal
O co-autor Stanislas Dehaene tem uma teoria acerca desta reorganização cerebral ligada às caras, como nos explica ainda Paulo Ventura: “As áreas do cérebro que respondem à identidade do rosto estão sobretudo no hemisfério direito e um pouco – muito pouco – no esquerdo." E a teoria de Stanislas de Dehaene é que, na altura da aprendizagem da leitura, ocorre uma "reciclagem neuronal".

Mais precisamente, segundo Dehaene, refere Paulo Ventura, “a invenção da leitura é demasiado recente (foi há uns 5000 anos) para ter tido impacto ao nível do genoma humano.” E o que isto quer dizer, frisa ainda este investigador, é que não fomos formatados para a leitura pela evolução – e que, por isso, quando aprendemos a ler, temos de “recrutar” para essa nova função uma área do cérebro que até ali servia para outra coisa – neste caso, para identificar rostos. “É como se essa área fosse invadida, reciclada para uma nova função”, diz Paulo Ventura.

Mais: a partir do momento em que aprendemos a ler, essa região especializada que é a VWFA, essa “zona cerebral das palavras escritas”, passa a existir. E é a mesma em todas as línguas – em português, em russo, hebraico, japonês, mandarim...

De facto, os resultados agora obtidos abonam em favor da ideia de reciclagem neuronal. Estudos anteriores já tinham observado que, quando lhes são apresentadas imagens de faces, as pessoas iletradas activam uma área do seu hemisfério cerebral esquerdo que “calha” justamente na área VWFA de reconhecimento da escrita usada pelas pessoas letradas. Ora, os autores do actual estudo constataram que, quando as pessoas letradas estão a discriminar duas faces, a actividade da região VWFA diminui. Mas, ao mesmo tempo, a actividade aumenta numa área homóloga do seu hemisfério cerebral direito. O que sugere efectivamente que uma componente do processamento visual dos rostos humanos terá sido “deslocada” de um hemisfério cerebral para o outro quando o lugar onde inicialmente residia ficou “ocupado” pela aprendizagem da leitura. Terá havido, portanto, reciclagem neuronal.

Quer isto dizer que quando aprendemos a ler, passamos a reconhecer menos bem as faces? “Não, antes pelo contrário”, responde Paulo Ventura. “Discriminamos melhor as faces, devido à melhoria [geral] do processamento da informação visual.”

Há ainda uma boa notícia a destacar neste trabalho: os autores terminam dizendo que os seu estudo confirma que, no cérebro dos ex-iletrados – aqueles que aprenderam a ler na idade adulta –, a área específica VWFA, que se activa com a leitura no hemisfério esquerdo, também existe. “Não interessa a idade em que se aprende a ler; a melhoria do processamento da informação visual pode ser adquirida aos seis anos ou em adulto”, diz Paulo Ventura. “Nunca é tarde para usufruir dos benefícios cerebrais que a leitura traz”.

O julgamento paralelo de José Sócrates



ALBERTO PINTO NOGUEIRA
26/11/2014

As Escrituras narram a parábola de Maria Madalena. Os fariseus, em magote, trouxeram-na à presença do Senhor. Que a condenasse pelos seus muitos pecados. O Senhor atentou na dignidade humana de Maria Madalena. Ouviu-a. Depois, ditou sentença.

As questões da Justiça são políticas. Os tribunais exercem um poder soberano. O exercício dessas funções é, por natureza, político.

Se os políticos nos transmitem que se não intrometem com o poder soberano dos tribunais, teremos de responder que se trata de mera tautologia. Falam por falar. Não se quadram nem apreciam o silêncio.

Exigem e esperam decisões céleres e justas. Directa ou implicitamente, conforme interesses, também partidários e políticos, responsabilizam o que chamam “A Justiça” pelo processamento lento do sistema judicial. Desleixam a Justiça no investimento que não fazem no sistema. Tratam o poder judicial com displicência. Um poder soberano menor. Provocam, por confrangedora incompetência, sem consequências políticas, a paralisação do sistema. Só se lembram da Justiça quando ela lhes bate à porta.

O “país político”, dizem, fica longe da Justiça. Não devia ficar. Todos somos “país político”. A Justiça também. Vivemos na civitas. A Justiça diz respeito ao Estado de direito. A política também. Nelas, todos somos parte interessada com dever de participar.

O “país político” nada explica sobre a Justiça. É com outros.

