domingo, 23 de dezembro de 2018

Acabe com os mitos sobre vinhos!!



01 - O vinho, quanto mais velho melhor!
Uma das frases feitas preferidas de portugueses e não portugueses. Quase todos estão convencidos da razoabilidade da afirmação! Infelizmente, são poucos os vinhos que sabem envelhecer bem e ainda mais raros os que conseguem envelhecer com saúde. A quase totalidade dos vinhos mundiais, espumantes, brancos, rosés e tintos, é feita para ser consumida num curto prazo de tempo. A maioria dos rosados tem um período de vida útil de um ano, os brancos de dois anos, enquanto que nos tintos esse prazo se alarga para um máximo de quatro ou cinco anos. Por outro lado, sabendo que as condições de guarda dos vinhos são raramente razoáveis, não espere demasiado tempo para abrir as suas garrafas. Os poucos vinhos pensados para durar anos, décadas, são vinhos excepcionais... e geralmente muito caros. Mas, claro, nada se compara ao prazer de poder desfrutar de um vinho velho em plena saúde. Se tiver disponibilidade de capital e de espaço de guarda, atreva-se neste desiderato. 

02 - Um vinho "Reserva" será sempre melhor do que um vinho "normal". As palavras "Reserva", "Colheita Seleccionada" ou "Garrafeira" são uma garantia de qualidade!
Infelizmente, a realidade não confirma esta presunção. Na verdade, este tipo de adjectivação não tem qualquer relacionamento directo com a qualidade de um vinho. Os designativos "Reserva" e "Garrafeira" são normativos legais que em cada região determinam o período mínimo de estágio em barricas e, posteriormente, em garrafa. Não caracterizam mais nada e não existe qualquer correlação com a qualidade real. Indicações como "Colheita dos Sócios", "Colheita Seleccionada", "Selecção Especial", "Reserva Pessoal", ou outras referências, são opções de "marketing" sem qualquer conexão com a qualidade do vinho. Muitos vinhos triviais e de fraca qualidade ostentam estas palavras nos rótulos, da mesma forma que alguns dos melhores vinhos nacionais não lhe fazem referência. Por si só, estas palavras nada lhe dizem sobre o vinho.

03 - Um vinho "DOC" será sempre melhor do que um vinho "Regional".
Mais uma vez, a realidade encarrega-se de não confirmar esta suposição. Para que um vinho tenha o direito de ostentar o nome de uma Denominação de Origem Controlada terá de obedecer a regras claras, nomeadamente quanto ao uso das castas autorizadas e recomendadas para essa mesma DOC. Se, por exemplo, um produtor recorrer a castas não contempladas para essa mesma região, mesmo que melhores, ficará impedido de usar o nome da DOC. Algumas denominações de origem mais jovens, com menos historial, por vezes criadas apressadamente, nem sempre fizeram apostas racionais na escolha das castas recomendadas. Como tal, muitos produtores sentem-se constrangidos a recorrer a castas não recomendadas, castas que consideram ser mais adequadas às suas necessidades. É isso que explica por que alguns dos melhores vinhos portugueses são vinhos regionais. Este fenómeno é igualmente válido para outros países europeus, sobretudo Itália.

04 - O vinho de mesa não presta.
Por regra, o vinho de mesa é efectivamente de fraca qualidade e não merece demasiadas considerações. Existem, no entanto, raras excepções, e por vezes o vinho de mesa é a única solução para alguns produtores. Por exemplo, a legislação portuguesa não permite a mistura de vinhos provenientes de duas regiões diferentes. Imagine que existia (e existe) um vinho que emparceirava uvas do Dão e do Douro. Isto seria ilegal face à lei actual, excepto se vendido debaixo do chapéu-de-chuva de vinho de mesa. É esse o caso de um ou outro vinho português de topo. Ou imagine que um vinho não seria capaz de atingir a graduação mínima para poder ser considerado DOC ou Regional. Os vinhos de mesa seriam seguramente um refúgio comum entre os produtores portugueses, não fora a grave limitação de os vinhos de mesa não poderem estampar o nome de castas, e sobretudo, a data de colheita no rótulo. 

05 - Os vinhos mais caros são sempre melhores.
Seguramente que não e os exemplos a provar o contrário abundam. Num mercado livre, o preço dos vinhos é determinado não só pelos custos de produção mas também pela sua escassez, pelo factor moda, pelo eventual empolamento feito pela comunicação social, por boas campanhas de promoção, etc. No entanto é verdade que os melhores vinhos são usualmente mais dispendiosos na elaboração. Melhores barricas, menores produções, mais mimos, melhores rolhas e melhores equipamentos implicam custos acrescidos. Mas mesmo estes custos acrescidos não garantem, de forma alguma, que o produto final seja melhor ou sequer bom...

06 - O vinho branco não consegue envelhecer e tem de ser bebido o mais depressa possível.
Embora a afirmação não seja universal, existem razões mais do que suficientes para o depoimento. São poucos os vinhos feitos para envelhecer e ainda menos os vinhos brancos que têm capacidade para envelhecer. Por outro lado, existem exemplos vivos de vinhos brancos que envelhecem de forma admirável. Os vinhos da casta Alvarinho, de Monção e Melgaço, e os vinhos da casta Encruzado, no Dão, são os melhores exemplos portugueses. Fora de Portugal, a capacidade de guarda dos Riesling alemães é afamada, podendo viver em perfeita saúde por mais de 40 ou 50 anos.

07 - O vinho rosé é uma mistura de vinho branco com vinho tinto.
Não, não é, mesmo se a convicção se encontra firmemente enraizada no nosso imaginário. O vinho rosado é feito a partir de uvas tintas. A polpa da quase totalidade das uvas tintas é incolor, incapaz de acrescentar pigmentação ao mosto. São as peles, ou melhor, os corantes existentes nas películas das uvas tintas que acrescentam coloração ao vinho tinto. Quanto maior for o contacto com as peles, quanto maior for a extracção, mais intensa será a cor resultante. Os vinhos rosados passam pouco tempo de maceração em contacto com as películas e, como tal, não têm tempo suficiente para extrair muita matéria corante. O vinho resultante frui assim de uma cor mais aberta e rosada.

08 - O vinho branco tem de ser produzido com uvas brancas.
Na verdade... não! O vinho branco pode ser elaborado a partir de uvas tintas. Como acabámos de ver, a polpa das uvas tintas não tem matéria corante e, portanto, o sumo resultante é incolor. Se as uvas forem prensadas em bica aberta, ou seja, sem contacto com as peles, o vinho resultante é branco, esbranquiçado ou muito levemente salmonado. Como tal, é possível, e por vezes comum, que os vinhos brancos sejam elaborados recorrendo a uvas tintas. O caso mais paradigmático ocorre em Champagne, onde as castas Pinot Noir e Pinot Meunier, ambas tintas, são por regra vinificadas em branco. Quando assim é, o champanhe é categorizado como "blanc de noirs". Em abono da verdade, convém referir que se exceptuarmos o caso particular dos vinhos espumantes, raramente vemos esta técnica aplicada.

09 - O Vinho Verde é feito com uvas vindimadas ainda verdes, em oposição ao vinho maduro, que é elaborado com uvas completamente maduras.
A imagem é comum, mesmo entre alguns apreciadores informados, mas não tem qualquer fundamento. Vinho Verde é o nome de uma região portuguesa, tal como as regiões do Douro, Ribatejo ou Bairrada. A região ganhou o nome de Vinho Verde por ser a região mais verde e húmida de Portugal, o Minho. Pela mesma razão, a região de turismo chama-se Costa Verde. Como seria de esperar, os vinhos provenientes da região do Vinho Verde são elaborados com uvas maduras, tal como nas restantes regiões portuguesas.

10 - Os verdadeiros grandes vinhos não sabem bem enquanto são jovens e só melhoram com a idade.
Não acredite nisso! Os bons vinhos são sublimes desde a nascença e não é por um milagre tardio que se transfiguram de bestas em bestiais. Claro que os vinhos que envelhecem bem poderão ser duros e severos enquanto jovens, mas a qualidade tem de se mostrar desde o primeiro instante. A história do patinho feio não tem cabimento no mundo do vinho. Um mau vinho nunca se transformará num bom vinho!

Texto: Revista Wine

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

As camisas de Gerhard Schröder





LÍDIA JORGE

Parte dos sete biliões de homens à face da Terra está a receber punição em vez de recompensa. Em face deste escândalo, tudo o que de extravagante possa acontecer é possível.
14 de Novembro de 2018

O pensamento pobre sobre os ricos e pobres, e ricos
em vez do pensamento rico sobre pobres ricos.

1. Vivemos um momento particular. Descrevê-lo não vale a pena, quando ele se afigura por demais evidente. O que não deveria constituir uma surpresa. Desde o início dos anos 90 que os teóricos da comunicação do grotesco anunciavam que aí viriam tempos em que as populações poderiam eleger como líderes figuras bizarras, aparentadas com os cómicos, os palhaços, os furiosos, fundamentalistas de ideias fixas e outros gestos arrebatados. Essas previsões deprimentes ainda estão longe de se generalizar, mas o que até agora já aconteceu, dentro e fora da Europa, aconselha reconsideração. A ideia de que a História longa tudo nivela não pode evitar o reconhecimento de que os seus ciclos são feitos a partir da História miúda que se tece ano a ano do calendário comum e que a vida de cada ser humano conta na transformação do mundo.

