segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Texto publicado pelo nosso Amigo Major-general, Raul Luís Cunha.

 

Major-general, Raul Luís Cunha.

Visto, traduzido e adaptado de um 'post' algures num dos canais do 'telegram' e aqui transcrito para vossa informação:

O ataque a Sebastopol e a suspensão do acordo dos cereais:
Quem beneficia com isso?
Analisando os eventos ocorridos ontem no ataque a Sebastopol, chegamos a algumas conclusões muito interessantes. Não restam dúvidas de que o ataque foi organizado pelas forças armadas da Ucrânia, como evidenciam os vídeos por eles publicados e o simbolismo na escolha da data do ataque – tudo aconteceu na véspera do aniversário do início da defesa de Sebastopol e do Dia das Forças Navais de Superfície (ambos comemorados em 30 de outubro). E fazer coincidir ataques terroristas com datas significativas tornou-se numa marca registada de Kiev.
É óbvio que o objetivo do ataque era interromper o acordo dos cereais, vista a necessidade de o prorrogar que havia sido anunciada no dia anterior por várias partes, incluindo pelo secretário-geral da ONU. Importa salientar que no seu discurso no Clube Valdai, Vladimir Putin também se focou em Odessa, que se poderia transformar tanto na “maçã da discórdia” quanto num símbolo da resolução do conflito. É possível que o acordo dos cereais também tenha sido entendido nesse contexto.
O bom senso faria com que fosse considerado prejudicial para a Ucrânia romper o acordo dos cereais, pois o mesmo garante o trabalho dos portos de Odessa e permite lucrar com a exportação dos cereais. Mas, entretanto, a declaração do Ministério da Defesa russo sobre o envolvimento da Grã-Bretanha na sabotagem comprova mais uma vez que Kiev continua a actuar no interesse do Ocidente, muitas das vezes para seu próprio prejuízo. Dada a presença de um avião não-tripulado dos EUA na área do Mar Negro no momento do ataque, declarar que Washington nada sabia sobre essa operação especial de Londres, é, no mínimo, um disparate.
Vale a pena notar que não só a Turquia está muito interessada no acordo dos cereais, mas também os países da UE, que de facto acabam por ser uma das partes afectadas pela suspensão do corredor para os cereais. A UE também sofreu não menos perdas quando o gasoduto Northern Stream foi sabotado.
Confirma-se assim, mais uma vez, a tese de que os EUA e a Grã-Bretanha estão a travar a sua guerra híbrida não apenas contra a Rússia, mas também contra os países da UE. Privar a Europa de qualquer tipo de significado em termos geopolíticos e económicos, por mais estranho que possa parecer, é um dos principais objectivos dos anglo-saxões na guerra na Ucrânia.

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