07 Julho 2014, 20:30
por Alexandra Machado
Quando em Fevereiro de 2010, a "Visão" questionou Henrique Granadeiro sobre o que o presidente da PT sentiu ao descobrir que dois dos seus administradores (Rui Pedro Soares e Soares Carneiro) estavam a ser ligados a um alegado plano do Governo para controlar a comunicação social, a resposta estoirou: "Encornado!".
É essa mesma palavra que vou, por estes dias, recordando.
A PT subscreveu 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, uma empresa ligada à família Espírito Santo. E ainda que não seja ilegal, é, no mínimo, questionável. Quantas vezes a PT investiu 900 milhões numa única aplicação? E quantas vezes o fez numa empresa não financeira não cotada e ligada a um dos accionistas? E porque o fez? Muitas perguntas. Nenhuma resposta satisfatória.
A Portugal Telecom opta por dizer que confia nos conselhos que o BES, enquanto seu banco privilegiado, faz. Também opta por atribuir um racional financeiro à aplicação, falando dos juros fantásticos para uma aplicação destas.
Nada disto parece fazer sentido, sabendo-se, ainda para mais, que a Rioforte tem risco. Um risco que a PT não pode estar disposta a correr. Nem pelo seu accionista histórico. A PT era das principais empresas cotadas. O que acontecerá se a Rioforte não pagar? O que acontecerá mesmo que a Rioforte pague? Prestou a PT todas as informações aos seus accionistas? Não devia este investimento ter sido tratado de outra forma?
Quando a PT fez um investimento de 75 milhões em fundos da Ongoing houve demissões e alteraram-se as regras relacionadas com as partes relacionadas. Regras que agora foram contornadas. Tudo isto é normal? Quem é que se deve sentir agora encornado?
Jornalista
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