Investigadores da área da história, física e ciência computacional juntaram-se para analisar milhares de documentos de Simón Ruiz, um homem de negócios que viveu no século XVI, e encontraram semelhanças surpreendentes com as redes financeiras da actualidade. Há padrões que se mantêm apesar dos 500 anos de diferença.
ANDREA CUNHA FREITAS 22 de Agosto de 2018
Pintura do mercador e banqueiro Simón Ruiz da autoria do pintor Juan Pantoja de la Cruz
O mundo de Simón Ruiz era muito diferente do que temos hoje à nossa volta, mas a sua forma de ganhar a vida terá, afinal, mais semelhanças com a actualidade do que à primeira vista podia parecer. O homem de negócios espanhol, com uma longa e próspera carreira de 40 anos, marcou uma época que é caracterizada como o primeiro mercado global de transacções. Depois da análise de 8725 letras de câmbio manuscritas – num trabalho que juntou o minucioso exame de historiadores às mais recentes técnicas computacionais e modernos métodos matemáticos –, uma equipa de investigadores portugueses concluiu que há semelhanças surpreendentes entre a antiga rede de negócios e os actuais mercados globais financeiros. A investigação, publicada esta quarta-feira na revista Royal Society Open Science, compara duas redes financeiras separadas por 500 anos, seguindo o rasto do fluxo do dinheiro.
As imagens que encontramos de Simón Ruiz apresentam-nos um homem de barba branca, olhos pequenos e semblante sério, quase severo. Dizem que teve uma vida longa (terá nascido em 1525 e morreu em 1597), casou duas vezes e não teve filhos. Morreu “de velhice”, após uma próspera carreira de 40 anos que começou nos negócios de venda de lã em Burgos, seguindo o trilho dos passos do seu pai, e com contratos com importadores que lhe garantiram trocas privilegiadas com a região do Nordeste de França. Investiu em vários tipos de comércio e ao mercador somou o papel de banqueiro, emprestando dinheiro ou servindo de intermediário em operações financeiros. Entre os “beneficiários” da sua fortuna encontrava-se, por exemplo, o rei D. Filipe II, que recorreu a Simón Ruiz quando os banqueiros genoveses e outros deixaram de lhe emprestar dinheiro por falta de pagamento de dívidas antigas.
Após a sua morte, a riqueza que acumulou e que conseguiu preservar durante períodos críticos de crises financeiras (nomeadamente durante a bancarrota da Coroa espanhola em 1575) acabou por cair nas mãos de um sobrinho. Ao contrário do seu tio, Cosmo Ruiz não teria jeito para este arriscado negócio das transacções financeiras e acabou por apostar demasiado no “cavalo errado”. Um avultado empréstimo que fez a um negreiro português que negociava com escravos, chamado Pedro Gomes Reinel, arruinou o sobrinho do mercador e empurrou-o para a inevitável falência. Da fortuna do antigo mercador restam hoje milhares de documentos, um hospital que construiu em Medina del Campo, uma fundação onde está o seu arquivo e pouco mais.
Apesar do desfecho negativo por responsabilidade alheia, a história de Simón Ruiz soa a um feito assinalável. Mais interessante fica quando, perante a escassez de documentos desta época, sabemos que existe um considerável acervo de documentos que podem ser consultados e analisados. Assim, investigadores decidiram fazer algo que garantem que nunca tinha sido feito antes: validados por outros estudos já realizados antes consideraram que a história de Simón Ruiz era representativa da época e usaram-na para comparar a rede de negócios financeiros do século XVI com a actual.
Um dos primeiros passos da equipa de investigadores, coordenada por Jorge Pacheco, investigador do Centro de Biologia Molecular e do Departamento de Matemática e Aplicações da Universidade do Minho, em Braga, foi o recurso a uma base de dados que reúne aproximadamente 21 mil letras de câmbio pertencentes a Simón Ruiz. Desse espólio foram seleccionadas 8725 que continham informação sobre transacções em dinheiro com pessoas que tinham papéis claramente atribuídos e a identificação destes “actores” e que, por isso, foram considerados adequados para este estudo. Segundo explicou ao PÚBLICO Ana Sofia Ribeiro, investigadora da Universidade de Évora e do Departamento de História e Estudos Políticos Internacionais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e que é a primeira autora do artigo na Royal Society Open Science, a selecção da amostra foi sobretudo assente no calendário, tendo sido seleccionados documentos de diferentes períodos cronológicos, “desde alturas em que não aconteceu nada, até alturas em que apanhássemos o antes e depois das várias crises financeiras que aconteceram nesta altura”.
