terça-feira, 20 de junho de 2017

José Mujica — Presidente do Uruguai


O PRESIDENTE DO URUGUAY DECLARA : EU NÃO SOU POBRE !

"Eu não sou pobre! Pobres são aqueles que acreditam que eu sou pobre. Tenho poucas coisas, é certo, as mínimas, mas apenas isso basta para ser rico. Quero ter tempo para dedicá-lo às coisas que me motivam.

Se tivesse muitas coisas, teria que me ocupar com elas, e não poderia fazer o que realmente gosto.

Essa é a verdadeira liberdade, a austeridade, o consumir pouco.

Vivo numa pequena casa, para poder dedicar tempo ao que verdadeiramente aprecio.

Senão, teria que ter uma empregada e já teria uma interventora dentro de casa.

Se eu tivesse muitas coisas, teria que me dedicar a cuidar delas, para que não fossem levadas. Não, com três divisões é suficiente. Passamos a vassoura, eu e a velha, e já se acabou. Então, temos tempo para o que realmente nos entusiasma. Verdadeiramente, não somos pobres!”

José Mujica — Presidente do Uruguai

QUEM É JOSÉ MUJICA?

Conhecido como “Pepe” Mujica, o atual Presidente do Uruguai recebe USD$ 12.500/mês (doze mil e quinhentos dólares mensais) pelo seu trabalho à frente do país, mas doa 90% do seu salário, ou seja, vive com 1.250 dólares, cerca de R$ 2.538,00 reais, ou ainda 25.824 pesos uruguaios. O resto do dinheiro, ele distribui por pequenas empresas e ONGs que trabalham com habitação.“- Esse dinheiro me basta e tem que bastar, porque há outros uruguaios que vivem com menos”, diz o presidente Mujica.Aos 77 anos, Mujica vive de forma simples, usando as mesmas roupas e desfrutando da companhia dos mesmos amigos de antes de chegar ao poder.Além de sua casa, seu único patrimônio é um velho Volkswagen, cor celeste, avaliado em pouco mais de mil dólares. Como transporte oficial, usa apenas um Chevrolet Corsa. Sua esposa, a senadora Lucía Topolansky, também doa a maior parte de seus rendimentos.A poucos quilômetros de Montevidéu, já saindo do asfalto, avista-se um campo de acelgas. Mais à frente, um carro da polícia e dois guardas: é o único sinal de que alguém importante vive na região. O morador ilustre é José Alberto Mujica Cordano, conhecido como Pepe Mujica, presidente do Uruguai.Perguntado sobre quem é esse Pepe Mujica, ele responde:
— "Um velho lutador social, da década de 50, com muitas derrotas nas costas, que queria consertar o mundo e que, com o passar dos anos, ficou mais humilde, e agora tenta consertar um pouquinho de alguma coisa”.Ainda jovem, Mujica se envolveu no MLN — Movimento de Libertação Nacional e ajudou a organizar os tupamaros, grupo guerrilheiro que lutou contra a ditadura. Foi preso pela ditadura militar e torturado.
- "Primeiro, eu ficava feliz se me davam um colchão. Depois, vivi muito tempo em uma salinha estreita, e aprendi a caminhar por ela de ponta a ponta”, lembra o presidente uruguaio.
Dos 13 anos de cadeia, Mujica passou algum tempo num antigo cárcere que virou shopping. A área também abriga um hotel cinco estrelas.
Ironia para um homem avesso ao consumo e ao luxo.No bairro Prado, a paisagem é de casarões antigos, da velha aristocracia uruguaia. É onde está a residência Suarez y Reyes, destinada aos presidentes da República.
Esse deveria ser o endereço de Pepe Mujica, mas ele nunca passou sequer uma noite no local. O palácio de arquitetura francesa, de 1908, só é usado em reuniões de trabalho.Mujica tem horror ao cerimonial e aos privilégios do cargo. Acha que presidente não tem que ter mais que os outros.
— "A casinha de teto de zinco é suficiente”, diz ele.
-“Que tipo de intimidade eu teria em casa, com três ou quatro empregadas que andam por aí o tempo todo? Você acha que isso é vida?”, questiona Mujica.Ele gosta de animais; tem vários no sítio. Pepe Mujica conta que a cadela Manoela perdeu uma pata por acompanhá-lo no campo, e que ela está com ele há 18 anos.A vida simples não é mera figuração ou tentativa de construir uma imagem, seguindo orientações de um marqueteiro. Não, ela faz parte da própria formação de Mujica.No dia 24 de maio de 2012, por ordem de Mujica, uma moradora de rua e seu filho foram instalados na residência presidencial, que ele não ocupa porque mora no sítio. Ela só saiu de lá quando surgiu vaga em uma instituição. Neste início de inverno, a casa e o Palácio Suarez y Reyes, onde só acontecem reuniões de governo, foram disponibilizadas por Mujica para servir de abrigo a quem não tem um teto.
Em julho de 2011, ele decidiu vender a residência de veraneio do governo, em Punta del Este, por 2,7 milhões de dólares. O banco estatal República a comprou e transformará a casa em escritórios e espaço cultural. Quanto ao dinheiro, será inteiramente investido – por ordem de Mujica, claro – na construção de moradias populares, além de financiar uma escola agrária na própria região do balneário.O Uruguai ocupa o 36ª posição do ranking de EDUCAÇÃO da Unesco, enquanto o Brasil ocupa a 88ª posição.
Já no ranking de DESENVOLVIMENTO HUMANO, o Uruguai ocupa o 48º lugar, enquanto o Brasil ocupa o 84º lugar. Enquanto isso no Brasil, políticos reclamam que recebem um salário baixo para o cargo que exercem. QUE VERGONHA!!!Mujica é um homem raro nesses tempos de crise de valores morais e de ética dentre os políticos sul-americanos.

