ROMANA BORJA-SANTOS
15/05/2014
Portugueses consomem em média 13 litros de álcool por ano. Topo da lista é ocupado pela Bielorrússia, com 17,5 litros. Noutro dos indicadores, Portugal está entre os dez países do mundo onde as mulheres vivem mais tempo.
Cada português consome, em média, quase 13 litros de álcool por ano, um valor que coloca o país entre os que mais bebem em todo o mundo, aumentando ainda o risco de desenvolver dependência ou doenças como cirrose e cancro do fígado, destaca a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Este é um dos dados divulgados nesta quinta-feira pela OMS, no relatórioWorld Health Statistics 2014 (Estatísticas Mundiais de Saúde 2014). O documento, que é publicado anualmente desde 2005, apresenta dados de 194 países em termos de mortalidade, doenças e sistema de saúde, incluindo indicadores como a esperança média de vida, a mortalidade relacionada com algumas doenças em particular, os factores de risco, funcionamento e tratamento nos serviços de saúde, assim como o investimento financeiro que é feito nos mesmos.
No campo específico do consumo de álcool entre maiores de 15 anos, Portugal surge em 11.º lugar com 12,9 litros per capita por ano, sendo apenas ultrapassado por países como Bielorrússia (17,5), Moldávia (16,8), Lituânia (15,4), Rússia (15,1), Roménia (14,4), Ucrânia (13,9), Andorra (13,8 litros), Hungria (13,3), República Checa (13), Eslováquia (13).
Pelo contrário, entre os menos bebedores do mundo encontram-se países como a Líbia e o Paquistão, ambos com 0,1 litros por pessoa por ano. A cauda da lista conta, ainda, com países como o Bangladesh e a Arábia Saudita (0,2), o Egipto (0,4), Iraque (0.5) ou Indonésia (0,6).
Longevidade das mulheres portugueses no top ten
Do lado positivo, o país destaca-se no indicador da esperança média de vida, onde consegue colocar a longevidade das mulheres no top ten. O país com melhores resultados neste indicador é o Japão, onde as mulheres vivem, em média, 87 anos, seguido de Espanha, Suíça, Singapura, Itália, França, Austrália, República da Coreia, Luxemburgo e, por fim, Portugal, com 84 anos. A OMS compara os dados que dizem respeito a 2012 com o mesmo indicador em 1990, ano em que em Portugal a esperança de vida das mulheres se ficava pelos 78 anos.
Já a tabela masculina é liderada pela Islândia, com 81,2 anos, seguida da Suíça, Austrália, Israel, Singapura, Nova Zelândia, Itália, Japão, Suécia e Luxemburgo, que conta com 79,7 anos. Neste caso, Portugal não ocupa os dez lugares cimeiros, mas consegue, ainda assim, uma média de 77 anos, quando em 1990 tinha apenas 71. O portugueses surgem numa situação de empate com países como o Chile, Costa Rica e Eslovénia, e depois de outros como Áustria, Bélgica, Canadá, Itália, Espanha, Reino Unido, Holanda ou Grécia. Na esperança média de vida global, Portugal conta com 81 anos, um valor que conseguiu um aumento de sete anos em pouco mais de duas décadas.
A evolução da esperança média de vida a nível mundial é um dos dados que a OMS destaca no seu relatório, atribuindo essa melhoria ao facto de estarem a morrer cada vez menos crianças antes dos cinco anos de idade. Globalmente, estima-se que o número de mortes entre crianças com menos de cinco anos tenha caído de 12,6 milhões em 1990 para 6,6 milhões em 2012. O número de crianças da mesma idade com baixo peso também conseguiu uma redução de 25% para 15% no período em questão. Do lado dos países desenvolvidos, uma grande parte da subida é explicada também pelo controlo das doenças não-transmissíveis, como é o caso das patologias cerebrovasculares.
A directora-geral da OMS, Margaret Chan, durante a apresentação em Genebra, alertou que, ainda assim, continuam a existir muitas assimetrias entre os vários países, com aqueles onde existem rendimentos elevados a reportarem melhores dados, por vezes com diferenças médias que podem chegar quase aos 20 anos. De acordo com os dados da OMS, uma rapariga que nasça em 2012 poderá viver 73 anos e um rapaz 68. Um valor que representa quase mais nove anos do que acontecia em 1990. Entre os países que mais melhoraram encontram-se a Libéria, que passou dos 42 para os 62 anos, a Etiópia, que subiu dos 45 para os 64 anos, as Maldivas (de 58 para 77 anos), o Camboja (de 54 para 72) e Timor-Leste (de 50 para 66 anos).
Por outro lado, o relatório refere as doenças que tiram mais anos de vida em todo o mundo, os chamados “anos de vida perdidos”. As doenças coronárias, as infecções respiratórias como a pneumonia, e os acidentes vasculares cerebrais ocupam os lugares cimeiros. Mas, quando se olha para os países menos desenvolvidos, nomeadamente em África, percebe-se que nestes casos as doenças infecciosas como o VIH/sida ainda são as que têm maior peso. E há sinais de epidemias silenciosas que podem vir a comprometer muitos destes resultados no futuro: 44 milhões de crianças com menos de cinco anos, ou seja, quase 7% do total, têm excesso de peso ou são obesas.
No caso português, registaram-se melhorias ao nível de doenças como a tuberculose, o VIH/sida e as infecções respiratórias. Mas há áreas, como a prematuridade, que estão a registar algumas subidas. Há ainda outras que continuam com algum descontrolo, como a diabetes, a hipertensão arterial e a obesidade – isto apesar de, em termos de despesa, o país estar a gastar mais dinheiro no sector da saúde, sobretudo à custa das famílias. Contudo, quando se olha para a percentagem per capita investida em termos de Produto Interno Bruto, a verba fica aquém da de muitos países desenvolvidos.
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