12 de Dezembro de 2020
JOÃO MIGUEL TAVARES
JORNALISTA
Eduardo Cabrita deu uma conferência de imprensa na quinta-feira para explicar aos portugueses que, na opinião de Eduardo Cabrita, Eduardo Cabrita é um excelente ministro. Eduardo Cabrita foi o único português que se preocupou com a morte de Ihor Homeniuk quando todos os outros “estavam distraídos”. Eduardo Cabrita não se limitou a agir – durante meses, ele foi o único que agiu. Eduardo Cabrita não se limitou a ver – durante meses, ele foi o único que viu. Eduardo Cabrita deu os parabéns à comunicação social por finalmente ter reparado naquilo que Eduardo Cabrita reparou desde sempre. “Bem-vindos ao combate pela defesa dos direitos humanos”, disse Eduardo Cabrita.
Algumas pessoas maldosas argumentaram que Eduardo Cabrita se esqueceu até hoje de indemnizar a viúva do morto e que demorou nove meses a despedir a directora do SEF. São pessoas que não compreendem Eduardo Cabrita. Felizmente, Eduardo Cabrita tratou de as informar da excelência da sua pessoa e do alcance da sua acção. Eduardo Cabrita não só esteve sempre atento ao defunto ucraniano, como devemos ao seu talento – abram a boca de espanto – a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República. Se acaso for votar em Marcelo em Janeiro, caro leitor, não se esqueça de deixar uma nota de agradecimento a Eduardo Cabrita no boletim.
Eduardo Cabrita foi o homem que pavimentou o caminho para Marcelo, qual João Baptista da Administração Interna. O Presidente da República havia declarado, em 2018, que se houvesse tragédia semelhante a 2017 até final do seu mandato “isso seria, só por si, impeditivo de uma recandidatura”. Felizmente, Eduardo Cabrita estava atento. Graças à sua actuação, em três anos consecutivos não morrerem civis nos incêndios (os cinco bombeiros e o piloto de aviões que morreram em 2020 não são civis) e a área ardida foi curtíssima (os ciclos regulares entre mega-incêndios não são para aqui chamados). Mesmo que Eduardo Cabrita se tivesse distraído um pouco em relação ao SEF – não distraiu, nunca! –, teria sido apenas por estar a trabalhar tão afincadamente na permanência de Marcelo em Belém.
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