Com D. Afonso Henriques foi a “mealha” daí o verbo muito usado “amealhar”.
Uma história contada por um amigo, para mim novidade.
OS DINHEIROS (MOEDAS) QUE NOS ENRIQUECERAM E EMPOBRECERAM
No dia em que em Bruxelas, fora desta terra onde nossos reis lavraram tão
valiosa história, se começa a discutir o futuro do “dinheiro” (Euro) que
nos irá ou não continuar a governar, não queria deixar passar a efeméride
sem acrescentar (e me desculpem a ousadia dum não historiador), uma mui
breve história de “nossos dinheiros”.
Na verdade D. Afonso Henriques, ao alcançar a independência em 1140 tentou
logo libertar-se da moeda que Afonso VI de Leão tinha em circulação nos
seus condados e criou de pronto a primeira moeda designada por “Dinheiro”,
e anos mais tarde a “Mealha” que a pouco e pouco foram substituindo as
habituais transacções feitas por troca de “produtos”.
D. Afonso III, ao reorganizar o reino, voltou a criar o “Dinheiro” (este
num valor semelhante ao “Penny” de Henrique II da Inglaterra), depois de
D. Sancho I ter criado o “Morabitino” e o “Soldo”.
D. Dinis criou o “Tornês” que foi a primeira moeda cunhada em Portugal
(Lisboa) contribuindo assim para o desenvolvimento da nossa marinha nesta
cidade.
D. Pedro I criou a “Dobra” e o “Grave”.
D. João I solidifica a nossa independência por via duma nova moeda, o
“Real”, batida em prata, financiada por oferendas do povo e da Igreja.
D. Duarte cria o primeiro “Escudo” e mais tarde o “Cruzado”.
D. Afonso V lançou o “Chinfrão” e o “Ceitel”.
D. João II, no desejo duma forte expansão além-mar, criou o “Justo”, o
“Cinquinho” e o “Vintém”.
D. Manuel I continuou essa expansão marítima criando também duas moedas: o
“Português” e o “Tostão”.
Quer D. João III quer D. Sebastião deixaram nosso dinheiro praticamente sem
valor apesar deste último rei ainda lançar o irrisório “S. Vicente”.
Os Filipes pouco fizeram pelo nosso “dinheiro” e só de novo D. João IV
volta a lança as duas moedas: o “Conceição” e o primeiro “Réis” (V).
D. Afonso VI criou a “Moeda”.
D. Pedro II o “Quartinho” e D. João VI volta a lançar duas moedas: o
“Pataco” e a “Peça”
D. Maria II, com a sua vaidade, ainda criou a designada pomposa “Coroa”.
Foi, porém, anos mais tarde, com a implantação da República em 1910, que se
voltou ao segundo “Escudo”, o qual acabou por ser “escorraçado”, por se
julgar moeda pobre, pelo “Euro” em 2002, já criado por Bruxelas em 1999, (então
julgado rico… até ver).
Note-se que a nossa última moeda nacional, de 200 escudos, tinha 35 mm. de
diâmetro e pesava 21,1 gramas, contra o “Euro” (valor equivalente) de
23 mm, a pesar apenas 7,5 gramas.
Fica a pergunta aos economistas:
- Ficámos mais ricos ao deitar fora os “dinheiros” da nossa longa
história ou teremos que voltar um dia a criá-los?
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