2. Por isso mesmo, os dias que correm oferecem aspectos que há que valorizar na medida justa. Os últimos acontecimentos relacionados com a eleição de figuras não recomendáveis para dirigirem grandes e respeitáveis nações têm levado a reacções no espaço público cuja clareza, diversidade e desassombro só pode ser louvável. Diria mesmo que em Portugal, local de opiniões retardadas e emoções contidas, de súbito entrámos num clima de paixão pelas ideias e pelas ideologias, levando os portugueses a discutirem com frontalidade o que pensam do seu presente e do seu futuro. A avaliação do mandato de Donald Trump e do seu modo devastador de tratar o género humano, embora com benefícios económicos para uma parte da população norte-americana, desencadeia auto-retratos públicos bastante reveladores. E a recente eleição de Bolsonaro parece constituir um teste de manchas de Rorschach para a projecção das almas portuguesas. Há, no entanto, um aspecto que aproxima as opiniões de quem se manifesta, como se nesse ponto todos estivessem de acordo — a ideia de que quem comanda a opinião são as redes sociais, o espaço indocumentado do novo fenómeno da comunicação digital. Entre mentiras e exageros, apelos ao medo e instigação à violência, os eleitores encaminhar-se-iam para as mesas de voto como animais acossados pelos instintos mais primários e a sua cruz ou a pressão do seu dedo seriam comandados pelo impulso da vingança e ânsia de sobrevivência. Mas essa é uma causa de aparato, não de substância.

3. As causas profundas de escolhas tão surpreendentes continuam a ter raiz onde sempre têm estado, são filhas da desigualdade. As sociedades contemporâneas encontram-se estranguladas por tremendos sentimentos de injustiça que nenhuma Web Summit parece ter o poder de melhorar. Horta Osório, no passado dia 7 de Novembro, no Programa Fronteiras XXI, colocou o dedo na ferida. Usando números mais ou menos simbólicos, referiu a percentagem de 50% dos muito pobres deste mundo, os 45% dos pobres e o 1% dos oceanicamente opulentos. E disse que o problema do futuro provirá dessa desigualdade. Sabemos que a primeira tranche tende a viver submetida à sua sorte, reagindo por sistemas de escapatória como forma de enfrentar o limbo de onde provém. Mas a faixa dos apenas pobres incorpora uma nova população, legiões de jovens com licenciaturas, mestrados e até PhD, que não vêem horizonte à sua frente. São pessoas que têm sentido crítico, conhecem minimamente os caminhos da História e não vão aceitar ser vítimas. São esses que querem mudar para um outro lugar de representação política que não se pareça em nada com o que conheceram até agora. O sentimento de injustiça toca-lhes, sobretudo, quando conhecem o locupletamento da faixa dos 1%. Como todos estamos perto de todos, o escândalo do contraste torna-se intolerável. Não tenhamos dúvidas, se generalizado, esse sentimento será devastador para os regimes democráticos. E é aí que me lembro do caso das camisas de Gerhard Schröder.


4. Em 2005, na Alemanha, vivia-se um momento de viragem. O chanceler do SPD havia feito uma reforma da Segurança Social que enraivecia a classe média, sua base de apoio, mas certo dia, à mesa de um restaurante na margem do lago Alster, um grupo de alemães decidia abandonar a fidelidade ao chancelar por um outro motivo. A edição de um jornal de fim-de-semana tinha publicado os gastos de Schröder em roupas de luxo, destacando em especial o custo das camisas. O preço de duas delas seria equivalente ao salário médio de um professor alemão. Alguém disse, com raiva: “O próximo chanceler será de novo do partido de Helmut Kohl.” E assim seria. É mais fácil aguentar a corrupção das quadrilhas, que se instalam no escuro à mesa do poder, do que a ofensa da ostentação por parte daqueles que deveríamos ter por pessoas dignas. Na política, a compaixão não pode ser uma palavra, tem de ser um programa aplicado e intimamente vivido.

5. Não se pode minimizar a questão da justiça relativa em sociedades sem barreiras de comunicação como estas que estamos a construir. Talvez fosse bom que os políticos europeus voltassem a rever o filme de Truffaut que conhecem da infância, a história do menino selvagem a quem o médico que o recolhera chamava Victor, embora duvidasse que fosse pessoa. No dia em que em vez de o recompensar, depois de um exercício bem feito, o puniu, Victor chorou de raiva. Só então, em face da reacção à injustiça, o Dr. Jean Itard deduziu que estava perante um ser humano. Parte dos sete biliões de homens à face da Terra está a receber punição em vez de recompensa. Em face deste escândalo, tudo o que de extravagante possa acontecer é possível.

sábado, 10 de novembro de 2018

Já “pleonasmaste” hoje?!


Todos os portugueses (ou quase todos) sofrem de “pleonasmite”, uma doença congénita para a qual não se conhecem nem vacinas nem antibióticos. Não tem cura, mas também não mata. Mas, quando não é controlada, chateia (e bastante) quem convive com o paciente.
O sintoma desta doença é a verbalização de pleonasmos (ou redundâncias) que, com o objectivo de reforçar uma ideia, acabam por lhe conferir um sentido quase sempre patético.
Definição confusa? Aqui vão quatro exemplos óbvios: “Subir para cima”,“descer para baixo”, “entrar para dentro” e “sair para fora”.
Já se reconhece como paciente de pleonasmite? Ou ainda está em fase de negação? Olhe que há muita gente que leva uma vida a pleonasmar sem se aperceber que pleonasma a toda a hora.
Vai dizer-me que nunca “recordou o passado”? Ou que nunca está atento aos “pequenos detalhes”? E que nunca partiu uma laranja em“metades iguais”? Ou que nunca deu os “sentidos pêsames” à “viúva do falecido”?
Atenção que o que estou a dizer não é apenas a minha “opinião pessoal”. Baseio-me em “factos reais”para lhe dar este “aviso prévio”de que esta “doença má” atinge “todos sem excepção”.
O contágio da pleonasmite ocorre em qualquer lado. Na rua, há lojas que o aliciam com “ofertas gratuitas”. E agências de viagens que anunciam férias em “cidades do mundo”. No local de trabalho, o seu chefe pede-lhe um “acabamento final” naquele projeto. Tudo para evitar “surpresas inesperadas”por parte do cliente. E quando tem uma discussão mais acesa com a sua cara metade, diga lá que às vezes não tem vontade de “gritar alto”: “Cala a boca!”?
O que vale é que depois fazem as pazes e vão ao cinema ver aquele filme que “estreia pela primeira vez” em Portugal.
E se pensa que por estar fechado em casa ficará a salvo da pleonasmite, tenho más notícias para si. Porque a televisão é, de “certeza absoluta”, a“principal protagonista” da propagação deste vírus.
Logo à noite, experimente ligar o telejornal e “verá com os seus próprios olhos” a pleonasmite em directo no pequeno ecrã. Um jornalista vai dizer que a floresta “arde em chamas”. Um treinador de futebol queixar-se-á dos “elos de ligação” entre a defesa e o ataque. Um “governante”dirá que gere bem o“erário público”. Um ministro anunciará o reforço das “relações bilaterais entre dois países”. E um qualquer “político da nação” vai pedir um “consenso geral” para sairmos juntos desta crise.
E por falar em crise! Quer apostar que a próxima manifestação vai juntar uma “multidão de pessoas”?
Ao contrário de outras doenças, a pleonasmite não causa “dores desconfortáveis” nem “hemorragias de sangue”. E por isso podemos“viver a vida” com um “sorriso nos lábios”. Porque um Angolano a pleonasmar, está nas suas sete quintas. Ou, em termos mais técnicos, no seu “habitat natural”.
Mas como lhe disse no início, o descontrolo da pleonasmite pode ser chato para os que o rodeiam e nocivo para a sua reputação. Os outros podem vê-lo como um redundante que só diz banalidades. Por isso, tente cortar aqui e ali um e outro pleonasmo. Vai ver que não custa nada. E “já agora” siga o meu conselho: não“adie para depois” e comece ainda hoje a “encarar de frente” a pleonasmite!
Ou então esqueça este texto. Porque afinal de contas eu posso estar só“maluco da cabeça”.

Autor desconhecido

Explicar como?



É BOM OBSERVADOR? 

ISTO NÃO É UM TESTE- SIMPLESMENTE UM FENÓMENO. ESTÁ TUDO EXPLICADO A SEGUIR .

LÊ ALTO O TEXTO DENTRO DO TRIÂNGULO. 



PROVAVELMENTE FOI, "A bird in the bush," E ENTÃO........ 

Se isto FOI o que TU disseste, então falhaste na visão... 

Porque a palavra "THE" está repetida duas vezes! 

Desculpa, vê outra vez. 

De seguida, vamos brincar com algumas palavras. 

O que vês? 



A preto podes ler a palavra GOOD, a branco a palavra EVIL (dentro de cada letra preta está uma letra branca). É tudo muito fisiológico também, porque visualiza o conceito de que o BOM (GOOD) não pode existir sem o MAL (EVIL) (ou a ausência de bom é mal). 