Os livros científicos dos séculos XVI e XVII, ou como a Inquisição "limpou" as bibliotecas

É a primeira sistematização da censura de livros médicos pela Inquisição em Portugal - um dos casos expurgados foi o de uma freira que se dizia ter engravidado no banho. Está também em marcha um inventário dos livros de ciência nas bibliotecas dessa altura. O lugar deste objecto na cultura científica nacional começa a ser desvendado

O "lápis" da censura nos séculos XVI e XVII era a tinta ferrogálica. Se estivesse muito concentrada, a tinta utilizada na expurgação de uma obra podia queimar o papel. Se fosse em menor quantidade, as palavras censuradas voltavam a ser legíveis. De qualquer forma, esta vertente da Inquisição afectava a leitura das obras, dando-lhes uma conotação insidiosa de pecado e culpa. A literatura técnica e científica em Portugal não escapou a este controlo, como os livros de Amato Lusitano, médico judeu português que fugiu da Península Ibérica.

"Qualquer expurgação perturba a confiança na leitura de livros de ciência - um acto que passa pelo desejo de querer saber mais", defende Hervé Baudry, do Centro de História da Cultura da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O efeito que a censura teve no desenvolvimento científico e cultural do país é ainda difícil de contabilizar, diz o historiador francês, orador num workshop sobre as bibliotecas e livros científicos dos séculos XV a XVIII na Biblioteca Nacional, em Lisboa. Mas Hervé Baudry está apenas no início de um projecto de investigação sobre aquilo a que chama de "biblioteca limpa", ou seja, a expurgação de livros dos séculos XVI e XVII.

O francês analisou a censura em 105 exemplares de cinco obras de medicina, que estão em bibliotecas do país, e sistematizou a forma como decorreu a censura da Inquisição, um trabalho inédito em Portugal. As obras analisadas eram de quatro autores: os portugueses Amato Lusitano e Gonçalo Cabreira, cirurgião contemporâneo de Lusitano, e dos espanhóis Andrés Laguna, médico humanista que se dedicava especialmente à farmacologia e botânica, e Oliva Sabuco, filósofa e médica.

"Essa censura foi eficaz, sistemática, tinha um lado rotineiro", explica. Os responsáveis pela expurgação não se viam como "donos" dos livros que "limpavam", seguiam uma lista de passagens proibidas.

Assim, nos textos médicos apareciam riscadas datas judaicas, casos médicos sobre sexualidade na Igreja ou dizeres que acompanhavam receitas medicinais tradicionais. "A censura é a resposta técnica, formal [da Inquisição] ao crescimento enorme do livro como veículo da heterodoxia", salienta Hervé Baudry.

Na segunda metade do século XV foram impressos na Europa entre 15 a 20 milhões de livros. No século seguinte, este valor multiplicou-se por 10. Apesar de os autos-de-fé serem os rituais mais conhecidos da Inquisição, e o seu lado mais sangrento, em que "hereges", desde judeus a sodomitas, eram mortos na fogueira, a censura livresca era intensa.

Havia listas de livros de autores proibidos, mas também havia o Índex Expurgatório, onde passagens de muitos outros livros deviam ser cortadas. Entre elas estavam as obras de Amato Lusitano, Sete Centúrias de Curas Medicinais e Matéria Médica de Dioscórides; de Gonçalo Cabreira, Tesouro de Pobres; outra de Andrés Laguna, Pedacio Dioscorides; e a quinta de Oliva Sabuco, Nueva Filosofia de La Naturaleza del Hombre. "Nas bibliotecas, quando estas obras foram publicadas e lidas cá nos séculos XVI e XVII, foram todas controladas. Quem lia sabia que estava a entrar em terreno minado", diz o investigador, considerando que um dos efeitos era um clima de medo psicológico na sociedade.

O impacto que a expurgação teve na cultura científica portuguesa é difícil de avaliar. É preciso ver livro a livro. A obra Sete Centúrias de Curas Medicinais, onde o famoso médico português relatou casos de medicina, é o exemplo de um livro bastante censurado.

Amato Lusitano era judeu, estudou em Espanha e teve de fugir da Península Ibérica para manter a sua fé. Nas Centúrias, as datas hebraicas foram cortadas. Há casos médicos sobre sexualidade descritos por Amato Lusitano que são censurados só por estarem associados à Igreja, explica Hervé Baudry. Um exemplo de uma passagem totalmente expurgada listada no Índex dizia respeito a uma freira grávida. "Uma freira, daquelas que vivem em religião longe da multidão, sentia-se mal, dizendo que alguma coisa se mexia na barriga dela. (...) Na realidade, esta mulher engravidara de sémen viril depois de ter ficado no banho", lê-se no original.

Noutro caso, que Hervé Baudry diz não estar nas listas oficias de expurgação, é censurado o comentário de Lusitano sobre a gravidez entre duas mulheres. Mas a narrativa do caso em si não está riscada: "Duas mulheres turcas vizinhas, em virtude de muitos actos de coito, íncubos e súcubos, contaminavam-se e poluíam-se. Uma era viúva e a outra tinha marido. (...) Neste trabalho do coito e abraços, o útero da viúva súcuba sorveu (...) não só o sémen da mulher íncuba, mais ainda algum sémen viril deixado antes no útero dela. Em virtude deste sémen ficou prenhe."

