BAGÃO FÉLIX
26/06/2014
A calculadora não chegou e até estava estragada. Na televisão, depois do 2-1, ouvíamos profissionais - pagos para serem rigorosos - dizer que ainda havia tempo para marcar os dois golos que faltavam para o milagre. Mas não seriam dois, mas três. Bastava uma simples conta de cabeça, para não alimentar a “ilusão”, como agora sói dizer-se em castelhanismo.
No fim, pode-se resumir: saída limpa. Com uma simpática almofada de uma vitória sobre ganeses que, gentilmente, nos presentearam com duas fífias. O pior foi o “spread” no dealbar da crise. Entenda-se por “spread”, a diferença de golos para o país dos dólares, mas fabricada por um país da zona euro, a Alemanha. Ficámos sentenciados nos eurogolos merkelianos. Uma manifesta falta de solidariedade, porque bastava que os marcos travestidos de euros nos tivessem vencido por um só golo e seríamos talvez nós a fazer-lhes companhia.
É certo que pouco fizemos para chegar mais longe. O nosso PEC foi mal construído e aprovado, in extremis, na Cimeira de Estocolmo por obra e graça de Cristiano Ronaldo. A equipa nem se reforçou, nem se renovou. Ficou no meio presa por fios, tatuagens, penteados e conversas. Tivemos mais lesões (sete) do que golos marcados (quatro). Jogámos quase sempre com inconsistência e cansaço.”Tivemos o que merecemos”, disse no fim, com lucidez e honestidade, Paulo Bento.
Imagino toda a hermenêutica que aí virá sobre o fracasso, depois de semanas a fio de nacionalismos baratos e inconsequentes. Somos assim. E no meio de toda a parafernália de argumentos lá aparecerá, em profusão, o “há que levantar a cabeça”. Já agora sem levantar os pés do chão. Voltemos à terra. Cinjamo-nos à realidade. Andamos há anos a fingir com play-offs de insuficiências. Mas é do que gostamos.
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