Agora, o que vês?




Podes não ver nada no início, mas nos espaços brancos lê-se a palavra "optical", na paisagem em azul lê-se a palavra "illusion". Olha outra vês! Consegues ver porque é que este quadro é chamado ilusão de óptica ? 

O que vês aqui?



Este é bastante manhoso! 

A palavra TEACH (ensinar) é refletida como LEARN (aprender). 

A última. 

O que vês? 



Provavelmente lês-te ME (eu) em castanho, mas....... 

Quando olhas através de ME (eu) – Verás YOU (TU)! 
Queres ver mais? 

Testa o teu cérebro 


Isto é fascinante. O segundo é fantástico portanto, por favor, lê até ao fim. 

Teste do olho ALZHEIMER 

Conta todos os " F " no texto seguinte: 

FINISHED FILES ARE THE RE 
SULT OF YEARS OF SCIENTI 
FIC STUDY COMBINED WITH 
THE EXPERIENCE OF YEARS... 

(vê em baixo) 

Quantos encontraste? 

Errado, existem 6 -- de verdade. 
Vê outra vês! 
De verdade, volta atrás e tenta encontrar os 6 F's antes de passares à frente. 

A razão que explica isto é.... 

O nosso cérebro não consegue processar a palavra "OF". 


Incrível não? Volta atrás e vê outra vez!! 


Quem conseguiu contar os 6 "F's" à primeira é um génio. 


Três é normal, quatro é bastante raro. 



O hálito do dragão...


Alguns conhecidos voltaram da China impressionados.... Um determinado produto que o Brasil fabrica um milhão de unidades, uma só fábrica chinesa produz quarenta milhões... A qualidade já é equivalente. E a velocidade de reacção é impressionante. Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas... Com preços que são uma fracção dos praticados aqui no Brasil. Uma das fábricas está de mudança para o interior, pois os salários da região onde está instalada estão altos demais: 100 dólares/mês. Um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo que acrescidos de impostos e benefícios representam quase 600 dólares. Quando comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente zero benefícios.... estamos perante uma escravatura amarela. Horas extraordinárias? Na China? Esqueçam! O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego que trabalha horas extras sabendo que nada vai receber por isso...(*) Essa é a grande armadilha chinesa... Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim de uma estratégia de poder a longo prazo, a muito longo prazo. Os chineses estão a tirar proveito da atitude dos especuladores ocidentais, que preferem terceirizar a produção ficando apenas com o que ela "agrega de valor": A marca. Dificilmente você adquire nas grandes redes comerciais dos Estados Unidos da América um produto "made in Estados Unidos". É tudo "made in China", com rótulo americano. As Empresas ganham rios de dinheiro a comprar aos chineses por centavos e vendendo por centenas de dólares... Apenas lhes interessa o lucro imediato, o curto prazo e ao melhor preço. Mesmo ao custo do fecho das suas fábricas. É o que se chama de "estratégia preçonhenta". Enquanto os ocidentais terceirizam as tácticas e ganham no curto prazo, a China assimila essas tácticas para dominar no longo prazo.Nós julgamos que ganhamos alguns jogos, eles vão ganhar o campeonato! Enquanto as grandes potências ocidentais que ficam com as marcas, com o projecto do produto... Os chineses ficam com a produção, assistindo e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos parques industriais ocidentais. Em breve, por exemplo, já não haverá mais fábricas de sapatilhas,de calçado,de câmaras fotográficas, de computadores portáteis, pelo mundo ocidental. Só as haverá na China...! Então, num futuro próximo veremos os produtos chineses aumentando os seus preços, produzindo um "choque da manufactura", como aconteceu com o choque petrolífero nos anos setenta. Então já será tarde de mais... E o mundo perceberá que reerguer as suas fábricas terá um custo proibitivo e irá render-se. Perceberá que alimentou um enorme dragão e que dele ficou refém. Dragão que aumentará ainda mais os preços, já que será ele quem ditará as novas leis de mercado pois quem manda é ele. É ele, e apenas ele quem possui as fábricas, inventários e empregos. É ele quem vai regular os mercados e não os "preçonhentos" dos especuladores. Iremos, nós e os nossos filhos, assistir a uma inversão das regras do jogo que terão o impacto de uma bomba atómica... Made in CHINA ! Nessa altura é que o mundo ocidental irá acordar... mas já será tarde. Nesse dia, os executivos "preçonhentos" olharão tristemente para os esqueletos das suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados com reformas miseráveis, para as sucatas dos seus parques fabris desmontados, para a miséria de longo prazo trocado pelo lucro fácil do curto prazo. E então vão-se lembrar, com muitas saudades, do tempo em que ganharam dinheiro comprando baratinho dos "escravos" chineses, vendendo caro aos seus conterrâneos. E então, entristecidos, abrirão as suas "marmitas" e almoçarão as suas marcas que já deixaram de ser moda ... (*) - Em Portugal já se pratica em larga escala este método...Com a permissão de todos!
Concluindo: - O gesto de comprar um produto,seja ele qual for, desde um limão, a um automóvel, pode ajudar a contrariar esta tendência que nos está a levar a todos alegremente para o "matadouro".
Não se esqueça antes de comprar, de ver na etiqueta a proveniência do mesmo. SE NÃO PODE COMPRAR UM PRODUTO PORTUGUÊS COMPRE EUROPEU ! FOMENTE O EMPREGO DO SEU CONTERRÂNEO, DO SEU AMIGO, DO SEU VIZINHO E ATÉ MESMO O SEU... caso contrário, só vamos ter que nos queixar de nós próprios.

sábado, 6 de outubro de 2018

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.

Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas..

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral da capela.

‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, a minha alma tem pressa…

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir dos seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, e não foge de sua mortalidade.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade!

Porque o essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!

Mario de Andrade / São Paulo -Brasil

O Decrescimento como solução para o desvario económico mundial.

1 Reavaliar

É premente a necessidade de reavaliar e alterar os valores predominantes da sociedade actual tais como a vaidade, a ganância, o egoísmo, o hedonismo e todas as formas em que o ser humano utiliza meios sem escrúpulos para atingir os fins a que se propôs, substituindo-os pelo altruísmo, pela cooperação, pelo sentido local de vida colectiva. Será imperiosa a transformação de uma sociedade de consumo, por uma sociedade sustentável onde se promova a cidadania, o bem estar colectivo e a responsabilidade mútua no sentido de uma cidadania participativa e de um efectivo respeito por valores essenciais á vida em comunidade.

2. Reconceituar

Fruto da reavaliação e da mudança de valores, ocorre o início de uma perspectiva diferente em relação aquilo que nos rodeia, ou seja, uma nova forma de interiorizar a realidade. Este termo impõe-se a conceitos como riqueza e pobreza ou escassez e abundância. Surge na medida em que, actualmente, as políticas económicas transformam, a abundância em escassez, a título de exemplo através da apropriação dos mercados que originam uma “falta artificial” de recursos, especulando-se financeiramente sobre o efectivo valor dos mesmos.

3. Reestruturar

A capacidade para utilizar o sistema produtivo, bem como as relações sociais, em função de uma mudança de valores é premente atendendo à aceleração da escassez de recursos naturais. O que está verdadeiramente em questão, é a necessidade da reorientação de toda uma sociedade nas suas mais variadas vertentes económicas, políticas e sociais privilegiando o decrescimento como objectivo permanente de cada uma destas reestruturações a serem efectuadas no sentido de minorar, e se possível extinguir, os efeitos nefastos do actual “crescimento pelo crescimento”.

4. Redistribuir

Entende-se como redistribuição uma forma de reorientação das relações sociais vigentes partindo do princípio da distribuição da riqueza de uma forma equitativa e responsável, com o consequente acesso aos bens naturais tanto no hemisfério Norte como no hemisfério Sul, bem como dentro de cada sociedade entre classes, gerações e pessoas, não podendo ser um privilégio exagerado para alguns e um recurso muito escasso para todos os outros.

5. Relocalizar

Segundo Latouche, deverá ser produzido localmente tudo aquilo que é essencial às necessidades da população em empresas também locais, financiadas por impostos/fundos/poupanças da população que vive nessa região. Se, por um lado, as ideias podem e devem atravessar fronteiras, o movimento de mercadorias e capitais devem ser restringidas sempre que possível,face ao consumo energético que os transportes implicam. Assim, a gestão e o controlo de bens e serviços devem ser efectuados por entidades da mesma região. Por consequência, a diminuição da pegada ecológica verifica-se pela não utilização de transportes que consomem na maior parte dos casos energia fóssil.

6. Reduzir

Actuar e impactar directamente na diminuição da produção e do consumo. A urgência desta redução tem como objectivo limitar o consumo excessivo e o desperdício dos nossos hábitos. Estima-se que 80% dos bens adquiridos são utilizados uma única vez antes de serem descartados. A título de exemplo, refira-se que os países mais desenvolvidos produzem 4 biliões de toneladas de resíduos por ano. Per capita, só os Estados Unidos da América produzem, em média, 760 kg por ano, comparando com os países do Sul que produzem 200 kg por ano, na sua grande maioria.