Os efeitos directos na discussão científica da época deste tipo de censura não são certos. Os livros que Hervé Baudry estudou só diziam respeito a casos médicos, mas o historiador argumenta que é impossível a censura não alterar a sociedade, principalmente ao durar séculos, mas é necessário estudar as obras de outras disciplinas, como a Física, a História Natural ou o Direito, para ter uma visão global.

Há, por outro lado, textos que não foram tocados. É o caso da obra emblemática De revolutionibus orbium coelestium, de Nicolau Copérnico, onde o astrónomo polaco expõe, em 1543, a teoria heliocêntrica (na época, a Igreja defendia que era o Sol que girava à volta da Terra).

Os exemplares desta obra em Portugal e na Europa, diz o historiador de ciência Henrique Leitão, não apresentam actos de censura. "As obras que eram muito pouco consultadas, por serem muito técnicas e só estarem acessíveis aos especialistas, muitas vezes não apresentam as expurgações exigidas", infere o investigador, do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT) de Lisboa e um dos organizadores do workshop.

O inventário dos inventários

Sabe-se muito pouco sobre a cultura científica portuguesa dos últimos 500 anos, por que é que a sua produção foi escassa e sem nomes proeminentes, com excepções como a do matemático Pedro Nunes. A análise do lugar do livro científico permitirá compreender essa situação. "O livro tem um papel absolutamente central no estabelecimento da cultura científica. Não só acumula como transmite informação. Serve como ponto de junção de pessoas, catalisa fenómenos sociais", explica Henrique Leitão.

Na conferência, o investigador falou do livro científico em Portugal, partindo de um "paradoxo": a obsessão historiográfica em tentar compreender as causas do falhanço de Portugal em alcançar a modernidade, ao mesmo tempo que neste esforço a história da ciência é ignorada, uma falha que o investigador tenta colmatar. "Não há nenhuma noção de modernidade que não passe pela ciência. Acho estranho que os historiadores andem em torno da questão da modernidade e depois não liguem à ciência. ?? um paradoxo da historiografia portuguesa."

Henrique Leitão e Luana Giurgevich, investigadora italiana também do CIUHCT, estão a finalizar a primeira etapa do levantamento de todos os livros nas bibliotecas portuguesas desde o século XVI até 1834, quando foram extintas as ordens religiosas masculinas. Estas bibliotecas, cujos catálogos foram um instrumento-chave de pesquisa, pertenciam principalmente a mosteiros e conventos. Nalgumas, os catálogos foram feitos por vontade própria, a maioria foi uma exigência do Marquês de Pombal. Quase todos os livros estão perdidos, mas saber o que existia em cada sítio pode ajudar a revelar os círculos da cultura científica portuguesa e pode ajudar a perceber por que é que a modernização falhou.

"Nas colecções da Biblioteca Nacional, reparámos que os exemplares tinham marcas de posse de antigos conventos", diz-nos Luana Giurgevich. Foi assim que nasceu esta ideia de fazer "um inventário dos inventários" destas colecções, até agora inexistente, para "saber os hábitos de leitura" e ver "que tipo de ciência está associada a que tipo de ordem".

Ainda preliminares, os resultados (que serão publicados pela Biblioteca Nacional) indicam que haveria, nas 200 bibliotecas alvo da pesquisa, centenas de milhares de livros entre os séculos XVI e XVIII. A biblioteca do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, com cerca de 16.000 volumes, era das mais recheadas.

Os livros científicos podiam chegar entre 8 a 10% de algumas colecções. Noutras eram praticamente ausentes. Mas este trabalho mostrou que a maioria dos livros de ciência do século XVI existia em Portugal. O seu uso é desconhecido.

"Temos de fazer a radiografia dos grandes coleccionadores de livros científicos", diz por sua vez Henrique Leitão, recém-eleito membro efectivo da Academia Internacional de História das Ciências. "Até agora, o trabalho [na história de ciência] foi a análise de texto. Mas é muito interessante estudar as práticas de leitura. Quem eram os coleccionadores de livros? Quem os lia? Como é que os arranjava? Tem de se passar dos textos para as instituições e para prática a nível social."

Naquela altura, surgiram grandes pensadores, gente que revolucionou a ciência como Isaac Newton. Ao contrário de Portugal, é conhecida a cultura científica da Real Sociedade de Londres na altura, quando Newton publicou o seu Principia em 1687, onde enunciou as três leis da mecânica clássica.

"Na Real Sociedade de Londres, um grupo de cavalheiros reunia-se para fazer experiências", conta ao PÚBLICO outro orador no workshop, o britânico Adrian Johns, da Universidade de Chicago, nos EUA. "Era a primeira vez que um grupo de pessoas se intitulava filósofas experimentais e utilizava consistentemente a filosofia para chegar a uma prática experimental", diz o historiador de ciência.

Esses cavalheiros alimentavam as suas experiências científicas com leituras e discussão constantes. Em reuniões debatiam as leituras, os resultados das experiências e propunham novos procedimentos experimentais. "Estes protocolos de leitura não eram naturais, tinham de ser aprendidos e deram origem a uma investigação científica contínua", diz o britânico. Do pouco que se conhece, o cenário seria muito diferente por cá. "Não vemos verdadeiras discussões científicas", diz Henrique Leitão. "Rapidamente se tornavam em picardias pessoais e o conteúdo científico perdia-se."

Para o historiador português, este problema passa pela "fragilidade das instituições científicas", em que uma educação de má qualidade tem um efeito "devastador" na ciência e na modernidade: "Há um conjunto complexo de questões que tem de ser estudado aos poucos. Vamos tentar perceber este problema secular. Não pode ser uma razão conjectural, vemo-lo hoje, as performances das universidades portuguesas são uma vergonha, excepto honrosas excepções."