Depois, os cientistas começaram por analisar estes documentos antigos para caracterizar aquela que designam como a primeira rede global de transacções financeiras. Simón Ruiz fez negócios em várias partes do mundo numa época de mudanças. “Durante o final do século XV e início do século XVI, o mundo testemunhou uma revolução no comércio: o surgimento do primeiro mercado global de transacções. Impulsionado pelos esforços portugueses e espanhóis na definição de novas rotas de navegação para a América e também para a Ásia, como alternativa aos islâmicos dominantes, os portos europeus prosperaram com novos bens e abundância de capital”, contextualiza o comunicado de imprensa sobre este estudo. Era, acrescenta-se ainda, “um terreno inteiramente novo para os actores comerciais da época, que exigia uma reconfiguração das velhas formas de fazer negócios”.
O segredo do sucesso
A colaboração dos investigadores de história, física e ciência da computação, envolveu o recurso a métodos computacionais e matemáticos de última geração e resulta, referem os autores, na primeira análise em grande escala alguma fez feita de dados pré-estatísticos associados à rede comercial do século XVI. A invulgar abordagem de dados históricos, destaca o comunicado de imprensa, “permitiu realizar uma comparação quantitativa entre o século XVI e o mercado financeiro actual, colocando em evidência as impressionantes semelhanças existentes entre redes separadas por 500 anos, e que reflectem paradigmas funcionais similares apoiados em meios tecnológicos fundamentalmente diferentes”.
Além disso, acrescenta-se, como o conjunto de dados abrange meio século de transacções, também foi possível “evidenciar a rápida adaptação da rede em resposta à turbulência geopolítica vivida na época”. “Apesar dessa rápida adaptação, os autores não encontraram mudanças nas propriedades matemáticas gerais da rede, que permaneceram surpreendentemente robustas durante todo o período analisado. Mais uma vez, esse resultado sugere a existência de padrões de transacções que permanecem invariáveis ao longo do tempo.”
Há, diz Ana Sofia Ribeiro, um padrão que se mantém constante e que assenta num circuito aparentemente simples que envolve três partes ou “actores”: o doador, o beneficiário e os intermediários. São também “redes livres de escala”, ou seja, que são bastante hierárquicas, onde a maior parte dos indivíduos que fazem estas transacções (ou os bancos se estivermos a falar nos dias de hoje) não têm muitos parceiros de negócio e muito poucos têm muitos parceiros de negócio. Por outro lado ainda, existe uma preferência dos indivíduos por relações com aqueles que têm características semelhantes a eles. “O que se verifica no nosso artigo é que a rede é bastante heterogénea. Os indivíduos com mais parceiros tanto se associavam a outros com muitos parceiros como àqueles que tinham poucos parceiros. Isso permitia-lhes distribuir melhor o risco das transacções financeiras e assim resistir melhor aos impactos das crises”, explica Ana Sofia Ribeiro.
Mas, além da estrutura que se mantém nas redes financeiras separadas por meio século, a análise dos investigadores permitiu ainda detectar alguns mecanismos específicos que funcionavam e (aparentemente continuam a funcionar) como boas estratégias de sobrevivência e formas de resiliência. Conhecendo a história, a curiosidade é inevitável: qual era, afinal, o segredo do sucesso de Simón Ruiz? Além da estrutura que usou, que outras decisões terão ajudado a que se mantivesse à tona durante vários períodos de choque e de graves crises financeiras? “Através de um conjunto de mecanismos. Um deles é o número de indivíduos com quem tem este tipo de transacções monetárias. Ele não depende de ninguém em concreto e, assim, a sua rede distribui o risco financeiro por vários agentes”, diz a investigadora. Por outro lado e ao mesmo tempo, Simón Ruiz também mantém alguns grandes parceiros que lhe permitem ter uma grande confiança e que fazem com que a rede não caia nestes momentos de choque.
Não será preciso ser grande especialista em finanças para concluir que a escolha de parceiros de confiança e a distribuição do risco num negócio são estratégias que existem ainda hoje. “Os mecanismos de aferir se existe confiança ou não são distintos porque hoje temos meios tecnológicos que nos permitem aferir isso. Eles teriam outros. Mas isso continua a ser exactamente a base da resistência, porque há um pequeno número de indivíduos que não cai quando há estes fortes embates das crises financeiras.”
ANDREA CUNHA FREITAS 22 de Agosto de 2018
As imagens que encontramos de Simón Ruiz apresentam-nos um homem de barba branca, olhos pequenos e semblante sério, quase severo. Dizem que teve uma vida longa (terá nascido em 1525 e morreu em 1597), casou duas vezes e não teve filhos. Morreu “de velhice”, após uma próspera carreira de 40 anos que começou nos negócios de venda de lã em Burgos, seguindo o trilho dos passos do seu pai, e com contratos com importadores que lhe garantiram trocas privilegiadas com a região do Nordeste de França. Investiu em vários tipos de comércio e ao mercador somou o papel de banqueiro, emprestando dinheiro ou servindo de intermediário em operações financeiros. Entre os “beneficiários” da sua fortuna encontrava-se, por exemplo, o rei D. Filipe II, que recorreu a Simón Ruiz quando os banqueiros genoveses e outros deixaram de lhe emprestar dinheiro por falta de pagamento de dívidas antigas.
