domingo, 23 de outubro de 2022

VAI TUDO ABAIXO

 

Legenda da foto: Sr Z em Liman, ou será em Kharkov? Ou talvez em Kiev?


A entrevista de Jack Keane à cadeia de televisão FOX News, constitui um exemplo emblemático da falácia do “Golias, o conquistador”, o qual, aproveitando-se da fraqueza de “David, o libertário LGBT+”, decide entrar em casa alheia sem ser convidado, provocado ou assediado.
Jack Keane, não é um zé ninguém qualquer, daqueles comentadores de facebook… Não! Jack Keane sabe do que fala. Afinal é só ex-Chefe do Estado Maior Conjunto dos EUA, que aconselha o Departamento de Defesa, o Conselho de Segurança, etc. Trata-se, ainda, de um General de 4 estrelas, e, portanto, teremos de assumir que o que ele diz à FOX é mesmo assim. Até porque bate certo com todos os outros indícios, históricos e hodiernos, bem como com os desabafos já veiculados por outros conselheiros, congressistas e secretários de estado da casa branca. O vídeo pode ser visto em https://www.youtube.com/watch?v=QyqGR42DD2U. Pena é estar em inglês, mas com a tradução simultânea dá para perceber o que ali é testemunhado.
Então, o Major General Jack Ryan, disse á cadeia Fox, mais ou menos que, o partido republicano está sempre muito preocupado com as contas, mas, desta vez, a Casa Branca fez um óptimo “investimento” de "66 biliões de dólares”. E sublinhou “investimento”, porque com uns meros 66 milhões de dólares lograram “comprar” o país do Sr. Z e assim libertar o governo estado-unidense de uma despesa de triliões. E, acrescentou que, com esse “investimento”, em vez de termos militares do seu país a morrer a combater o inimigo, passámos a ter os jovens do país do Sr. Z a fazê-lo.
Precioso testemunho este. Se depois disto, ainda houver quem acredita na falácia que visa alinhar, contra ESTA guerra, todos os que estão a favor de TODAS as outras, e perseguir, por sua vez, quem está, sempre e continuadamente, contra TODAS as guerras SEM EXCEPÇÃO, é porque chegámos ao plano da religião ou do futebol, e nesse plano, já não discuto.
Este caso é paradigmático sobre a forma como foi montada toda uma estratégia de relações públicas que visou, sobretudo, arrastar a opinião pública ocidental para um quarto fechado e escuro, negando, atacando e rejeitando tudo o que esteja para lá desse cubículo.
Peguemos noutro exemplo, para percebermos como funcionam estas falácias, cuja superficialidade atroz nos estarrece, tal a facilidade em serem desmontadas, demonstrando, por isso mesmo, o nível de alienação em que colocaram as pessoas mais incautas, desinformadas ou religiosas, em relação à corrente política dominante.
Ontem, as Tv’s falavam de um ataque russo a Adiivka, que vitimou 7 civis inocentes. Não tenho dúvidas de que terão morrido inocentes, pois a guerra é mesmo assim. Não sou dos que acho que as guerras do ocidente só matam gente má e culpada, como estou certo de que as bombas russas também matam gente inocente. Mas, na CNN dizia-se que a explosão fora provocada por um míssil proveniente de uma defesa anti-aérea.
Perante o paradoxo (apenas aparente, diga-se) de um míssil terra-ar atingir um alvo em terra, para mais, tratando-se de um míssil antiaéreo, usado para efeitos defensivos, que atingiu uma cidade sob domínio do Sr. Z, concretamente a cidade que no Donbass reúne os postos de comando mais importantes dos AZOV e das FAU, o que fez o comentador de serviço?
O comentador engendrou uma explicação brutalmente contraditória que jogasse com a acusação vinda de Kiev. Ou seja, não foi verificar o que aconteceu realmente, dada a estranheza (nada isolada, aponte-se) do acontecimento. Então, este grande obreiro da desinformação explicou, o que aconteceu, foi que o exército do Sr. P, como está com falta de misseis de longo alcance, decidiu começar a usar mísseis terra-ar, provenientes de complexos de defesa antiaérea, mas destinados a alvos terrestres. E, continua o “cartilheiro”, dizendo que “estes mísseis, como se sabe, são menos precisos” e, concluiu com “isto marca uma nova fase na ofensiva caracterizada pela falta de armas de precisão”.