O poder judicial pouco ou nada explica. A Justiça é para dentro. Com ele.

Está ainda colado a metodologias tradicionais e arcaicas. Subestima o direito à informação da comunidade. Não sabe comunicar. Defende-se. Fecha-se. O segredo de justiça alomba com todas as responsabilidades de um secretismo incompatível com a sociedade de informação que é a nossa. A “Justiça” não é capaz de informar a sociedade. Supõe-se viver fora e acima dela. Nos astros. Nem está preparada para comunicar. Vive para dentro. Ignora como separar sigilo do que deve ser público. Receia a comunicação social. Só interage às ocultas. “Julgar em nome do povo” transmuda-se em fraseologia gratuita. Retórica.

Os gabinetes de imprensa do Ministério Público produzem comunicados secos e irrelevantes.

Sacralizam o sistema. Separam-no da comunidade. Blindam-no.

A comunicação social apossa-se de toda a informação pública. É ostracizada pelo sistema judicial. Como um adversário temível. Transmite verdades e inverdades. Factos e aparência de factos. Massacra dias inteiros a reproduzir as mesmas coisas ad nauseam. Fomenta juízos de valor sobre pessoas e factos que ignora em toda a amplitude.

Os arguidos são sujeitos a julgamentos paralelos. O segredo de justiça, imposto pelas normas do julgamento legal, impede-os de usar o contraditório no julgamento da rua. Ninguém os leva, com o arrolamento dos “pecados”, à presença do Grande Júri. São apedrejados. Culpados. Não há direitos de defesa, nem presunção de inocência que lhes valham. Confunde-se Justiça com justicialismo. São condenados antes de julgados.

E depois? Depois, a ninguém assiste o direito de desrespeitar a dignidade da pessoa humana.

Procurador-geral adjunto

A presumível inocência de Sócrates



JOÃO MIGUEL TAVARES
27/11/2014


Tenho todo o direito de presumir que Sócrates é culpado daquilo que o acusam – pela simples razão de que as regras do espaço público não são as regras de um tribunal.

Da mesma forma que os gatos têm sete vidas, eu acho excelente que um cidadão tenha sete presunções de inocência. O problema de José Sócrates, tal como o de um gato que falece, é que já as gastou. Sócrates foi presumível inocente na construção de casas na Guarda, foi presumível inocente na licenciatura da Independente, foi presumível inocente na Cova da Beira, foi presumível inocente no Freeport, foi presumível inocente na casa da Braamcamp, foi presumível inocente no assalto ao BCP, foi presumível inocente na tentativa de controlar a TVI, foi presumível inocente no pequeno-almoço pago a Luís Figo. Mal começou a ser escrutinado, a presunção de inocência tornou-se uma segunda pele.

Claro que José Sócrates continua presumível inocente aos olhos da justiça, e assim continuará até ao trânsito em julgado da sentença. Claro que a presunção de inocência é pedra angular de uma democracia decente e de qualquer sistema judicial digno. Mas eu não sou juiz, nem polícia. Sou um cidadão e um colunista. E, enquanto tal, tenho todo o direito – repito: todo o direito – de presumir, face ao que leio nos jornais, às minhas deduções, às minhas convicções, à minha experiência, à minha memória e ao esgotamento de sete presunções de inocência, que Sócrates é culpado daquilo que o acusam. E tenho todo o direito de o escrever – pela simples razão de que as regras do espaço público não são as regras de um tribunal.

Esta insistência em confundir o plano mediático com o plano da justiça é absurda. Levado ao extremo, faria com que só pudéssemos pronunciar-nos sobre a honorabilidade de José Sócrates daqui a sete ou oito anos, quando todos os recursos tivessem sido esgotados e a sua sentença transitado em julgado. Eu não tenho o poder de um juiz. Não posso, felizmente, prender ninguém. E se não tenho o seu poder, é óbvio que também não tenho as suas limitações. É por isso que a minha liberdade de expressão é mais lata do que a do juiz Carlos Alexandre: ele fala pouco porque pode muito; eu falo muito porque posso pouco. À justiça o que é da justiça, aos jornais o que é dos jornais.