Após a sua morte, a riqueza que acumulou e que conseguiu preservar durante períodos críticos de crises financeiras (nomeadamente durante a bancarrota da Coroa espanhola em 1575) acabou por cair nas mãos de um sobrinho. Ao contrário do seu tio, Cosmo Ruiz não teria jeito para este arriscado negócio das transacções financeiras e acabou por apostar demasiado no “cavalo errado”. Um avultado empréstimo que fez a um negreiro português que negociava com escravos, chamado Pedro Gomes Reinel, arruinou o sobrinho do mercador e empurrou-o para a inevitável falência. Da fortuna do antigo mercador restam hoje milhares de documentos, um hospital que construiu em Medina del Campo, uma fundação onde está o seu arquivo e pouco mais.
Apesar do desfecho negativo por responsabilidade alheia, a história de Simón Ruiz soa a um feito assinalável. Mais interessante fica quando, perante a escassez de documentos desta época, sabemos que existe um considerável acervo de documentos que podem ser consultados e analisados. Assim, investigadores decidiram fazer algo que garantem que nunca tinha sido feito antes: validados por outros estudos já realizados antes consideraram que a história de Simón Ruiz era representativa da época e usaram-na para comparar a rede de negócios financeiros do século XVI com a actual.
Um dos primeiros passos da equipa de investigadores, coordenada por Jorge Pacheco, investigador do Centro de Biologia Molecular e do Departamento de Matemática e Aplicações da Universidade do Minho, em Braga, foi o recurso a uma base de dados que reúne aproximadamente 21 mil letras de câmbio pertencentes a Simón Ruiz. Desse espólio foram seleccionadas 8725 que continham informação sobre transacções em dinheiro com pessoas que tinham papéis claramente atribuídos e a identificação destes “actores” e que, por isso, foram considerados adequados para este estudo. Segundo explicou ao PÚBLICO Ana Sofia Ribeiro, investigadora da Universidade de Évora e do Departamento de História e Estudos Políticos Internacionais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e que é a primeira autora do artigo na Royal Society Open Science, a selecção da amostra foi sobretudo assente no calendário, tendo sido seleccionados documentos de diferentes períodos cronológicos, “desde alturas em que não aconteceu nada, até alturas em que apanhássemos o antes e depois das várias crises financeiras que aconteceram nesta altura”.
Depois, os cientistas começaram por analisar estes documentos antigos para caracterizar aquela que designam como a primeira rede global de transacções financeiras. Simón Ruiz fez negócios em várias partes do mundo numa época de mudanças. “Durante o final do século XV e início do século XVI, o mundo testemunhou uma revolução no comércio: o surgimento do primeiro mercado global de transacções. Impulsionado pelos esforços portugueses e espanhóis na definição de novas rotas de navegação para a América e também para a Ásia, como alternativa aos islâmicos dominantes, os portos europeus prosperaram com novos bens e abundância de capital”, contextualiza o comunicado de imprensa sobre este estudo. Era, acrescenta-se ainda, “um terreno inteiramente novo para os actores comerciais da época, que exigia uma reconfiguração das velhas formas de fazer negócios”.
O segredo do sucesso
A colaboração dos investigadores de história, física e ciência da computação, envolveu o recurso a métodos computacionais e matemáticos de última geração e resulta, referem os autores, na primeira análise em grande escala alguma fez feita de dados pré-estatísticos associados à rede comercial do século XVI. A invulgar abordagem de dados históricos, destaca o comunicado de imprensa, “permitiu realizar uma comparação quantitativa entre o século XVI e o mercado financeiro actual, colocando em evidência as impressionantes semelhanças existentes entre redes separadas por 500 anos, e que reflectem paradigmas funcionais similares apoiados em meios tecnológicos fundamentalmente diferentes”.
Além disso, acrescenta-se, como o conjunto de dados abrange meio século de transacções, também foi possível “evidenciar a rápida adaptação da rede em resposta à turbulência geopolítica vivida na época”. “Apesar dessa rápida adaptação, os autores não encontraram mudanças nas propriedades matemáticas gerais da rede, que permaneceram surpreendentemente robustas durante todo o período analisado. Mais uma vez, esse resultado sugere a existência de padrões de transacções que permanecem invariáveis ao longo do tempo.”