Bem, aparte da barbaridade de haver gente desta num serviço deste tipo, o que aconteceu, logicamente, e em linha com o que temos visto, e, aplicando o princípio de Occam, segundo o qual a explicação mais simples, normalmente, tende a ser a correcta, é que, desde o início, as forças do Sr. Z, como forma de potenciarem o número de vítimas, para efeito de guerra da informação, colocam as baterias antiaéreas dentro das cidades.
Ao contrário do que mandam as regras, os sistemas de defesa aérea devem estar em locais desabitados, para, precisamente, não acontecerem este tipo de acidentes. Contudo, como o Sr. Z sabe (mas não o assume), as tropas do Sr. P têm mostrado contenção na hora de bombardear zonas urbanas, especialmente quando comparadas as intervenções no Iraque ou na Palestina. Daí que, o Sr. Z, mande instalar estas coisas no meio das cidades, camufladas, pois sabe que aí mais dificuldade terá o inimigo em destruí-las. Contudo, sempre que têm de ser usadas – e neste caso foram usadas contra drones Geran-2 -, das duas uma, um interceptam o alvo aéreo, ou ficam à deriva e caem num local mais ou menos aleatório. E isto temos visto acontecer desde o início desta guerra. Até porque, se as defesas antiéreas são colocadas para defender um território que está dentro da área de intervenção, como raio é que um míssil antiaéreo do Sr. P cairia a dezenas de quilómetros da sua área de intervenção. Depois, existe um vídeo filmado por um civil de Adiivka que mostra o missil a falhar o drone e a voltar para... Isso! Para o chão!
Depois, eu não sou militar, mas estes mísseis terra-ar são dirigidos a alvos móveis, sendo disparados para uma trajectória que intercepte o alvo em movimento. Logo, como poderiam ser usados para alvos estáticos e logo em terra? E o que é que a precisão tem a ver com isso? Até porque, não sendo eu entendido, estes mísseis até devem ser bem precisos, porque senão não cumprem a sua função de defesa, certo? E, segundo tenho lido, o mais difícil é atacar alvos em movimento e estes mísseis fazem-no. Logo… Já viram o disparate que o tipo estava a dizer, só para justificar a aldrabice, mais uma!
Mas, esta questão do exército do Sr. P não ter munições, é outro disparate. E os bombardeamentos dos últimos dias demonstram-no com toda a evidência. Ao que consta nos próprios canais ucranianos, a noite passada foi mais uma em que infra-estruturas importantes foram atacadas pelo exército do Sr. P. Ora, partindo do princípio de que os órgãos informativos “livres” não nos enganam deliberadamente, devemos questionar como é que o o Sr. P bombardeia sem munições. Temos de admitir que é um bocado estranho.
O site de política internacional www.moonofalabama.org fez uma lista (disponível em: https://www.moonofalabama.org/.../russia-having-run-out... ) das notícias veiculadas pela imprensa “independente”, “livre” e “credível”, sobre o esgotamento iminente de munições ao dispor do exercito do Sr. P.
Desde a Reuters, Financial Times, o Moscow Times (é americano, e não, não foi encerrado!), Jerusalem Post, Daiy Mail, the Sun, Newsweek, Business Insider, todos, mas todos, desde Março do corrente ano, recorrem a especialistas do topo da hierarquia militar dos nossos dominadores “aliados”, para jurarem, a todos os santinhos, pela família e filhos, que o Sr. P já só tem pólvora seca, ao seu dispor. Nem é preciso dizer, o quantas vezes as nossas “livres” TV’s, Jornais e Rádios, reproduziram estas afirmações, nunca as contradizendo, ou, pelo menos, verificando junto de fontes diversas e realmente independentes, se tal seria verdade ou não.
