"O mundo da realidade tem os seus limites. O mundo da imaginação não tem fronteiras." J.J. Rousseau ||| Faz mais ruído uma árvore que cai do que uma floresta a crescer.
sábado, 22 de junho de 2013
Obesidade Mental
O Prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que
revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais
em geral.
Nessa obra, introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que
considerava o pior problema da sociedade moderna.
«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do
excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e
conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que
de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos
tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e
comentadores, os editores da informação , os romancistas
e realizadores de cinema de má qualidade.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e
romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola.
«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem
apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta
mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e
telenovelas.
Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance,
violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida
saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os
Abutres", afirma:
«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de
reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações
humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir,
agredir e manipular.»
O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade
fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.
«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».
«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes
realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a
cultura banalizou-se a arte é fútil, paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da
civilização. É só uma questão de obesidade...
O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.
Precisa sobretudo de dieta mental.»
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