7/8 Reutilizar/Reciclar

É de conhecimento geral a necessidade de reutilizar/reciclar.

Necessitamos de mobilizar esforços na divulgação de produtos que obedeçam a “normas verdes”,isto é a requisitos desde a sua concepção, ao fabrico, e á sua utilização que não destruam os recursos naturais e o ambiente de uma forma irresponsável, bem como a estimulação da produção de produtos (através de um consumo criterioso e exigente por parte do consumidor) que se “auto-degradem” ao longo do tempo, ou reutilizáveis no seu propósito inicial ou noutros propósitos sucedâneos.

P.S.- Serge Latouche (Nasceu em Vannes, 12 de Janeiro de 1940) é um economista e filósofo francês. ... professor emérito da Faculdade de Direito, Economia e Gestão Jean Monnet da Universidade de Paris

domingo, 30 de setembro de 2018

"​ Restaurantes não são santuários​"


" Restaurantes não são santuários" João Pereira Coutinho (in: Folha de S. Paulo)

Este texto é dedicado ao

"Chef" Avilez, que estragou dois magníficos restaurantes, o Tavares e, principalmente, o Belcanto. E como esta praga não é nacional apenas, dedicado também ao Alain Ducasse, que assassinou o em tempos magnífico Louis XV, o restaurante (emblemático) do Hotel de Paris, em Monte Carlo. Felizmente, neste caso, pelo menos continua a magnífica
garrafeira.

Restaurantes não são santuários...

Estou cansado da religião dos chefs: restaurantes não são santuários...
O melhor restaurante do mundo?
Ora, ora: é o Eleven Madison Park, em Nova York.
Parabéns, gente.
A sério.
Espero nunca vos visitar.
Entendam: não é nada de pessoal.
Acredito na vossa excelência.
Acredito, como dizem os críticos, que a vossa mistura de "cozinha
francesa moderna" com "um toque nova-iorquino" é perfeitamente
comparável às 72 virgens que existem no paraíso corânico.
Mas eu estou cansado da religião dos chefs.
Vocês sabem: a elevação da culinária a um reino metafísico,
transcendental, celestial.
Todas as semanas, lá aparece mais um chef, com a sua igreja,
apresentando o cardápio como se fossem as sagradas escrituras.
Os ingredientes não são ingredientes.
São "elementos".
Uma refeição não é uma refeição.
É uma "experiência".
E a comida, em rigor, não é comida.
É uma "composição".
Já estive em vários desses santuários.
Quando a comida chegava, eu nunca sabia se deveria provar ou rezar.
Os meus receios sacrílegos eram acentuados pelo próprio garçom, que depositava o prato na mesa e, em voz baixa, confidenciava o milagre que eu tinha à minha frente:
– Pato defumado com pétalas de tomate e essências de jasmim.
Escutava tudo com reverência, dizia um "obrigado" que soava a "amém" e depois aproximava o garfo trémulo, com mil receios, para não perturbar o frágil equilíbrio entre as "pétalas" e as "essências".
Em raros casos, sua santidade, o chef, aparecia no final.
Para abençoar os comensais.
No dia em que beijei a mão de um deles, entendi que deveria apostar.
E, quando não são santos, são artistas.
Um pedaço de carne não é um pedaço de carne.
É um "desafio".
É o teto da Capela Sistina aguardando pelo seu Michelangelo.
Nem de propósito: espreitei o site do Eleven Madison Park.
Tenho uma novidade para dar ao leitor: a partir de 11 de abril, o Eleven vai fazer uma "retrospectiva" (juro, juro) com os 11 melhores pratos dos últimos 11 anos.
"Retrospectiva."
Eis a evolução da história da arte ocidental: a pintura rupestre de Lascaux; as esculturas gregas de Fídias; os vitrais da catedral góticade Chartres; os quadros barrocos de Caravaggio; a tortinha de quiche de ovo do chef Daniel Humm.
Gosto de comer.
Gosto de comida.
Essas duas frases sã o ridículas porque, afinal de contas, sou português.
E é precisamente por ser português que me tornei um ateu dos "elementos", das "composições" e das "essências".
A religião dos chefs, com seu charme diabólico, tem arrasado os restaurantes da minha cidade.
Um deles, que fica aqui no bairro, servia uns "filetes de polvo com arroz do mesmo" que chegou a ser o barómetro das minhas relações amorosas: sempre que estava com uma namorada e começava a pensar no polvo, isso significava que a paixão tinha chegado ao fim.
Duas semanas atrás, voltei ao espaço que reabriu depois das obras.
Estranhei: havia música ambiente e a iluminação reduzida imitava as casas de massagens da Tailândia (aviso: querida, se estiveres a ler esta crónica, juro que nunca estive na Tailândia).
Sentei-me.
Quando o polvo chegou, olhei para o prato e perguntei ao dono se ele não tinha esquecido alguma coisa.
"O quê?", respondeu o insolente.
"O microscópio", respondi eu.
Ele soltou uma gargalhada e explicou: "São coisas do chef, doutor."
"Qual chef?", insisti.
Ele, encolhendo os ombros, respondeu com vergonha: "O Agostinho".
O cozinheiro virou chef e o meu polvo virou calamares.
Infelizmente, essa corrupção disseminou-se pela pátria amada.
Já escrevi sobre o crime na imprensa lusa.
Ninguém acompanhou o meu pranto.
É a música ambiente que substituiu o natural rumor das conversas.
É a iluminação de bordel que impede a distinção entre uma azeitona e uma barata.
É o hábito chique de nunca deixar as garrafas na mesa, o que significa que o garçom só se apercebe da nossa sede "in extremis" quando existem tremores alcoólicos e outros sinais de abstinência.
Meu Deus, onde vamos parar?
Não sei.
Mas sei que já tomei providências: no próximo outono, tenciono aprender a caçar.
Tudo serve: perdiz, lebre, javali.
Depois, com uma fogueira e um espeto, cozinho o bicho como um homem pré-histórico.
O pináculo da civilização é tortinha de quiche de ovo do chef Daniel Humm?
Então chegou a hora de regressar às cavernas de Lascaux..."

O mundo de hoje


Retrata bem o "politicamente correcto" dos dias de hoje!


Nevou no Rio de Janeiro, pela primeira vez na história!!!

8:00 Eu fiz um boneco de neve.

8:10 Uma feminista passou e me perguntou porque eu não fiz uma mulher de neve.

8:15 Eu fiz uma mulher de neve.

8:17 Minha vizinha feminista reclamou do perfil voluptuoso da mulher da neve dizendo que ela ofende as mulheres da neve em todos os lugares.

8:20 O casal gay que mora nas proximidades teve um ataque de raiva e protestou, porque poderiam ter sido dois homens de neve.

8:22 Um transgénero da outra rua me perguntou por que não fazia um boneco com partes removíveis.

8:25 Os veganos no final da rua se queixaram do nariz de cenoura, já que os vegetais são comida e não para decorar bonecos da neve.

8:31 O cavalheiro muçulmano do outro lado da rua exige aos berros que a mulher da neve use uma burka.

8:40 A polícia chega dizendo que há uma denúncia anónima contra mim, de alguém que foi ofendido pelo meu racismo e discriminação, porque os bonecos são brancos.

8:42 A vizinha feminista reclamou novamente que a vassoura da mulher da neve deveria ser removida porque ela representa as mulheres em um papel doméstico de submissão.

8:43 Um promotor chegou e ameaçou me processar se eu não pedisse desculpas públicas pelo maldito boneco de neve.

8:45 A equipe de jornalismo da TV apareceu. Eles me perguntam se eu sei a diferença entre bonecos de neve e mulheres de neve. Eu respondo: as "bolas de neve" e agora elas me chamam de sexista.

9:00 Estou no noticiário como um suspeito, terrorista, racista,

delinquente, com tendências homofóbicas, determinado a causar problemas durante o mau tempo. Estou passando por tudo isso por causa dos malditos bonecos de neve!!

9:05 Quem mandou fazer a p... dos bonecos de neve?... Estão me perguntando se eu tenho um cúmplice. Ou se alguma organização me incentivou a fazer os bonecos, nas redes sociais.

9:29 Os manifestantes da extrema esquerda e da extrema direita, ofendidos por tudo, estão marchando pelas ruas exigindo que me decapitem.

9:32 Os neo-nazis marcham em frente à minha casa acusando-me de ser comunista.

9:35 As feministas me xingam e pintam a fachada da minha casa com a palavra “machista”.

9:45 Os evangélicos me acusam de querer usurpar o lugar de Deus, por criar um homem e uma mulher de neve, e querem me exorcizar, dizendo que eu realizei um ritual pagão.

9:55 Organizações ambientais me acusam de poluir a neve.

Moral da história: não há.

É apenas o mundo em que vivemos hoje - e vai piorar.

O que foi aqui narrado pode ocorrer, e algumas coisas já estão acontecendo.

De tudo isso, a coisa mais difícil de acontecer é...

neve no Rio de Janeiro.

O que a Troika queria aprovar e Não conseguiu!


NENHUM GOVERNANTE, FALA NISTO... PUDERA...
O que a Troika queria aprovar e não conseguiu!!!!!!----


1. Reduzir as mordomias(gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros atestados, motoristas, etc.) dos ex-Presidentes da República.