Todos estes casos, a par das constantes “visitas” do Sr. Z à linha da frente, mostram-nos como, cada um dos lados, combate esta batalha, usando estratégias totalmente diversas. Uns trabalham para a fotografia, outros trabalham para dominar, de facto.
Exemplo disto mesmo é o que alguns militares americanos (russos, chineses e europeus também) têm referido a respeito da estratégia russa. O objectivo de desmilitarização do exército do Sr. Z, segue os princípios doutrinários das grandes vitórias do passado. Pode destruir-se o inimigo indo contra ele, mas isso obriga a recursos infindáveis e, sobretudo, a maior mortandade de tropas. A outra hipótese é o que fizeram com Napoleão ou na 2ª grande guerra. Estabilizam as linhas de defesa, fortificam-nas e criam uma barragem de artilharia, com apoio de aviação e tudo o que é preciso. Depois, é só esperar pelo inimigo. Como o inimigo trabalha para a fotografia, vai-se deixando avançar as suas tropas em locais sem importância estratégica (estepes, cidades despovoadas) e, a cada avanço, o inimigo perde milhares de homens e centenas de veículos. O terreno “perdido” funciona como a “cenoura”. Não é segredo que, quando o Sr Z chegou a Liman, encontrou as casas vazias e os depósitos de munições desertos. Ou seja, houve uma saída planeada e ordenada. Em contrapartida, as perdas nesse avanço foram na ordem dos milhares de homens.
O facto é que, tal como fez Hitler na 2ª guerra, na tentativa de gerar um plano de desmoralização do inimigo, à medida que ia vendo o seu exército desbaratado, foi precisamente quando começou a fazer avançar as reservas, atacando tudo ao mesmo tempo. O resultado, já todos sabemos. Hoje, ver os relatórios das várias partes envolvidas (todas elas e não apenas as duas principais), constatamos que, até de acordo com a comunicação social “credível”, todos referem perdas de centenas -e às vezes milhares – todos os dias, nos continuados ataques do Sr. Z. No final, tudo o que são objectivos estratégicos, não consegue nenhum. Mas, aos poucos, vai perdendo o exército. As armas soviéticas já foram quase todas (as que tinham e as que lhe mandaram os “aliados”), e agora chegou a vez das ocidentais, que chegam a cada vez menos velocidade, ao ponto de já se usarem veículos civis normais como carros de assalto.
E porque é que, sabendo disto, o Sr. Z opta por chocar contra este muro? Porque o objectivo é a fotografia. Criar uma ideia de avanços continuados, visando desmoralizar o inimigo, na linha da frente e em casa. A par disso, os serviços secretos de sua majestade, ajudados e coordenados pelos de sempre, vão rebentando com infra-estruturas importantes, dentro e fora do país do Sr. P, visando criar um contexto propício a uma revolução colorida que o retire do poder. Esta é a única estratégia real que eles têm (e que se repete no Irão, na Tailândia, na Venezuela…), visto que, as sanções não resultam, porque, como já todos sabemos, elas não se destinavam ao país do Sr. P, mas aos países do Sr. S, M, L, “sabiamente” colocados a jeito pela Srª van der Lata.
E de tal modo foram colocados a jeito, que, só para dar um exemplo do nível de autoflagelação em que fomos colocados, podemos dizer que, num período marcado pela crise “provocada” de acesso ao petróleo e gás, em que estas matérias sobem de preço de forma estratosférica, a europa continua a comprá-las, não em €, mas em dólar. Ora, se o € tem desvalorizado e o dólar tem valorizado (o que demonstra a engenharia aqui subjacente), a europa deveria evitar comprar energia em dólar, certo? Pois, ao converter € em dólar, está a prejudicar-se do ponto de vista cambial. Mas para não chatear a Casa Branca, van der Lata prefere tornar-nos a energia ainda mais cara, enquanto países como a China, India, Turquia, Brasil, Irão, Arábia Saudita e outros, já estão, precisamente, a diminuir as suas compras em dólares, precisamente porque este está demasiado valorizado. Eis como se enterra, ainda mais, uma economia.