Há, diz Ana Sofia Ribeiro, um padrão que se mantém constante e que assenta num circuito aparentemente simples que envolve três partes ou “actores”: o doador, o beneficiário e os intermediários. São também “redes livres de escala”, ou seja, que são bastante hierárquicas, onde a maior parte dos indivíduos que fazem estas transacções (ou os bancos se estivermos a falar nos dias de hoje) não têm muitos parceiros de negócio e muito poucos têm muitos parceiros de negócio. Por outro lado ainda, existe uma preferência dos indivíduos por relações com aqueles que têm características semelhantes a eles. “O que se verifica no nosso artigo é que a rede é bastante heterogénea. Os indivíduos com mais parceiros tanto se associavam a outros com muitos parceiros como àqueles que tinham poucos parceiros. Isso permitia-lhes distribuir melhor o risco das transacções financeiras e assim resistir melhor aos impactos das crises”, explica Ana Sofia Ribeiro.
Mas, além da estrutura que se mantém nas redes financeiras separadas por meio século, a análise dos investigadores permitiu ainda detectar alguns mecanismos específicos que funcionavam e (aparentemente continuam a funcionar) como boas estratégias de sobrevivência e formas de resiliência. Conhecendo a história, a curiosidade é inevitável: qual era, afinal, o segredo do sucesso de Simón Ruiz? Além da estrutura que usou, que outras decisões terão ajudado a que se mantivesse à tona durante vários períodos de choque e de graves crises financeiras? “Através de um conjunto de mecanismos. Um deles é o número de indivíduos com quem tem este tipo de transacções monetárias. Ele não depende de ninguém em concreto e, assim, a sua rede distribui o risco financeiro por vários agentes”, diz a investigadora. Por outro lado e ao mesmo tempo, Simón Ruiz também mantém alguns grandes parceiros que lhe permitem ter uma grande confiança e que fazem com que a rede não caia nestes momentos de choque.
Não será preciso ser grande especialista em finanças para concluir que a escolha de parceiros de confiança e a distribuição do risco num negócio são estratégias que existem ainda hoje. “Os mecanismos de aferir se existe confiança ou não são distintos porque hoje temos meios tecnológicos que nos permitem aferir isso. Eles teriam outros. Mas isso continua a ser exactamente a base da resistência, porque há um pequeno número de indivíduos que não cai quando há estes fortes embates das crises financeiras.”
Documento no arquivo da Fundação Museo de Las Ferias que mostra como o banqueiro emprestava dinheiro à Coroa espanhola
Os autores esperam que este trabalho abra caminho para outros estudos que combinem “as ferramentas de ciência de dados e sistemas complexos com dados históricos (pré-estatísticos), e que provavelmente constituem a melhor maneira de lidar com análises em grande escala e de garantir às ciências humanas os meios necessários para contornar a falta natural de dados consistentes de fontes históricas”. Ana Sofia Ribeiro refere ainda que, dentro do tema das finanças, esta investigação mostra que “há formas de fazer face às crises financeiras que continuamos a ter e que continuam a ser crises capitalistas, puras, tal como eram no século XVI e o estudo esclarece que existem estes mecanismos para responder a estes momentos”.
A inédita investigação e comparação entre os dois períodos separados por 500 anos revelou, assim, que os principais traços daquele que foi o primeiro mercado global de transacções se mantiveram robustos e quase inalterados ao longo do tempo. E se Simón Ruiz fosse um homem dos nossos dias? “Acho que ele conseguiu adaptar-se bastante bem às flutuações e conjunturas que mudavam – não a um ritmo tão intenso como o de hoje – em dez ou cinco anos. Tinha uma clarividência em termos de negócios e foi ganhando uma grande experiência e talvez tivesse sido um homem de negócios com muito sucesso nos dias de hoje.”
Os autores esperam que este trabalho abra caminho para outros estudos que combinem “as ferramentas de ciência de dados e sistemas complexos com dados históricos (pré-estatísticos), e que provavelmente constituem a melhor maneira de lidar com análises em grande escala e de garantir às ciências humanas os meios necessários para contornar a falta natural de dados consistentes de fontes históricas”. Ana Sofia Ribeiro refere ainda que, dentro do tema das finanças, esta investigação mostra que “há formas de fazer face às crises financeiras que continuamos a ter e que continuam a ser crises capitalistas, puras, tal como eram no século XVI e o estudo esclarece que existem estes mecanismos para responder a estes momentos”.
A inédita investigação e comparação entre os dois períodos separados por 500 anos revelou, assim, que os principais traços daquele que foi o primeiro mercado global de transacções se mantiveram robustos e quase inalterados ao longo do tempo. E se Simón Ruiz fosse um homem dos nossos dias? “Acho que ele conseguiu adaptar-se bastante bem às flutuações e conjunturas que mudavam – não a um ritmo tão intenso como o de hoje – em dez ou cinco anos. Tinha uma clarividência em termos de negócios e foi ganhando uma grande experiência e talvez tivesse sido um homem de negócios com muito sucesso nos dias de hoje.”
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