Existe uma admirável coincidência entre os fazedores de opinião que estão a demonstrar uma hiper-sensibilidade às falhas do segredo de justiça e uma notável abnegação na defesa da presunção de inocência, e aqueles fazedores de opinião que durante anos e anos defenderam José Sócrates contra os ataques ad hominem e o julgaram vítima de infames conspirações. Quando vejo Miguel Sousa Tavares ou Clara Ferreira Alves mais entretidos a discutir fugas de informação e timings de detenção do que a possibilidade muito real de um ex-primeiro-ministro ser corrupto, eu sei que eles estão menos a defender Sócrates do que a defenderem-se a si próprios, e àquilo que andaram a escrever ao longo dos anos.

Ainda ontem, no DN, Ferreira Fernandes dizia o seguinte: “Em 2009, escrevi: ‘Prendam-no ou calem-se.’ A turba, com muita gana mas sem prova, chegou primeiro do que a opinião pública – e depois?” E depois, caro Ferreira Fernandes, é que ali entre 2007 e 2011 boa parte da opinião pública preferiu fechar os olhos ao elefante no meio da sala. Se não havia provas, havia infindáveis indícios – e boa parte da opinião pública preferiu engolir as teses surreais de Sócrates, mantendo-se impassível diante do sufoco evidente do poder judicial às mãos do poder político. Viram, ouviram e leram. Mas preferiram ignorar. É uma escolha, claro. Só que convém assumi-la, até para que ninguém a esqueça.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Entrevista General Wesley Clark - Legendado Português

O que a Alemanhã quer por detrás da ajuda financeira

O que nos espera e aos nossos vindouros, se nos mantivermos de braços cruzados e crentes em supostas boas intenções.

A FALTA DE VERGONHA DO BCP



FONTE : DIARIO ECONOMICO DE 24.11.2014

Banco liderado por Nuno Amado quer acelerar a redução de pessoal prevista até 2017.

A antecipação do plano precipita o corte de 687 colaboradores até ao próximo mês de Março.

O BCP vai antecipar em dois anos e meio o objectivo fixado por Bruxelas de alcançar um quadro de pessoal de 7.500 funcionários até 2017. Uma meta que a administração do banco liderado por Nuno Amado quer agora alcançar até Março do próximo ano.

Muitos estão já a receber cartas, onde o banco os classifica como"excedentários".

Os novos planos do banco foram transmitidos, na semana passada, aos sindicatos dos bancários, numa reunião da comissão de acompanhamento do plano de reestruturação do BCP. Para acelerar a redução de custos com pessoal, estão a ser entregues cartas aos funcionários visados, anunciando que o banco "não tem condições para assegurar o seu posto de trabalho". As missivas são criticadas pela Federação do Sector Financeiro (Febase) que acusa o BCP de estar a pôr "em causa a boa fé negocial e a violar o acordo com os sindicatos".

Numa dessas cartas, o banco dá conta de que o programa de adesão voluntária contribuiu para aproximar dos objectivos a que está vinculado atingir junto da DG-Comp, "mas é de todo insuficiente".

Na carta, o BCP explica a necessidade de "continuar a trabalhar num novo modelo organizacional, onde é imperativo criar uma estrutura de recursos humanos mais simples, mais polivalente e, naturalmente, mais reduzida". "Foi elaborado um estudo para implementação de um novo modelo funcional (...) em função das alterações de negócio que estão a ocorrer e, assim, foram identificadas um conjunto de funções ou postos de trabalho que se tornam redundantes, ou porque se extinguem, ou porque são acopladas a outras ou porque simplesmente o Banco não tem condições de as continuar a assegurar fruto da necessidade imperativa de reduzir postos de trabalho", pode ler-se na missiva assinada pela responsável de Recursos Humanos do BCP. Aos visados é informado que ficarão dispensados de "prestar trabalho e de comparecer no seu local de trabalho até data a determinar", mantendo o salário e restantes direitos.

O passo seguinte é a negociação de um acordo para a saída.

O Memorando de Entendimento acordado entre banco e sindicatos, no final de 2013, surgiu na sequência do plano de reestruturação aprovado pela DG-Comp que, após a ajuda estatal de três mil milhões de euros ao BCPem 2012, impôs a redução dos custos com pessoal em 135 milhões de euros até 2017.

A Federação - que integra os sindicatos dos bancários do Norte, Centro e Sul e Ilhas - denuncia o carácter "intimidatório" das cartas que estão a ser entregues aos trabalhadores, no âmbito do processo de rescisões em curso.
A Febase já solicitou à administração uma reunião com carácter de urgência, que se realiza amanhã, considerando o presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas que o teor das cartas é "uma falta de respeito para com os trabalhadores". Ao Económico, Rui Riso atira ainda: "a carta configura um despedimento directo e a ACT poderá intervir". Até ao fecho da edição, o BCP não comentou o assunto.