2. Redução do número de deputados da Assembleia da República para 80, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do pagode.

3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego.

4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.

5. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê? E os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se uns têm de cumprir porque não cumprem os outros? e se não são verificados como podem
ser auditados*?

6. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821.

7. Redução drástica das Juntas de Freguesia. Acabar com o pagamento de 200 euros por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 euros nas Juntas de Freguesia.

8. Acabar com o Financiamento aos partidos,que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas actividades.

9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País;.

10. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias e até, os filhos das amantes...

11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.

12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc.

13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis.

14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total. HÁ QUADROS (directores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO
SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDARDOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DÁ COISA PÚBLICA.

15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de
PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCIPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ásoligarquias locais do partido no poder.

16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar.

17. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado e entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.

18. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP.

19. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e Quejandos, onde quer que estejam e por aí fora.

20. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma recebe todos os anos.

21. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam milhões ao erário público.

22. Acabar com os ordenados de milionários da TAP, com milhares de funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares e que pertencem a quadros do Partido Único (PS + PSD ).

23. Acabar com o regabofe da pantomina das PPP (Parcerias Público Privado), que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos patifes se locupletarem com fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo
ao controle seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo preço que "entendem".

24. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito,perseguindo, confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controlo, e vivendo à tripa forra à custa dos
dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efectivamente dela precisam;

25. Controlar rigorosamente toda a actividade bancária por forma a que, daqui a mais uns anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra crise".

26. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida.

27. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.

28. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu património antes e depois.

29. Pôr os Bancos a pagar impostos.

Assim e desta forma, Sr. Ministro das Finanças, recuperaremos depressa a nossa posição e sobretudo, a credibilidade tão abalada pela corrupção quegrassa e pelo desvario dos dinheiros o Estado.

Discurso do ex-Ministro Brasileiro da Educação nos EUA ..


Este discurso merece ser lido, afinal não é todos os dias que um brasileiro dá um 'baile' educadíssimo aos Americanos...

Durante um debate numa universidade dos Estados Unidos o ex-Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).
Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta de Cristovam Buarque :
'De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não
tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também a de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as
crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!'

Pedir, ou não pedir factura (NIF incluido)...!


A economia paralela em Portugal vale perto de 46 mil milhões de euros!

Nessa altura, o Índice da Economia não Registada elaborado pelo observatório indicava que a economia paralela valia 26,81% do PIB, o equivalente a 45,9 mil milhões de euros. Entretanto, o observatório está a elaborar o índice com dados relativos a 2015, um estudo ainda não terminado, mas Óscar Afonso, do Obegef, diz ao DN/Dinheiro Vivo que "os primeiros resultados apontam para uma manutenção" desses valores.

Os dados diferem dos do Instituto Nacional de Estatística, que calcula que a economia paralela represente 13% do PIB. Uma das razões para esta diferença é o facto de o INE incluir nas suas estimativas indicadores como a prostituição e o tráfico de droga. A contabilização destes indicadores no PIB leva a uma redução do peso relativo da economia paralela.

A confirmarem-se os valores esperados para 2015, tributar a economia paralela seria suficiente para pagar cinco vezes custos como a isenção do pagamento de taxas moderadoras ou a abertura de novas Unidades de Saúde Familiar (que permitiria atribuir um médico de família a cada português). Estes são exemplos que constam do Orçamento do Estado para 2016, que prevê destinar 9,5 mil milhões de euros à Saúde.

Estados pactuam com paraísos fiscais

O estudo do Obegef revela que bastava que os níveis da economia paralela em Portugal caíssem para a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, que ronda os 16,4% do PIB, para que o défice público baixasse para 2,5%, cumprindo o limite de 3% estabelecido pela Comissão Europeia. Isto aplicando uma taxa média de impostos de 20% ao rendimento adicional. Já num cenário de total inexistência de economia paralela, calcula o OBEGEF, Portugal deixaria de ser um país deficitário, para atingir um excedente de 0,4%. Entre as razões que incentivam a economia paralela, o observatório aponta para a carga fiscal elevada e para a evolução do mercado de trabalho, em particular para o aumento do desemprego. Ao mesmo tempo, os Estados "pactuam" com paraísos fiscais.

Quanto a dados oficiais, o relatório mais recente do Ministério das Finanças remete para estudos da Comissão Europeia sobre evasão fiscal. Os últimos dados, relativos a 2013, mostram que o nível de evasão fiscal em IVA em Portugal foi de 9%, o sétimo valor mais baixo da União Europeia. À frente de Portugal estão a Finlândia, a França, o Luxemburgo, a Eslovénia, a Suécia e a Holanda.

O anterior governo estimou que o combate à fraude e à evasão fiscais rendeu, em 2014, 3,3 mil milhões de euros ao Estado, o equivalente a 2% da riqueza produzida nesse ano. "Em 2014, em resultado da acção inspetiva, da recuperação de dívidas por via coerciva e coimas, o valor do combate à fraude e evasão superou os 2,5 mil milhões de euros (2550 milhões de euros). Por outro lado, os ganhos de eficiência da Autoridade Tributária e Aduaneira no combate à económica paralela ascenderam a 760 milhões de euros", lê-se no relatório.

Finlândia em crise admite deixar Euro


Quem diria.......cá se fazem, cá se pagam. Estavam como feras contra Portugal

Finlândia em crise admite deixar Euro
In jornal diabo.com/internacional

Há quatro anos destacavam-se entre os que exigiam castigos mais duros para Portugal. Agora estão em crise profunda e não querem a mesma
austeridade que nos foi imposta. Quando olham para o sucesso sueco,
norueguês e dinamarquês, os finlandeses retiram uma conclusão óbvia:
para evitar um massacre social e económico como o nosso, têm de sair
do Euro.

Não deixa de ser irónico: o país que disse que Portugal endividado
tinha de ser expulso da Zona Euro atravessa agora uma crise de tal
amplitude que talvez tenha, ele próprio, de deixar de usar a moeda
única. Recentemente, Paavo Väyrynen, eurodeputado pelo Partido do
Centro da Finlândia (actualmente no poder), afirmou mesmo que o seu
país “não tem tempo para desperdiçar na saída do Euro”. O político
reuniu os 50 mil apoios escritos necessários para a convocação de um
referendo sobre o tema, mas adianta que vai tentar que a decisão seja
directamente tomada pelo parlamento, tal a pressa: “um referendo
demoraria anos” a concretizar, referiu.

O Governo, de centro-direita, está dividido sobre que caminho
escolher. Após quatro anos de recessão, a economia deste país nórdico
encontra-se completamente estagnada. A Comissão Europeia admitiu, na
semana passada, que a Finlândia é hoje o Estado-membro com menor
crescimento: meio por cento.

Enquanto o país agredia verbalmente Portugal, não deu atenção
suficiente aos seus próprios problemas. Os custos de mão-de-obra do
país são 10 a 15 por cento mais elevadas do que os dos seus parceiros
comerciais, disparidade que já não pode ser consertada com uma
desvalorização monetária, apenas com austeridade. Curiosamente, quando
o mesmo aconteceu em Portugal, os finlandeses foram dos primeiros a
defender que os portugueses tinham de se tornar mais competitivos, e
que não tínhamos sequer dignidade suficiente para o actual ordenado
mínimo.

A palavra “flexibilização laboral” também entrou no léxico da antiga
colónia russa, saída da boca de Olli Rehn, o antigo comissário da UE
odiado pelos europeus do sul. Dois feriados vão ser cortados, e as
empresas vão deixar de ser obrigadas a negociar em concertação social,
passando a poder pagar o mínimo possível. Previsivelmente, os
finlandeses saíram à rua para paralisar o país com greves. Depois de
quererem condenar Portugal a vários anos de dor, os finlandeses não
querem o mesmo remédio. Mas há quem acha que nenhum dos países tinha
de passar pelo desastre que agora enfrenta.

Soberania monetária

Sem o peso do dogmatismo pro-europeísta, dois académicos finlandeses
elaboraram um estudo que permitiu projectar o que teria acontecido se
o país nunca tivesse abandonado a sua antiga moeda, o “Markka”.
Segundo a simulação, com o impacto da crise, o Markka teria
desvalorizado 20 por cento em relação ao Euro, mas a recuperação
económica do país teria sido muito mais veloz, pois as exportações
teriam aumentado 15 por cento.

Um dos académicos, Tuomas Malinen, é decisivo nas suas conclusões: a
culpa da estagnação do país é do Euro. Admitindo que o colapso da
Nokia e o mercado de trabalho rígido são problemas estruturais graves,
as conclusões do académico são que “apenas se tornaram um problema
inultrapassável porque a Finlândia usa o Euro”. No entanto, fica a
nota: abandonar a moeda única tem custos, que os académicos estimam em
20 mil milhões de euros.

Para os detractores do Euro, o custo valeria a pena, e seria
recuperado após alguns anos. Caso exemplar é a Suécia, um pequeno
oásis de prosperidade no meio de um deserto económico: durante o
período da crise na Europa, o país cresceu oito por cento. Em
comparação, a Zona Euro ainda não regressou aos níveis económicos
pré-recessão.