Ligações relacionadas:Palácio de Mafra tem a maior coleção de livros proibidos pela InquisiçãoA Inquisição portuguesa, na WikipédiaBreve história da Inquisição em Portugal (Ensina RTP)Fim da Inquisição em Portugal (Ensina RTP)

Os livros científicos dos séculos XVI e XVII, ou como a Inquisição "limpou" as bibliotecas

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Causas das mortes dos reis portugueses

Causas das mortes dos REIS de Portugal

"Entre os 34 réis que ocuparam o trono português, um somente atingiu e excedeu os 80 anos de idade: a rainha reinante, D. Maria Ie só outros três atingiram e excederam os 70 anos: D. Afonso I, D. João I e Filipe II de Espanha (...)”.


1ª Dinastia:
- D. Afonso Henriques, senilidade, morre com 76 anos, encontra-se sepultado na Igreja de St.ª Cruz de Coimbra;
- D. Sancho I, lepra (?), morre com 57 anos, encontra-se sepultado na Igreja de St.ª Cruz de Coimbra;
- D. Afonso II, lepra, morre com 38 anos, encontra-se sepultado no Mosteiro de Alcobaça;
- D. Sancho II, lepra (?), morre com 45 anos, encontra-se sepultado na Catedral de Toledo;
- D. Afonso III, reumatismo, morre com 69 anos, encontra-se sepultado no Mosteiro de Alcobaça;
- D. Dinis, (?), morre com 64 anos, encontra-se sepultado no Mosteiro de Odivelas;
- D. Afonso IV, (?), morre com 67 anos, encontra-se sepultado na Sé de Lisboa;
- D. Pedro I, epilepsia, morre com 47 anos, encontra-se sepultado no Mosteiro de Alcobaça;
- D. Fernando, tuberculose, morre com 38 anos, encontra-se sepultado na Igreja de S. Francisco de Santarém.
(média dinástica de vida 56 anos).


2ª Dinastia:
- D. João I, senilidade,morre com 76 anos, encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha;
- D. Duarte, peste, morre com 47 anos, encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha;
- D. Afonso V, psiconeurose, morre com 49 anos, encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha;
- D. João II, nefrite, morre com 40 anos, encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha;
- D. Manuel I, peste, morre com 52 anos, encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos;
- D. João III, trombose cerebral, morre com 55 anos,encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos;
- D. Sebastião, morte violenta, morre com 24 anos,encontra-se (?) sepultado no Mosteiro dos Jerónimos;
- D. Henrique, tuberculose, morre com 68 anos, encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.
(média dinástica de vida 51 anos).

3ª Dinastia:
Reis castelhanos
- Filipe II, gota, morre com 71 anos, encontra-se sepultado no Panteão do Escorial;
- Filipe III, erisipela, morre com 43 anos, encontra-se sepultado no Panteão do Escorial;
- Filipe IV, neurastenia, morre com 60 anos, encontra-se sepultado no Panteão do Escorial.
(média dinástica de vida 58 anos).

4ª Dinastia:
- D. João IV, litíase vesical, morre com 52 anos,encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora;
- D. Afonso VI, tuberculose, morre com 40 anos, encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora;
- D. Pedro II, Tuberculose? Sifilis? *, morre com 58 anos,encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora;
- D. João V, epilepsia, morre com 61 anos, encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora;
- D. José, trombose cerebral, morre com 63 anos,encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora;
- D. Maria I,psicopatia, morre com 82 anos, encontra-se sepultada na Basílica da Estrela;
- D. João VI, envenenado, de acordo com recentes investigações (ano de 2000 realizadas por especialistas às vísceras dorei*), morre com 59 anos, encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora;
- D.Pedro IV, tuberculose, morre com 36 anos, encontra-se sepultado na Catedral de Petropólis;
- D. Miguel, edema pulmonar? enfarte do miocárdio?*, morre com 64 anos, encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicentede Fora;
- D. Maria II, parto distócico, morre com 34 anos,encontra-se sepultada no Panteão de S. Vicente de Fora;
- D. Pedro V, febre tifóide, morre com 24 anos, encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora;
- D. Luís, neurosífilis*, morre com 51 anos, encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora;
- D. Carlos, morte violenta, morre com 45 anos, encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora;
- D. Manuel II, edema da laringe, morre com 43 anos; encontra-se sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora.
(média dinástica de vida 51 anos).

(ref. “Causas de Morte dos Reis Portugueses”, J. T. Montalvão Machado)
* In “A Doença e a Morte dos Reis e Rainhas da Dinastia de Bragança” - José Barata.

COISAS INVENTADAS PELAS MULHERES QUE MUDARAM O MUNDO


Coisas inventadas pelas mulheres e que mudaram o mundo

Estamos acostumados com todos os objetos e invenções que tornam o nosso cotidiano mais prático e simples. Mas, você já imaginou quem foi o responsável pela criação de todas elas?

Entre cientistas e inventores, as mulheres sempre tiveram seu lugar na trajetória da humanidade, porém muitos não sabem que várias coisas surgiram graças a inteligência e engenhosidade feminina.

Da cerveja ao Monopoly, elas fizeram história e mudaram o mundo!


1 – Aquecedor de carro

Para esquentar os dedos dos pés frios dos motoristas do século 19, Margaret A. Wilcox inventou um sistema que conduzia o ar de cima da máquina para aquecer os pés, em 1893.