Febase acusa BCP de violar acordo

Numa missiva enviada à administração do BCP, a Febase recorda que, no âmbito do processo de reestruturação o que está em causa são negociações individuais para rescisões contratuais por mútuo acordo, pelo que a "boa-fé negocial impõe que aos trabalhadores não seja entregue uma carta intimidatória, ameaçadora e ilegal". Segundo a Febase, os compromissos assumidos no acordo com o BCP "não podem ser unilateralmente alterados".

7 Mitos / Mentiras sobre os Portugueses



1. Os portugueses trabalham pouco. Os alemães trabalham muito.
Mentira. A jornada de trabalho em Portugal é uma das maiores da Europa desenvolvida. Comparados com os alemães, os portugueses trabalham mais 324 horas todos os anos, mas levam para casa menos 7484 euros.

2. Os portugueses andaram a viver da mama da Europa, paga pelos alemães.
Mentira. Com a entrada na UE, Portugal ganhou apenas 0,4% do PIB (fim da lista). Já a Alemanha encabeça o ranking com um aumento de 2,3%.

3. Os portugueses têm demasiados feriados.
Mentira. Em Portugal há 10 feriados (antes havia 14). A Finlândia tem 15, a Espanha 14, a Eslováquia 13, a Áustria 12, enquanto a Suécia, a Itália, a França e a Dinamarca têm 11. Na Alemanha há entre 10 a 13 feriados, conforme os estados (länders).

4.Há demasiados portugueses que são funcionários públicos.
Mentira. Temos, 575 mil e têm vindo a diminuir. Em 2008 (quando eram mais do que agora), eram 12,1% da população ativa. A média dos 32 países da OCDE é de 15%. A Dinamarca e a Noruega têm cerca 30%. O peso dos vencimentos dos funcionários públicos, em Portugal, em relação ao PIB, é inferior à média da UE e da zona euro: 10,5% em Portugal, 10,6% na zona euro, 10,8% na UE, mais de 18% em países como a Dinamarca ou a Noruega.

5.Os portugueses não produzem o suficiente para ter saúde, educação e segurança social públicas e de qualidade.
Mentira. Os trabalhadores portugueses entregam mais ao Estado (em contribuições e impostos diretos e indiretos) do que recebem em serviços públicos, sendo que na maioria dos anos até há excedente (os trabalhadores deram mais do que receberam do Estado).

6. Os portugueses viveram acima das suas possibilidades e andaram a fazer crédito para carrões e férias na República Dominicana que não podiam pagar.
Mentira. Em 2009, o crédito habitação era quase 80% do volume global de empréstimos contraídos por particulares. Uma decisão absolutamente racional, considerando que alugar casa era muito mais caro, logo, isso sim, seria viver acima das possibilidades.

7. Os portugueses são um povo de brandos costumes.
Mentira. Só nos séculos XIX e XX, contam-se milhares de mortos em guerras civis e revoluções. Foi o Estado Novo que inventou o chavão, numa operação de manipulação da nossa identidade. Para andarmos caladinhos e quietinhos.

Joana Amaral Dias

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Se é assim como Google imaginem no "Fraudebook"..

Como o Google sabe quase tudo sobre a nossa vida!

por Fernanda Câncio - Diário de Noticias.



Armazenamento da informação dos utilizadores, venda de publicidade e dados, concessão de acesso a governos; o motor de busca é acusado de ser a mais perigosa das secretas.

"Se têm amor à vossa privacidade, larguem o Google, o Facebook e o Dropbox."

É o conselho de Edward Snowden, o ex-analista dos serviços de informações americanos que revelou milhares de documentos secretos em junho de 2013. Julian Assange, fundador da WikiLeaks, foi mais longe num debate este mês no Lisbon & Estoril Film Festival:

"O Google é o maior serviço de informações do mundo."

Em 2013, Snowden garantira que os sistemas de informação dos EUA tinham penetrado ("hackado", no jargão da net) os servidores do Google e do Yahoo para obter informação privada de milhões de utilizadores. Como resultado, o Google anunciou que tinha encriptado o Gmail. Mas o que Assange e Snowden dizem agora é que o perigo não vem apenas das secretas governamentais; as próprias empresas da net, com a Google à cabeça, funcionam na mesma lógica dos serviços secretos, procurando saber o máximo sobre os seus utilizadores e armazenando e ligando os dados de modo a criar perfis.