Outro exemplo é o Reino Unido, que é hoje a economia mais pujante da
Europa, tudo porque gere a Libra Esterlina conforme as suas
necessidades. Do outro lado do canal, a França enfrenta mais um ano de
elevado desemprego e crescimento quase nulo. Não admira, pois, que
David Cameron já tenha explicado taxativamente a Bruxelas que nunca,
por nunca ser, a União Europeia poderá exigir que o seu país adopte o
Euro.

A dura realidade da moeda única

Todas as principais agências de ‘rating’ colocaram as perspectivas da
Finlândia em “negativo”, e o Governo vai ter de aumentar a dívida em
13 mil milhões de euros em 2016, na melhor das hipóteses. A despesa
pública do país representa agora 58 por cento do PIB nacional, o valor
mais elevado da Europa e um dos mais elevados do mundo.

A União Europeia governou a sua moeda apenas em benefício de um único
país durante demasiado tempo, e não faz os necessários incentivos
monetários a tempo. Apesar de Mário Draghi ter o Banco Central Europeu
a oferecer amplos estímulos financeiros, incluindo uma taxa de juro
(e, por arrasto, de crédito) perto de zero por cento, a economia
Europeia continua estagnada e a deflação começou a instalar-se.

Na Finlândia, os políticos pró-europeus falam, de forma desesperada,
em “inovação” para consertar os problemas da Nação. De facto, o país é
casa de alguns dos melhores técnicos, cientistas e profissionais do
mundo, mas criar nova riqueza é difícil. No seu auge, a Nokia dava
emprego a quase 200 mil pessoas. Hoje, o sector dos videojogos, que o
Governo local aplaude como um exemplo, apenas emprega 2.600
trabalhadores. Apesar de haver ideias, e até financiamento, exportar
com o peso do Euro é muito difícil. O desinvestimento no sector da
educação e a “fuga de cérebros” para países mais prósperos e
dinâmicos, como o Reino Unido e os Estados Unidos, coloca ainda o
futuro do pequeno país mais em causa, tal como acontece actualmente em
Portugal. Vale a pena continuar no Euro? É possível que os finlandeses
em breve votem sobre o assunto.

sábado, 8 de setembro de 2018

Verdade desportiva. Ah! Ah! Ah!

O futebol é uma das máfias nacionais, aquela que mais às claras actua, até por sentimento de impunidade, que duvido, mesmo que estes processos consigam contrariar.

José Pacheco Pereira 8 de Setembro de 2018


O interessante e pouco surpreendente exercício de contenção de danos que sucessões de adeptos do Benfica, célebres, consagrados, eminentes juristas, e homens que só eles sabem quem são, fazem, com a cumplicidade activa da comunicação social reduzida a esta miséria, tem como objectivo dizer que, se houve ilegalidades, elas foram de um homem ou dois e não atingem o clube, nem essa coisa contraditória nos seus termos, chamada a “verdade desportiva”. Isto porque uma das sanções previstas, em absoluta teoria e em absoluta impossibilidade prática, inclui a proibição do clube jogar por uns meses e anos, ou ser despromovido para uma divisão inferior. A tese é que nenhum jogo foi ganho ou perdido, a célebre “verdade desportiva”, por causa de uma malfeitoria de espionagem ilegal ao sistema judicial e a várias bases de dados públicas, para obter informações sobre processos judiciais e dados sobre árbitros.

A questão é muito simples: na história da corrupção em Portugal há quatro componentes, três de cima, e uma de baixo. Completam-se como peças de um jogo, neste caso o jogo do nosso atávico atraso nacional. Nacional, português, nosso, que todos nós pagamos para alguns receberem. As três de cima são as dos grandes: a corrupção na política, nos negócios e no futebol, profundamente interligadas. A de baixo, é a pequena corrupção do dia-a-dia, que os portugueses praticam como quem respira e que, entre outras coisas, gera o pano de fundo para toda a corrupção, nem que seja pela fragilíssima condenação de ilegalidades quando são parecidas com as que os de baixo praticam. São tudo valentões contra a corrupção, no café e nas caixas de comentários e Facebooks, mas depois, como se vê no futebol, fecham os olhos tão forte que até dói.

O futebol é uma das máfias nacionais, aquela que mais às claras actua, até por sentimento de impunidade, que duvido, mesmo que estes processos consigam contrariar. Todos os componentes das máfias estão lá: associação de criminosos e comunidade à volta do crime consentido, se for a favor do “nosso” clube. A máfia em Itália e nos EUA também é assim, e parte o seu sucesso tem a ver com a parte comunitária: defesa da Sicília mais pobre, defesa da comunidade italiana nos EUA, protecção dos “seus”, definição de territórios, etc..

No futebol encontramos também a “emoção” da comunidade dos adeptos, do “Porto é uma nação”, ou “o Benfica é Portugal”, e no Sporting também deve haver uma variante, etc. E, por detrás disto um grupo de gente amoral, oportunista, conhecedora de todos os esquemas, vive e enriquece por conta do clube, protegendo-se por uma omertà que só é violada quando há competição pelo bolo, dando em troca aos adeptos “vitórias”. Estão todos sentados em cima de pilhas de dinheiro. Em qualquer empresa, os valores que circulam à volta da compra e venda de jogadores e treinadores no mundo igualmente mafioso dos “agentes”, seria notícia, aqui é trivial, aqui é a normalidade. Ninguém verdadeiramente se pergunta de onde vem e para onde vão estes milhões. Nem sequer aqueles que espumam quando sabem de algum alto salário nas empresas ou pequeno e médio no estado, dizem nada com os valores astronómicos que são pagos. Este dinheiro que circula por baixo da mesa, por offshores, e que dá origem em alguns países a processos de fraude e evasão fiscal, em que quase todos os jogadores e treinadores estão envolvidos, permite depois os cartões dourados, as despesas de tudo, desde os charutos à lingerie para prendas, os empregos para mulheres, primos e filhos, os carros, as mordomias, que tornam apetecível qualquer lugar no topo ou na base dos clubes de futebol.

Depois, como na máfia, há a circulação de promiscuidades entre o futebol, a política e os negócios. Nem vale a pena falar muito, porque está tudo à vista e não é pago nem por bilhetes de futebol, nem lugares VIP, nem camisolas. É uma troca de favores, que vale milhões em isenções fiscais, em fiscalidade “favorável” em autorizações para urbanizações e construções, tudo. E a tudo isto deve-se acrescentar o papel, como na máfia, de vários Consiglieri e Fixers, entre a melhor advocacia portuguesa e uma extensa rede de cumplicidades e favores na comunicação social.

E, por fim, last but not the least, os exércitos para a guerra, a violência, a defesa do território, as vinganças, e para pôr na ordem adversários e traidores, — as claques. Claques pagas com merchandising e tráfico de droga e cujos disciplinados soldados atacaram os jogadores do Sporting, e “puseram” na ordem, com algumas sovas até com mortes, ainda por esclarecer, no Porto, quem se lhes opunha ou no mundo dos negócios obscuros que controlam, da segurança à “noite”. Ai não sabem! Sabem, sabem, todos, dirigentes desportivos, jogadores, treinadores, polícias e ladrões.

Voltando à “verdade desportiva”, esse caso típico de um oximorón dialéctico, para os irritar com a intelectualidade. Então os homens queriam saber coisas sobre os árbitros, queriam saber coisas sobre as investigações sobre o clube, para quê? Para fortalecer o clube, permitir-lhe vantagens competitivas, fazer chantagem e corromper os árbitros, evitar sarilhos e garantir impunidade, e em linhas gerais aumentar o poder e o dinheiro disponível, inclusive para comprar e pagar melhores jogadores. E isso não tem nada a ver com o “relvado”? Com os jogos? Com as “vitórias”?

Eles acham que nós somos parvos e temos medo. Nem todos.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A nova culinária... Fantástico texto de Rui Vieira Nery

"Antigamente as cozinheiras dos bons restaurantes portugueses eram umas Senhoras rechonchudas e coradas, em geral já de idade respeitável, com nomes bem portugueses ainda a cheirar a aldeia – a D. Adosinda, a D. Felismina, a D. Gertrudes – e por vezes com uma sombra de buço que parecia fazer parte dos atributos da senioridade na profissão.

Tinham começado por baixo e aprendido o ofício lentamente, espreitando por cima do ombro dos mais velhos.
E tinham apurado a mão ao longo dos anos, para saberem gerir cada vez com mais mestria a arte do tempero, a ciência dos tempos de cozedura, os mistérios da regulação do lume.
A escolha dos ingredientes baseava-se numa sabedoria antiga, de experiência feita, que determinava o que “pertencia” a cada prato, o que “ia” com quê, os sabores que “ligavam” ou não entre si.
Traziam para a mesa verdadeiras obras de arte de culinária portuguesa, com um brio que disfarçavam com a falsa modéstia dos diminutivos – “Ora aqui está o cabritinho”, “Vamos lá ver se gosta do bacalhauzinho”, “Olhe que o agriãozinho é do meu quintal”.
Ficavam depois a olhar discretamente para nós, para nos verem na cara os sinais do prazer de cada petisco, mesmo quando à partida já tinham a certeza do triunfo, porque cada novo cliente satisfeito era como uma medalha de honra adicional.
E a melhor recompensa das boas Senhoras era o apetite com que nos viam: “Mais um filetezinho?” “Mais uma batatinha assada?”.