E enquanto Stoltenberg diz que uma derrota do Sr. Z é uma derrota de todos “nós”, o que, pela milésima vez, demonstra quem está, de facto, por detrás do conflito, na França mais de 2000 postos de combustíveis estão fechados por uma greve, que ameaça tornar-se uma greve geral. Isto, enquanto Macron manda atirar com gás lacrimogéneo e balas de borracha contra estudantes do ensino secundário em luta. Oh! Se fosse o Sr. P, ou o Sr. X, o que não faltaria de “ditadura” e “tirania”. As classificações dependem da simpatia ocidental para com quem pratica os actos. Num caso são estudantes “violentos”, no outro são estudantes “pacíficos”, mesmo que atirem com cocktails molotov.
Mas as TV’s do burgo pouco falam destas coisas, que, aliás, se repetem, cada vez com maior força, pela Europa fora. O que não admira, tal o nível de autodestruição em que foi colocada a economia europeia e, no nosso caso, nacional.
Mas se Marcelo e Costa têm tanta comiseração pelos civis ucranianos - que a merecem toda, diga-se - pouca têm pelos 400 jovens e crianças abusados pelas figuras da igreja católica. Parece que, uma vez mais, depende de quem pratica a violência. Se é inimigo, são crimes contra a humanidade, se são amigos, são “poucos casos”. Se este exemplo não serve para constatar a parcialidade com que se avalia a realidade, então não sei já o que serve.
O facto é que isto tudo pode ainda agravar-se mais. O aprofundamento das relações do país do Sr. P com os países do golfo, tem tudo para começar a ameaçar de morte o petrodólar. Ora, já sabemos onde vão os nossos “amigos” atlânticos pilhar, quando perderem os “almoços grátis” do petro dólar. Penso que, a valorização a sua moeda, o crescimento do seu PIB, o domínio de mercados, antes europeus, entre outros, mostram o caminho que vai ser seguido. E como nós o pagaremos com língua de palmo.
Se a isto adicionarmos as provas que já existem de que o Sr. Z usa os barcos carregados de cereais – carregados ao abrigo do acordo da ONU – para esconder e transportar armas, antevê-se aqui mais um aperto no garrote. É que o Sr. P terá o pretexto que quer para impedir estes barcos de saírem em direcção aos seus compradores. Também se diga que, ao contrário do que se propagandeava, o trigo vindo do país do Sr. Z não se destinava a África, mas sim à Europa. Apenas 2 em cada 87 navios, saem com destino à África. Eles vêm é para a Nestlé, Milaneza, Nabisco, Matutano e outras do tipo.
O mesmo faz o Sr Z com os comboios de civis saídos da Polónia. Carruagens à frente com civis, carriagens de trás com tanques de guerra, transformando os civis em escudos, ou em alvos militares, é só escolherem. E porque o fazem? Porque sabem que, ou o Sr. P não os ataca, por causa dos civis, ou se os atacar, lá vêm as fotografias de mortos sempre tão requeridas nos meios de propaganda ocidental.
Por fim, sabemos que os EUA pretendem banir, desta feita, o alumínio do país do Sr. P. Não admira. Tendo assegurado os seus fornecimentos, seja ao nível nacional, seja na América Latina, os EUA podem agora apertar um pouco mais um garote à EU. Até porque van der Lata, se os EUA dizem que é alumínio, ela manda logo banir o aço, níquel, zinco, papel, madeira, cereais… Tudo para se mostrar convicta, militante e bem-comportada.
O facto é que, o alumínio é daqueles metais que tem importância primordial para a indústria automóvel, aviação e metalomecânica. Estas indústrias, motores da economia europeia, terão de o comprar muito mais caro e a quem? Ou a mercados dominados por quem? Pelos de sempre.
E se dissermos que, da Boeing à General Motors, anular a concorrência da Airbus e dos fabricantes alemães, franceses e italianos, dá um jeitão… Já se está mesmo a ver quem ganha com a desindustrialização… Os discursos podem ser lindos, convictos, solidários e libertadores… Mas a prática, a objectividade, a realidade é esta:
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