2 – O jogo Monopoly

Esse famoso jogo de tabuleiro que atravessou gerações foi inventado por Elizabeth Magie, em 1904, e batizado de “O Jogo dos Proprietários”. O jogo de Magie foi uma crítica às injustiças do capitalismo sem controle e, de forma irônica, seu jogo se tornou um sucesso quando Charles Darrow roubou sua idéia e vendeu á Parker Brothers, 30 anos depois. Depois de algum tempo a empresa finalmente rastreou Magie e pagou US$ 500 a ela pela injustiça cometida.

3 – A Escada de Emergência

Quando há um incêndio, você tem para onde correr graças a Anna Connelly, que inventou as escadas em 1887.

4 – O Bote Salva-vidas

Em 1882, Maria Beasely encontrou um jeito de evitar a morte de pessoas em desastres marítimos, e assim criou o bote salva-vidas. Basely também inventou a máquina para fazer barris, o que a tornou rica.

5 – Os Painéis Solares

A ideia de converter a energia da luz do Sol em energia elétrica surgiu entre a parceria da física Dra. Maria Telkes e a arquiteta Eleanor Raymond. Elas construíram a primeira casa totalmente aquecida por energia solar em 1947.

6 – A Seringa

Ok, sabemos que essa criação não é a favorita de todas as pessoas, mas foi um grande avanço na medicina. Em 1899, Letitia Geer inventou uma seringa médica que podia ser operada com apenas uma das mãos, para a alegria geral – ou não.

7 – O Refrigerador Eléctrico

Florence Parpart, em 1914, foi a responsável pela criação dos refrigeradores que conhecemos hoje. Imagine o que seria de nossos alimentos sem essa mulher!

8 – A Máquina de Fazer Sorvete

Nancy Johnson inventou a máquina de fazer sorvetes em 1843, patenteando um design que ainda é usado nos dias atuais, mesmo após o invento das máquinas de sorvete elétricas. Que invenção preciosa, ein?!

9 – O Algoritmo de computador

Ada Byron King, a condessa de Lovelace, foi uma das poucas mulheres a figurar na história do processamento de dados. Ela estudou matemática e ajudou o colega Charles Baggage no desenvolvimento da primeira máquina de cálculo, além de ser responsável pelo algoritmo que poderia ser usado para calcular funções matemáticas. Entre 1842 e 1843, ela criou notas sobre a máquina analítica de Babbage, que foram republicadas mais de cem anos depois. A máquina foi reconhecida como primeiro modelo de computador e as anotações da condessa como o primeiro algoritmo especificamente criado para ser implementado em um computador.

10 – A Tecnologia das telecomunicações

A física teórica Dra Shirley Jackson foi a primeira mulher negra a receber um Ph.D. do MIT, em 1973. Enquanto trabalhava na Bell Laboratories, ela realizou uma pesquisa científica que permitiu a outros inventar o fax portátil, o telefone de toque, cabos de fibra óptica, e a tecnologia por trás do identificador de chamadas e chamada em espera.

11 – A Máquina de Lavar Louça

Josephine Cochrane criou a máquina de lavar louça mecânica em 1886 e foi a base para os outros modelos que seguiram.


12 – O transmissor Wireless (sem fio)

Hedy Lamarr, inventou um sistema de comunicações secretas, durante a Segunda Guerra Mundial, para torpedos controlados por rádio, empregando “salto de frequência”. A tecnológia de Hedy Lamarr foi base para outras tecnologias, desde Wi-Fi à GPS. Ela também passou a ser uma estrela de cinema mundialmente famosa.

13 – O Circuito Fechado de Televisão “CCTV”

Visando ajudar as pessoas a garantir a sua própria segurança, Marie Van Brittan Brown patenteou, em 1969, o circuito fechado de televisão, pois a polícia era lenta ao responder os pedidos de ajuda em Nova Iorque. Sua invenção é a base para sistemas de CCTV modernos, usados para segurança em casa e no trabalho da polícia actualmente.

14 – Coletes Balísticos e a fibra Kevlar

A química Stephanie Kwolek inventou a fibra Kevlar, que por ser extremamente resistente, é usada para produzir coletes à prova de balas. A invenção de Kwolek é cinco vezes mais forte que o aço, e também tem cerca de 200 outros usos.

15 – O software de computador

Dra. Grace Murray Hopper, uma almirante da Marinha dos EUA, foi também uma cientista da computação que inventou o COBOL, o primeiro programa de computador de negócios amigável “user-friendly”. Ela também foi a primeira pessoa a usar a expressão “bug” para descrever uma falha em um sistema de computador.

16 – A Cerveja

Aos que dizem que cerveja não é coisa de mulher, saibam que vocês estão bem enganados. A historiadora de cervejas, Jane Peyton, afirma que as antigas mulheres da Mesopotâmia foram as primeiras a desenvolver, vender e até mesmo beber cerveja. Embora possa ser difícil de definir exatamente quem, há milhares de anos, “inventou” a cerveja que conhecemos e amamos hoje, é seguro dizer que as mulheres antigas em todo o mundo estavam com certeza fermentando alguma coisa. Então, da próxima vez que você levantar um copo, faça um brinde a Ninkasi, a deusa suméria e a cerveja!


Rico é quem tem tempo - Um texto para meditar

“A triste geração que virou escrava” – Mia Couto




“E a juventude vai escoando entre os dedos.
Era uma vez uma geração que se achava muito livre.Tinha pena dos avós, que casaram cedo e nunca viajaram para a Europa.Tinha pena dos pais, que tiveram que camelar em empreguinhos ingratos e suar muitas camisas para pagar o aluguer, a escola e as viagens em família para pousadas no interior.