Hoje em dia, ao que parece, nestes tempos de terminologias filtradas, já não há cozinheiros, há “chefes”, e a respectiva média etária ronda a dos demais jovens empresários de sucesso com que os vemos cruzarem-se indistintamente nas páginas da “Caras” e da “Olá”.
Os nomes próprios seguem um abecedário previsível – Afonso, Bernardo, Caetano, Diogo, Estêvao, Frederico, Gonçalo, … – e os apelidos parecem um anuário do Conselho de Nobreza, com uma profusão ostensiva de arcaísmos ortográficos que funcionam como outros tantos marcadores de distinção – Vasconcellos, Athaydes, Souzas, Telles, Athouguias, Sylvas…
Quase nunca os vemos, claro, porque os deuses só raramente descem do Olimpo, mas somos recebidos por um exército de divindades menores cuja principal função é darem-nos a entender o enorme privilégio que é podermos aceder a semelhante espaço tão acima do nosso habitat social natural.
A explicação da lista é, por isso, um longo recitativo barroco, debitado em registo enjoado, em que, mais do que dar-nos uma ideia aproximada das escolhas possíveis, se pretende esmagar-nos com a consciência da nossa pressuposta inadequação à cerimónia em curso.

A regra de ouro é, claro, o inusitado das propostas culinárias em jogo e, preferivelmente, a sua absoluta ininteligibilidade para o cidadão comum.
Mandam, pois, o bom senso e o próprio instinto de auto-defesa que se delegue na casa a escolha do menu, sabendo-se, no entanto, que não vale a pena sonhar com que pelo meio nos apareça um pobre cabrito assado no forno, um humilde sável com açorda, ou uma honesta posta de bacalhau preparada segundo qualquer das “Cem Maneiras” santificadas das nossas Avós.
Seja o que Deus quiser!
E começam então a chegar a “profiterolle de anchova em cama de gomos de tangerina caramelizados, com espuma de champagne”, o “ceviche de vieira com molho quente de chocolate branco e raspa de trufa”, a “ratatouille de pepino e framboesa polvilhada com canela e manjericão”, e por aí fora, em geral com largos minutos de intervalo entre cada prato e o seguinte, para nos dar tempo de meditar sobre a experiência numa espécie de retiro espiritual momentâneo…

E é de experiência que se pode aqui falar no sentido mais fugaz do termo.
Deliciosa ou intragável, a oferta tende a ser, por princípio, “one time only”, porque quando o empregado anuncia, na sua meia voz enfadada, o “camarão salteado em calda de frutos silvestres e açafrão”, o uso do singular não é metafórico – é mesmo um exemplar único da espécie que se nos apresenta em toda a sua glória, ainda que possa reinar isolado no meio de um prato em que, em tempos, caberia um costeletão de novilho com os respectivos acompanhamentos.
Se se detestar, há pelo menos a consolação de que não haverá qualquer hipótese de reincidência do crime; se se adorar – o que há que reconhecer que muitas vezes acontece – ficará apenas a memória fugidia do prazer inesperado.
A função do “chefe” é proporcionar-nos no palato esta sucessão de sensações momentâneas irrepetíveis, todas elas em doses cuidadosamente homeopáticas, um pouco como as configurações sempre novas de um caleidoscópio – ou, se se preferir uma imagem mais forte, como a versão gastronómica de uma poderosa substância alucinogénia, daquelas que faziam as delícias da geração hippie dos anos 60 quando lhe davam a ver, ora elefantes cor-de-rosa, ora hipopótamos azul-celeste.
Wow!

Que saudades das Donas Adozindas, das Donas Felisminas, das Donas Gertrudes, mais camponesas ainda do que citadinas, com a sua sabedoria, as suas receitas de família, a sua simplicidade, a sua fartura, o seu gosto de servir bem, o seu sentido de tradição e de comunidade!"
Rui Vieira Nery

UM FACTO HISTÓRICO POUCO CONHECIDO




Ai, Uruguai...

Passo pelo centro da cidade e vejo de repente, em plena Praça do Comércio, a bandeira da Guiné Equatorial. Lá estava ela ao lado das outras oito a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Para nos lembrar como os interesses petrolíferos levaram à CPLP uma ditadura brutal onde há uma suposta moratória à pena de morte (que ninguém verifica), e onde o ditador rouba os recursos naturais do país para que o seu filho seja um colecionador de carros de luxo que não podem andar nas poucas estradas asfaltadas daquela desventurada terra.

Não que faltem razões históricas para uma relação com o povo da Guiné Equatorial, por onde os portugueses também andaram e onde há ainda quem fale um dialeto de base portuguesa na ilha de Ano Bom. Mas se essas fossem razões suficientes para entrar um país na CPLP, eu preferiria ter visto outro na frente da fila: o Uruguai.

Antes que alguém diga: “mas o Uruguai tem como língua oficial o espanhol!” — interrompo para responder que não tem. O Uruguai não tem idioma oficial. E isso não acontece por acaso, mas pela razão histórica de que a República Oriental do Uruguai, como é seu nome constitucional, foi criada como uma espécie de Bélgica da América do Sul, ou seja, para servir de tampão entre o Brasil e a Argentina, sucessores do império português e do império espanhol. Por isso foi deixada propositadamente sem língua oficial, nem português nem espanhol, num esforço de neutralidade.

Muita gente já ouviu falar da uruguaia Colónia do Sacramento, que foi a mais meridional das cidades portuguesas e se situa mesmo em frente a Buenos Aires, na margem uruguaia do Rio da Prata.
Esta cidade foi intermitentemente portuguesa e espanhola durante século e meio, e serviu de moeda de troca nas negociações pela posse do território das Missões, no atual estado brasileiro do Rio Grande do Sul.

Mas há menos quem saiba que todo o Uruguai foi, no início do século XIX, parte do Reino Unido de Portugal, do Brasil e dos Algarves, com o nome de Província Cisplatina. Após 1822, o Uruguai passou a fazer parte do Império Brasileiro. Em 1825, o Uruguai tornou-se independente, não – como muita gente pensa – do império espanhol, mas sim do império brasileiro.

Este é um caso único na América de língua espanhola — mas o Uruguai é também, embora minoritariamente, de língua portuguesa. Há cidades de fronteira com o Brasil, onde o português é língua materna. O “portunhol riverense”, também chamado de “fronteiriço”, é um dialeto de base portuguesa reconhecido pelo estado uruguaio.
E a língua portuguesa é de ensino obrigatório nas escolas do país.

Para mais, o Uruguai é um país democrático e respeitador dos direitos humanos. A pena de morte foi abolida em 1907. Foi um dos primeiros países na América a reconhecer o casamento gay e um dos primeiros no mundo a legalizar as drogas leves. E — esta é a melhor — já pediu e repetiu o pedido para ser observador na CPLP. Se tivéssemos sido um pouco mais ativos ainda poderíamos ter tido José “Pepe” Mujica nas cimeiras da lusofonia.

É por isso que, de cada vez que eu passar pelas bandeiras da CPLP e lá vir a da Guiné Equatorial terei de suspirar e pensar: mal por mal, preferia o Uruguai...

NOVA ORDEM MUNDIAL DECLARADA - EUA 2014

Luta contra a Nova Ordem Mundial (Fight the New World Order with Global ...

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O que acontece quando um fã de futebol tem de escolher entre a mulher e um jogo?

Investigadores da Universidade de Coimbra usaram um dilema da teoria de jogos, conhecido como “Guerra dos Sexos”, para ver o que acontecia no cérebro de um adepto de futebol com uma difícil decisão a tomar.

ANDREA CUNHA FREITAS 29 de Agosto de 2018


Calma. Antes que se sinta tentado a fazer um comentário sobre este artigo, esclarecemos que esta investigação envolveu 44 participantes, todos homens, que têm uma característica especial: são todos membros de uma claque de futebol, dos Super Dragões (Futebol Clube do Porto) e Mancha Negra (Académica). Ou seja, não são simples adeptos. Uma equipa de investigadores do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da Universidade de Coimbra decidiu ver o que acontece no cérebro destes fervorosos fãs de futebol quando têm de escolher entre o amor a uma pessoa e o amor ao seu clube. O estudo, publicado na revista Scientific Reports, do grupo da Nature, mostra uma nova cartografia cerebral da tomada de decisão afectiva e, menos importante mas seguramente mais apelativo, revelou também que a maioria dos participantes resolveu este conflito optando pela paixão em vez do amor, ou seja, escolheu o futebol.

A equipa coordenada por Miguel Castelo Branco já tinha demonstrado que o amor de um elemento de uma claque pelo seu clube podia ser comparado ao amor romântico. Num estudo publicado em Março de 2017, os investigadores concluíram que os circuitos cerebrais activados por membros das claques quando vêem o seu clube jogar são os mesmos que são recrutados no caso de um amor romântico. Mais precisamente, lembra Miguel Castelo Branco, as semelhanças encontradas no cérebro dos participantes aproximam este amor tribal à paixão. Naquele estudo, o exercício privilegiou a emoção. Agora, os investigadores quiseram ver que impacto é que este amor tribal tinha na tomada de decisão. “Este é um modelo muito bom para estudar dilemas afectivos”, sublinha Miguel Castelo Branco, realçando que esta terá sido a primeira vez que o dilema da teoria dos jogos conhecido como “Guerra dos Sexos” foi testado numa experiência.

