5 dezembro 2013 Jornal de Negócios Lisboa
A troika é o instrumento mais conhecido da intervenção da UE e do FMI nos países europeus em dificuldade. Mas no Luxemburgo existem duas instituições discretas mas cruciais, o FEEF e o MEE, responsáveis pela angariação de dinheiro. Reportagem.
Rui Peres Jorge
Numa rua secundária, na ponta do quarteirão europeu no Luxemburgo, encontra-se um edifício branco de três andares, ainda com obras na fachada, onde, olhando com atenção, se vê uma discreta sigla: ESM. Pouco o distingue dos demais blocos à volta, a maioria deles escritórios das principais casas financeiras mundiais e zonas comerciais. Lá dentro, no entanto, está a acontecer algo singular: mais de 100 pessoas a trabalhar naquela que é uma das realizações mais impressionantes dos governos europeus durante a crise.
EFSF e ESM são as iniciais em inglês para Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), os fundos de resgate da zona euro. O primeiro financiou um terço dos 78 mil milhões emprestados pela troika a Portugal desde 2011. O segundo, que o substituiu, é o mecanismo permanente anticrise da zone euro, com uma capacidade de ataque de 500 mil milhões de euros. Se no final do seu programa de ajustamento, em maio do próximo ano, Portugal precisar de mais apoio financeiro, seja um segundo resgate ou um programa cautelar, será ao MEE que terá de recorrer.
No Luxemburgo está uma equipa que se orgulha de, em três anos conturbados, ter provado que consegue responder às exigências dos mercados e dos governos, mesmo que surjam no último minuto.
Tudo começou em maio de 2010, com o primeiro resgate à Grécia de 110 mil milhões de euros, então ainda financiado porem préstimos bilaterais dos Estados-membros da zona euro, juntamente com dinheiro da UE e do FMI. Confiantes de que a crise ficaria resolvida, os governos da zona euro decidiram avançar com a criação de um veículo financeiro, sedeado no Luxemburgo e com poucos recursos humanos, que teria capacidade de emprestar a países em apuros, embora se planeasse que tal nunca acontecesse. A ideia era reforçar a solução grega para estancar o contágio e o nome de batismo não era alheio a essa mensagem: Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.
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