Tinha pena de todos os que não falavam inglês fluentemente.Era uma vez uma geração que crescia quase bilíngue. Depois vinham noções de francês, italiano, espanhol, alemão, mandarim.Frequentou as melhores escolas.Entrou nas melhores faculdades.Passou no processo selectivo dos melhores estágios.Foram efectivados. Ficaram orgulhosos, com razão.E veio pós, especialização, mestrado, MBA. Os diplomas foram subindo pelas paredes.

Era uma vez uma geração que aos 20 ganhava o que não precisava. Aos 25 ganhava o que os pais ganharam aos 45. Aos 30 ganhava o que os pais ganharam durante a vida toda. Aos 35 ganhava o que os pais nunca sonharam ganhar.Ninguém os podia deter. A experiência crescia diariamente, a carreira era meteórica, a conta bancária estava cada dia mais bonita.O problema era que o auge estava cada vez mais longe. A meta estava cada vez mais distante. Algo como o burro que persegue a cenoura ou o cão que corre atrás do próprio rabo.O problema era uma nebulosa na qual já não se podia distinguir o que era meta, o que era sonho, o que era gana, o que era ambição, o que era ganância, o que era necessário e o que era vício.

O dinheiro que estava na conta dava para muitas viagens. Dava para visitar aquele amigo querido que estava em Barcelona. Dava para realizar o sonho de conhecer a Tailândia. Dava para voar bem alto.Mas, sabe como é? Prioridades. Acabavam sempre ficando ao invés de sempre ir.Essa geração tentava convencer-se de que podia comprar saúde em caixinhas. Chegava a acreditar que uma hora de corrida podia mesmo compensar todo o dano que fazia diariamente ao próprio corpo.Aos 20: ibuprofeno. Aos 25: omeprazol. Aos 30: rivotril. Aos 35: stent.Uma estranha geração que tomava café para ficar acordada e comprimidos para dormir.Oscilavam entre o sim e o não. Você dá conta? Sim. Cumpre o prazo? Sim. Chega mais cedo? Sim. Sai mais tarde? Sim. Quer destacar-se na equipa? Sim.

Mas para a vida, costumava ser não:Aos 20 eles não conseguiram estudar para as provas da faculdade porque o estágio demandava muito.Aos 25 eles não foram morar fora porque havia uma perspectiva muito boa de promoção na empresa.Aos 30 eles não foram ao aniversário de um velho amigo porque ficaram até às 2 da manhã no escritório.Aos 35 eles não viram o filho andar pela primeira vez. Quando chegavam, ele já tinha dormido, quando saíam ele não tinha acordado.Às vezes, choravam no carro e, descuidadamente começavam a perguntar-se se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.Por um instante, chegavam a pensar que talvez uma casinha pequena, um carro popular dividido entre o casal e férias num hotel fazenda pudessem fazer algum sentido.Mas não dava mais tempo. Já eram escravos do câmbio automático, do vinho francês, dos resorts, das imagens, das expectativas da empresa, dos olhares curiosos dos “amigos”.Era uma vez uma geração que se achava muito livre. Afinal tinha conhecimento, tinha poder, tinha os melhores cargos, tinha dinheiro.Só não tinha controle do próprio tempo.

Só não via que os dias estavam passando.Só não percebia que a juventude se estava escoando entre os dedos e que os bónus do final do ano não comprariam os anos de volta.”

Texto de Mia Couto

Europa

Um vídeo, muito bem feito que dá que pensar...

Fazer esta Europa custou muitas guerras, muito trabalho, muitas vidas sérias.
Temos de conseguir merecer isto e permitir que perdure para a nossa
descendência!


Ni Lampedusa, ni Bruxelles, être Européen ! - YouTube

www.youtube.com

sábado, 3 de junho de 2017

Virar o "bico ao prego".


O FIM DO IMPÉRIO DA REMUNERAÇÃO ACCIONISTA?

Especialista Holandês dá machadada no modelo de governance empresarial que levou à actual crise.


Chama-se Jan Hoogervorst e não se trata de um perigoso esquerdista mas sim de um especialista holandês em governance empresarial. Licenciou-se em Engenharia electrónica na Universidade de Delft e doutorou-se em Psicologia Organizacional de Trabalho na Vrije Universiteit, em Amesterdão. Foi administrador da KLM e em empresas de Aeronáutica Holandesas e Alemãs. Actualmente é consultor de gestão e esteve em Portugal recentemente, a convite da Oracle.

Em artigo publicado pelo Expresso (assinado por João Ramos), que reproduzo na íntegra, arrasa por completo o actual modelo de governação corporativa que coloca o centro de gravidade das grandes empresas na remuneração do capital (accionistas9, relegando para segundo plano o factor trabalho e a satisfação dos clientes.
Para este especialista, a actual crise é mesmo resultado de muitas empresas terem esquecido a qualidade dos produtos e o interesse dos clientes, e dos trabalhadores.