Os participantes tiveram de passar várias etapas. Primeiro preencheram questionários que classificavam, numa escala de 1 a 7, vários cenários, desde fazer a sua actividade preferida a fazer a actividade preferida da mulher, ou não fazer nenhuma das duas. Desenharam-se assim o que os investigadores chamam “matrizes de preferência” associadas a diferentes actividades. Os homens deram um valor às várias possibilidades e deram também um valor ao que achavam que seriam as preferências da sua mulher, sendo que estamos a falar de relações relativamente longas com uma média de nove anos. “Temos a percepção dele e o que nos interessa é o dilema percebido por ele”, justifica o investigador, justificando a dispensa da validação das respostas pela mulher.

No momento da tomada de decisão, os homens tinham então de escolher uma entre quatro opções: o homem e a mulher fazem as suas actividades preferidas sozinhos, ela desiste da sua actividade preferida e vai com ele ver o jogo de futebol, ele desiste do jogo de futebol e vai fazer a actividade preferida dela com ela e, por fim, os dois desistem das actividades preferidas e vão fazer outra coisa juntos.

Nesta altura, com as classificações somadas, era já possível ver quais as opções que tinham mais valor para o casal. E a verdade é que nem sempre as mais valiosas foram as escolhidas. “O que pretendíamos como resposta era a actividade que era a mais provável de acontecer. Não a preferida. Queríamos que a decisão dele reflectisse uma espécie de negociação do casal”, explica Miguel Castelo Branco. O processo da deliberação das várias opções e da tomada de decisão decorreu enquanto os participantes estavam a ser submetidos a uma ressonância magnética e, assim, foi possível ver as zonas cerebrais que eram recrutadas e activadas para resolver este grande dilema afectivo.
Testar o espírito de sacrifício

“Os resultados foram curiosos. No primeiro estudo tínhamos visto um domínio de áreas relativamente primitivas do cérebro, a amígdala, por exemplo, áreas que têm que ver com emoções fortes mas relativamente primárias. Aqui, para a tomada de decisão, todo o circuito que encontrámos era no córtex pré-frontal”, conta Miguel Castelo Branco. E o que é que isso quer dizer? “Quer dizer que há mesmo um diálogo entre emoção e razão nestes adeptos que são relativamente fanáticos.” As regiões cerebrais activadas são intrinsecamente humanas, não podem ser observadas noutros modelos animais, e a sua “descoberta” foi uma surpresa. “No fundo, estamos a descobrir regiões novas. Não estávamos à espera de ver estas regiões”, refere Miguel Castelo Branco, adiantando que certas regiões como o córtex órbito-frontal estão associadas à avaliação da dimensão afectiva, as regiões frontais mediais com o processamento da reciprocidade e outras, mais laterais, com o processo deliberativo que resulta na decisão final.

“Algumas destas áreas são muito importantes para o controlo cognitivo e são muito relevantes até na clínica, por exemplo no controlo das dependências. Nós temos um impulso de gratificação imediata mas tentamos controlar esse impulso para uma recompensa a longo prazo. Que é um bocadinho o que este modelo nos traz. Basicamente, o futebol é baseado numa gratificação imediata e uma relação romântica baseia-se numa gratificação contínua, sustentada e a longo prazo”, explica o investigador.



Naquilo a que chama uma “nova cartografia cerebral da tomada de decisão”, foi possível mapear as regiões envolvidas na avaliação afectiva, na decisão, e outras zonas recrutadas quando existia um esforço de cooperação para “bem” do casal. “A cooperação corresponde à situação de maior valor para o casal em conjunto (ou seja, abdicarem da actividade preferida para fazer outra coisa em conjunto), e a não cooperação corresponde às situações de menor soma para o casal em conjunto. Preferimos um critério numérico, que é mais objectivo, pois nem sempre a valoração é linear”, diz.

O mais importante nesta investigação é o facto de revelar um importante papel que diferentes áreas do córtex frontal do cérebro humano desempenham nas decisões que envolvem dilemas entre a razão e a emoção, por isso o artigo reserva apenas um breve parágrafo para os resultados “comportamentais”. Aqui é dito que 39,7% dos participantes optaram por cooperar e escolheram as situações de maior valor para o casal. É fácil fazer as contas para perceber que, tal como confirma o artigo, 60,3% optaram por não cooperar e escolheram ir ao futebol. “Os 44 participantes foram expostos a muitos dilemas e por isso pudemos determinar que as percentagens definidas acima são apenas a média, mas em certos casos podiam desviar-se desse comportamento, o que é típico das situações de dilemas em que o conflito e a incerteza são muito elevados”, justifica o investigador, que, no entanto, admite: “Sim, eles optam um bocadinho mais por não cooperar. Eles gostam mesmo de futebol.”

Regressando ao que foi observado nas ressonâncias magnéticas e aos caminhos percorridos dentro das cabeças dos membros das claques enquanto avaliam as opções e tomam uma decisão, este trabalho abre uma nova porta para o estudo de doenças psiquiátricas. “Por exemplo, na psicopatia é dada muita importância a áreas mais antigas em termos de evolução como a amígdala, tendo sido relativamente ignorada a contribuição do lobo frontal. Ora, na psicopatia um aspecto comum é a tomada de decisão fria e egocêntrica, não centrada nem na cooperação nem na afectividade. As áreas agora identificadas podem ser muito importantes no estudo desta doença”, diz Miguel Castelo Branco, a título de exemplo. Mas há mais: “Estes conflitos envolvem também o controlo cognitivo da impulsividade da gratificação imediata, o que é relevante para outras patologias como o ‘jogo patológico’, em que a emoção procura de forma irreflectida a recompensa imediata, enquanto a razão diz que a perda monetária poderá ser considerável.”

O coordenador da investigação não valoriza aquilo que a maioria dos leitores poderá procurar neste artigo. Mais importante do que as respostas ou a decisão são os mecanismos por atrás de um dilema que leva a uma discussão entre a emoção e a razão para lugares improváveis dentro do nosso cérebro. Quem ganha essa batalha não é o mais importante. Por outro lado, a novidade é também que esta será a primeira vez que o resultado de um dilema de Guerra dos Sexos foi experimentado e publicado. E o que foi posto à prova é um dilema real, do quotidiano, longe dos problemas abstractos que normalmente são colocados nestes estudos que envolvem a teoria dos jogos. “A maior parte dos estudos que são feitos com a teoria dos jogos são com estudantes de psicologia e são coisas sempre muito abstractas em que é muito difícil extrapolar para podermos generalizar para coisas ligadas à emoção. É daí que vem também a novidade deste estudo. Em teoria dos jogos, o que tem sido feito (o jogo do ultimato e o jogo da confiança) tem que ver com a partilha de proveitos económicos, aqui não. Aqui é um dilema de gratificação hedónica, tem que ver com sistema de recompensa do cérebro.”

E será possível fazer algo semelhante com as mulheres? “Neste estudo conseguimos arranjar esta amostra em que há um dilema entre dois amores. Seria interessante fazer isto também entre o sexo feminino, mas é muito difícil arranjar um modelo experimental para isso”, responde o investigador. Por mais que existam muitas mulheres que gostam de futebol (e existem), são muito poucas as que pertencem a uma claque de futebol. Assim, aceitam-se sugestões para criar um dilema entre a emoção e razão para o sexo feminino suficientemente forte para ser testado numa experiência deste tipo.

No entanto, o próximo passo desta equipa não vai na direcção das mulheres. Os investigadores vão continuar a estudar estes membros de claques e fanáticos por futebol, mas agora vão testar o seu espírito de sacrifício. “A experiência passa por ter um adepto de uma claque destas junto ao estádio mas sem bilhete e aparecer alguém do mercado negro. Nós sabemos os salários destes adeptos, e eles têm de dar um número. Quantos euros é que pagariam?” Em avaliação estarão as áreas da recompensa, do sacrifício, do risco financeiro. Mais um dilema, portanto. Já agora (sugerimos nós) seria interessante ver se as áreas cerebrais recrutadas para este exercício são as mesmas num contexto de “amor romântico”. Será que o “caminho” no cérebro do sacrifício por amor a uma pessoa e a um clube é o mesmo?

Na verdade, neste estudo podemos concluir que o amor tribal se sobrepõe ao amor romântico. Mas isso, avisamos de novo, tem muito que ver com os sujeitos envolvidos. “Esta é uma população muito especial, são membros de claques. Se se sobrepõe um bocadinho é porque estamos a comparar uma paixão com um amor, e a paixão tem mais peso quando há uma gratificação imediata”, justifica Miguel Castelo Branco. Nada de conclusões precipitadas, portanto. Estamos apenas perante duas formas diferentes de amar, estes homens não gostam mais de futebol do que das suas mulheres. Ou será que gostam?