As mais belas Ruínas portuguesas...


Até dói de tanto desleixo!

Nota – as imobiliárias não poderiam dar uma ajuda?
Aproveitando o mote que tantas ondas tem agitado no cibernético espaço: "As dez mais belas Ruínas", ou "Os mais belos locais abandonados", já vistas em diversas listas um pouco por todo o lado, de que este site (Ruin`Arte ) tem dado algumas contribuições, tanto em planos nacionais como internacionais, exploramos esse tema, gerando as nossas próprias listas.

Por a escolha ser difícil e injusta, pela beleza gráfica de cada uma, resolvemos ponderar diversos critérios menos superficiais, tais como : Importância histórica, valor arquitectónico, aproveitamento económico, social e cultural, que são muito mais criteriosos no âmbito deste projecto.

Formulamos cinco categorias : Património Industrial, Arquitectura Palaciana, Ruínas com História, Jóias de Arquitectura e Ruínas Românticas.

Esta última , casos anónimos com menor protagonismo social, mas que nem por isso deixam de ter importância em qualquer outro plano.

Entre perto de um milhar de ruinosas ocasiões com que deparamos nestes últimos cinco anos de actividade vimos um pouco de tudo, no entanto e como é óbvio, não conseguimos ir a todos os locais , e menos ainda todos aqueles que desconheçemos, por isso, esta lista não deve ser entendida como o top nacional, mas como o top Ruin'Arte. 

Aqui ficam cinquenta momentos e monumentos que já conheceram melhores dias.

Património Industrial

Central Termo Eléctrica do Freixo - Porto
Efanor - Matosinhos
Fábrica das Devezas - Gaia
Abel Pereira da Fonseca - Lisboa
Fábrica do Braço de Prata - Lisboa
Fábrica de Fiação A.C. da Cunha Morais - Crestuma
Moinhos de Santa Iría - Póvoa de Santa Iría
Real Fábrica de Atanados - Povos - Vila Franca de Xira
Moagem do Caramujo ou Fábrica Aliança - Cova da Piedade
Central de Captação de Água de Foz do Sousa
Fábrica de Lanifícios da Arrentela

Arquitectura Palaciana

Paço das Alcáçovas
Quinta do Duque - Alpriate
Palácio do Duques de Aveiro - Azeitão
Casa do Passal - Cabanas de Viriato
Real Quinta de Caxias
Paço dos Duques de Cadaval - Tentúgal
Palácio dos Viscondes da Gandarinha - Sintra
Casa da Pesca do Marquês de Pombal - Oeiras
Palacete do Duque de Saldanha - Sintra
Casa da Praça - Frazão

Ruínas Históricas

Forte da Graça ou do Conde de Lippe - Elvas
Torre de S. Sebastião da Caparica ou Lazareto Velho - Porto Brandão
Convento de N. Senhora de Seiça - Ribeira de Seiça
Real Castelo de Montoito ou de Valongo
Convento de Santo António da Castanheira - Loja Nova
Castelo de Barbacena
Torre das Águias - Brotas

Quinta do Covelo - Porto
Estação de Mala-Posta - Sanfins

Jóias de Arquitectura

Cavalariças de Santos Jorge - Estoril
Villa Sousa (Prémio Valmor 1912) - Lisboa
Castelo da D. Chica - Palmeiras
Quinta do Montado - Canidelo
Palácio da Fonte da Pipa - Loulé
Chafariz dos Olhos - Lisboa
Ermida de S. Faraústo - Oriola
Casa do Professor ou Quinta do parreira - Oliveira de Azeméis
Av. dos Aliados - Porto
Casa Arte Nova - Avintes

Ruínas Românticas


Cinema Batalha - Porto
Hotel Águas de Radium ou Serra da Pena - Sortelha
Pavilhões do Parque - Caldas da Rainha
Centro Comercial Cruzeiro - Monte do Estoril
Casa de Salazar - Vimieiro
Quinta do Paço da Serrana - Boassas - Cinfães do Douro
Casa do Relógio ou Manuelina - Foz do Douro - Porto
Celeiro setecentista - Arrábida
Seminário de Santa Teresinha - Pombeiro de Ribavizela
Prédio na R. de Miragaia (já derrocado) - Porto