Jan Hoogervorst defende o fim do império da remuneração accionista
“A corrente de gestão anglo-saxónica, em que a remuneração accionista está no topo das prioridades, é uma das causas da actual crise económica. Quem o defende é Jan Hoogervorst, especialista na área de governação corporativa e reengenharia de processos que recentemente esteve em Portugal para participar num evento da Oracle. Para este especialista holandês, que lançou o livro “Enterprise Governance and Enterprise Engineering” (Governação corporativa e engenharia corporativa), é fundamental a criação de um novo estilo de gestão que também tenha em conta os interesses dos clientes e dos trabalhadores da empresa.
“Em muitas empresas, esqueceu-se a qualidade dos produtos e o interesse dos clientes para dar a atenção apenas àrealização de dinheiro ( bottom line)”, afirma Jan Hoogervorst . “Lembro-me de uma declaração de um executivo de um fabricante de automóveis: ‘Não existimos para construir carros, mas sim para fazer dinheiro’.
"É uma atitude e uma mentalidade terrível que estão na origem da actual crise”, critica o especialista holandês, referindo que esses valores de satisfazer cegamente os accionistas já tinham estado na origem das megafraudes ocorridas há poucos anos nos EUA (Worldcom e Enron).
"Estou contra a governação corporativa de cima para baixo, mecanicista, baseada apenas em rácios de rentabilidade, controlo de objectivos, etc.", acrescenta. Jan Hoogervorst acredita que, quando esta crise acabar, irá prevalecer uma visão de longo prazo, mais focada nos outros actores interessados (clientes e trabalhadores) e não apenas nos accionistas.
"Na Holanda e noutros países já existem sinais de que se está a retroceder nesta lógica e que se deve voltar às funções básicas de uma empresa: vender produtos de qualidade para um consumidor". Ou seja, colocar em primeiro lugar o cliente e não as metas financeiras e emocionais do valor accionista. "O problema é que as pessoas muitas vezes não apreendem a lição, é muito difícil mudar hábitos e ter uma postura mais ética", admite o autor.
Para que haja uma governação correcta na empresa, Jan Hoogervorst sustenta que "as empresas devem ser 'desenhadas' de forma orgânica e integradas, de forma a tirarem partido da criatividade e das capacidades intelectuais dos trabalhadores".
Uma disciplina a que o autor holandês chama de "engenharia corporativa" e que é o oposto ao estilo de gestão "de cima para baixo" e focada num planeamento e num pensamento racional. "0 tipo de organização que defendemos não nasce espontaneamente. Para evitar o falhanço da estratégia, a organização deve ser desenhada para o efeito e não estar focada no comando e controlo", conclui o especialista holandês.”

sexta-feira, 2 de junho de 2017

FRATERNIZAR – Nenhum papa declare e defina o que Deus não declara nem define! – Que crianças hoje querem ser Francisco e Jacinta?! – por MÁRIO DE OLIVEIRA

Santo eu não quero ser / Só Humano / Um Deus que gosta de santos / é um tirano
Os dois desgraçados irmãos Francisco e Jacinta, aterrorizados e torturados em 1917 pelas pregações da obscena “Santa Missão”, decalcadas no terrorismo do livro Missão Abreviada, e apanhados pelos clérigos de Ourém, com destaque para o Cónego Formigão, também ele hoje já a caminho dos altares, e para o Pe. Lacerda, sobre cuja suposta cópia assenta toda a Documentação Crítica de Fátima (!!!), acabam de entrar, cem anos depois, no Catálogo dos Santos, pela mão do papa Francisco, ele próprio Sua Santidade. Quando aceitou ser papa, o argentino Jorge Mário desistiu de vez de ser filho de mulher, para ser definitivamente filho do Poder monárquico absoluto e infalível. Como jesuíta, já tinha voto de obediência ao Poder monárquico absoluto e infalível do papa, que fazia dele um dos abnegados difusores do seu sistema de doutrina, o cristianismo imperial, que almeja alojar-se como um demónio nas mentes-consciências dos seres humanos e dos povos de todas as nações. Como papa, veste de dominicano, o Grande Inquisidor, e faz-se chamar Francisco, o filho do dono de Assis no século XIII, que, depois, quis ser pobre, mas esbarrou com o fausto da corte papal de Inocêncio III e, sem querer, acabou fundador e patrono de mais uma das muitas multinacionais cristãs católicas romanas, a (des)conhecida Ordem dos Franciscanos.Cem anos depois do teatrinho das aparições, levado à cena num dos campos dos pais de Lúcia, onde se destacava uma carrasqueira, o papa Francisco deixou a sua Roma imperial e veio de avião e de helicóptero à sede da sua principal multinacional do turismo religioso em Fátima, onde a toda a hora se lava dinheiro sujo e se fomentam negócios, os mais execráveis. Apresentou-se protegido por terra, mar e ar, não pelos anjos e arcanjos do Deus dos Exércitos da Bíblia judeo-cristã, mas pelas forças de segurança do Estado português que teve de gastar muitos milhões e de perturbar o quotidiano da esmagadora maioria dos seus cidadãos, elas e eles, que, felizmente, não embarcam neste embuste alimentado por clérigos celibatários que sentem uma doentia atração pelas criancinhas e pelas imagens de nossas senhoras que de algum modo substituem a presença feminina nos seus viveres cheios de frustração e solidão, de ritos, rituais e rotinas, nenhuma criatividade, nenhuma ternura, nenhuma fecundidade, nenhuma autenticidade. Só porque é o Poder monárquico absoluto e infalível, o papa teve a recebê-lo e a acompanhá-lo a tempo integral o seu vassalo presidente da República Portuguesa e até o primeiro-ministro, mai-los bispos residenciais das dioceses do país, estes, manifestamente contrariados. A saudável laicidade cedeu, por estes dias, o seu lugar a um tipo de crença rasca, sedenta de milagres do céu, uma vez que dos poderosos da terra só recebe, quando calha, migalhas da caridadezinha com que eles enriquecem ainda mais.Inesperadamente, crianças e adolescentes do país e de outras partes do mundo, nascidos já neste início do terceiro milénio, viram-se-se transportados para o tenebroso ano de 1917, de má memória, e para as mecânicas rezas de terços, cantos rascas, clérigos cobertos com vestidos brancos até aos pés, num cenário que lhes é completamente estranho, por estarem hoje a crescer em ambientes e contextos totalmente outros, saudavelmente laicos e profanos, onde tudo é simultaneamente virtual e real, movimento quase à velocidade da luz. Do papa vestido de mulher, rosto teatralmente bonacheirão e o foco de todos os holofotes, como se só ele existisse, escutaram um falar beato, cujos conteúdos não entendem. Levados pela mão dos seus pais, sobretudo, das suas mães e pelas catequeses das paróquias que ainda são criminosamente obrigados a frequentar até à idade de atirarem com tudo borda fora, viram-se completamente perdidos, sem referências, numa camisa de sete varas, sem poderem ser eles próprios, correr e saltar, apenas aguentar e esperar que toda aquela tortura religiosa e beata acabasse. Foram, certamente, as horas mais infelizes das suas vidas, cercados por multidões anónimas, onde de repente se viram sem nome, sem rosto, sem voz, sem liberdade, sem árvores, sem terra, sem rios, sem mar, só velas a arder, imagens de nossas senhoras, cruzes, terços, centenas de clérigos que renunciaram a ser homens entre os demais e com eles. Uma tortura que dificilmente esquecerão e que irá contribuir e muito para, amanhã, serem assumidamente ateus, de costas voltadas para os templos, olhos postos em cada hoje carregado de movimento e de cor, onde têm de tornar-se precocemente adultos, se quiserem ser e viver por si próprios, como se Deus não existisse.Entre estas crianças e adolescentes, uma se destacou. Veio do Brasil com os pais, viagens e estadia tudo pago pelo Santuário S.A. e com discursos estudados para ajudarem a testar que houve um milagre conseguido através dos dois desgraçados irmãos Francisco e Jacinta a quem, em seu tempo histórico, ninguém valeu, nem os clérigos, nem a senhora da carrasqueira, quando a pneumónica chegou e os encontrou debilitados e desidratados pela reiterada recusa da comida e da bebida de água, na falsa convicção de que, desse modo, o Deus sádico e cruel dos clérigos e do seu cristianismo, perdoaria aos pecadores e não os condenaria ao inferno. E toda esta encenação de horrores veio a culminar com a chamada canonização dos dois desgraçados irmãos, presidida pelo papa Francisco, num recuo de séculos até aos tenebrosos tempos da Idade Média, quando, hoje, somos Século XXI, definitivamente, o novo tempo da Ciência, não mais do Obscurantismo, do Milagrismo e do Moralismo .Sim”! Que crianças hoje querem ser Francisco e Jacinta?Esqueceu-se Francisco de Roma, na cegueira do seu poder monárquico absoluto e infalível, que nenhum papa pode alguma vez declarar e definir como santos, o que Deus, o de Jesus, não declara nem define. Simplesmente, porque não gosta de santos, só de seres humanos a crescer de dentro para fora em sabedoria, ciência e graça-entrega recíproca uns aos outros, sempre com Deus, sempre sem Deus. Tudo o que faz e define o papa é o que faz e define o Poder compulsivamente mentiroso, ladrão e assassino, por isso, o inimigo n.º 1 dos seres humanos e dos povos. Deste modo, todo o mal que os clérigos há cem anos fizeram a estes dois irmãos e à prima deles que sobreviveu à pneumónica e acabou enclausurada a vida toda, acaba de alcançar agora, com esta rasca encenação maiúscula da papa Francisco, o nível máximo da degradação humana. O que perfaz, objectivamente, à luz da Fé e da Teologia de Jesus e da Ciência, mais um pecado sem perdão. Daí, e como bem sublinha a estrofe de um Canto-Poema meu, “Santo eu não quero ser / Só Humano / Um Deus que gosta de santos / É um tirano”.Quem for capaz de entender, que entenda!


