quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

ANO NOVO, VIDA VELHA




Paulo Morais - CORREIO DA MANHÃ de 31 de Dezembro de 2013)
"2013 foi ano de sacrifícios.

2014 será ainda pior.

As famílias sofrem, as empresas fecham, o tecido social deslaça. E tanto sofrimento... para nada.

Esta austeridade não resolve os problemas do País. Apenas serve para manter um sistema político injusto e os negócios que dele se alimentam.

O flagelo do desemprego atingiu todas as famílias, há um milhão e quatrocentos mil portugueses em situação de desemprego ou subemprego. Mesmo os que mantêm o seu posto de trabalho têm rendimentos inferiores aos de há cinco anos. E as despesas, essas, não param de subir.

Os filhos já nem saem de casa dos pais porque não têm rendimentos próprios. Abandonam as faculdades, sem dinheiro para propinas. Os irmãos mais velhos têm de regressar porque não conseguiram pagar o empréstimo e viram a casa hipotecada.

A solidariedade familiar reforça-se, mas o dinheiro não estica.

Muitos idosos, a quem reduziram o valor das pensões, têm de abandonar os lares, pois já não conseguem pagar as mensalidades a que se haviam comprometido, em função da previsibilidade de um dado rendimento.

Com a electricidade a preços proibitivos, tirita-se de frio no Inverno em casas desconfortáveis.

Os automóveis estão encostados; a gasolina não pára de subir, o custo das portagens é proibitivo.

Fustigadas com aumento de impostos e taxas, penalizadas com redução de salários e pensões, as famílias portuguesas estão num stress financeiro insuportável.

E afinal todos estes sacrifícios são em vão.

Os recursos sugados aos cidadãos destinam-se a pagar esquemas de corrupção, do BPN aos submarinos, dos 'swaps' às privatizações sem controlo.

São também canalizados para as rentabilidades obscenas garantidas aos concessionários das parcerias público-privadas, a remunerar dívida pública contraída a juros agiotas ou ainda a outros negócios ruinosos do Estado.

Os orçamentos familiares pagam ainda apoios artificiais às empresas de energia, através das facturas de electricidade, onde apenas cerca de metade é custo do consumo efectivo.

Enquanto não houver uma profunda alteração de políticas, ALGUNS CONTINUARÃO A BANQUETEAR-SE NA MANJEDOURA DO ORÇAMENTO DE ESTADO, ENQUANTO A MAIORIA DOS CIDADÃOS CONTINUARÁ APENAS A TENTAR SOBREVIVER."

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