Comentário

José Hilário30 de Maio de 2017 às 1:03Responder

Pois é Mário Oliveira, o que está a dar é o negócio dos “santinhos” – é ver o milhão de gente, entre crentes, crédulos, curiosos e incrédulos que se juntaram em Fátima só para poderem dizer que estiveram presentes na canonização das crianças. Foi só faturar! Mas desta vez a coisa dos milagres parece que não esteve muito fácil de desembrulhar. Ainda tentaram lançar o anzol lá prás bandas de Mirandela, com a família do bébé de 18 meses que caíu de um terceiro andar e que, apesar de ter ficado em estado muito grave, conseguiu salvar-se. Acontece que a família da criança preferiu acreditar na competência dos profissionais de saúde…veja lá Mário como isto pôde ser! Já nem no fim do mundo do Nordeste Transmontano se pode confiar nas pessoas! Bem queriam que a mãe da criança tivesse rezado aos pastorinhos, mas ela, teimosa, que não rezou e não rezou! Pronto,, lá tiveram eles que se enfiar num avião e ir procurar gente que não tem esquisitices de rezas aos pastorinhos, num cantinho desconhecido do Brasil. E lá vieram eles, todos ufanos, conhecer a Europa à pala do santuário e dos patetas que o alimentam. Deram uma estranha conferência de imprensa, com discurso escrito, vai-se lá saber por quem, e sem direito a perguntas dos jornalistas, que assim é que é numa sociedade que se quer transparente e democrática! Mas festança do centenário houve mais coisas interessantes…por exemplo, a mim que não acredito naquela treta, deixou-me a pensar o facto do Papa Francisco não se ter ajoelhado diante da imagem da senhora de Fátima – não é por nada, mas os outros Papas que cá vieram ajoelharam. Até o João Paulo II quando cá veio a última vez, já muito velhinho e muito debilitado, ajoelhou. A mim tanto me faz que ajoelhe ou não, mas que ficar em pé dá algum descrédito à coisa, que dá, dá. Só para terminar, o melhor, melhor daquilo tudo foram as comesainas dos peregrinos que foram estando com um olho no Papa e o outro no futebol e ainda comeram um festival da canção de sobremesa!